“Partido vai eleger de 30 a 35 federais em 2014”, afirma Lupi

Ao fazer um balanço geral da situação do PDT após o fim das mudanças de siglas, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, reunido com os integrantes do Diretório Regional do Rio de Janeiro, afirmou que apesar das adversidades e da perda de deputados federais, o momento exige de cada pedetista “dedicação ao trabalho de organização e fé no futuro, porque o Trabalhismo, até historicamente, sempre se mostrou forte nas adversidades”. Lupi citou como exemplo a morte de Brizola, quando o PDT chegou a ficar com apenas oito federais.

O presidente do PDT classificou de “clientelismo barato” a movimentação de alguns deputados em busca de vantagens eleitorais acima de tudo, tendo em vista o pleito de 2014. Explicou: “Tivemos um fato inédito na política eleitoral brasileira que foi a criação de dois partidos, duas semanas antes de findar o prazo para mudanças de siglas, sendo que um deles foi organizado a partir de quadros do PDT, como foi o caso do Solidariedade”.

Lupi explicou:

— O que fez Paulinho da Força. Ele pegou seis deputados federais em seis estados diferentes, ofereceu a presidência do novo partido a eles, além de cotas de ajuda do fundo partidário da nova legenda, mostrando um pouco da vulgaridade desta política brasileira comercializada principalmente em função do tempo de tevê e de dinheiro para negociar com os candidatos a governador o que fosse mais vantajoso.

Por conta desta transação explícita, acrescentou, o PDT entrou na Justiça e um procurador da República acatou a argumentação do PDT, encaminhando parecer para que fosse tudo suspenso, e a polícia apurasse o que estava acontecendo. Até porque, no caso das assinaturas de fundação do Solidariedade, até morto apareceu filiado à nova sigla. “Só em Brasília foram mais de duas mil filiações falsificadas”. Lupi relatou que o Partido recorreu ao TSE, mas Gilmar Mendes negou o recurso do PDT, mas de qualquer forma o pleno do Tribunal ainda vai julgar o caso, e afirmou que “é provável que eles rejeitem e, então, nós vamos ao Supremo”.

Acrescentou que existem 16 processos na Polícia Federal apurando falsificações de assinaturas, inclusive de dois chefes de cartório e até a assinatura da esposa do senador Cristovam Buarque, funcionária de carreira da Câmara dos Deputados.

“Estamos tomando as medidas legais, mas também não estamos descuidando do fortalecimento do PDT e, para isto, tenho percorrido cada estado da Federação e afirmo a vocês que temos potencial para eleger pelo menos um deputado federal por cada estado, sendo que em alguns deles, a nossa previsão sobe para três. No total, ano que vem, devemos eleger de 30 a 35 deputados federais”, afirmou.

Especificamente em São Paulo, onde foi maior o estrago causado pelo deputado Paulinho, prosseguindo em seu balanço, Lupi afirmou que houve algumas conquistas importantes, como a volta de Roberto Batochio ao Partido, ex-presidente da OAB e ex-presidente do PDT-SP, que provavelmente será candidato a deputado federal. O ex-candidato a governador em 2002, Carlos Appolinário, também retornou ao PDT com a saída de Paulinho. Também por conta deste fato e do fim do controle da Força Sindical, muitas lideranças sindicais ligadas a diferentes centrais entraram no PDT-SP.

— Em São Paulo já dispomos de uma nominata de candidatos para 2014 de razoável para boa que deverá garantir, em 2014, a eleição de dois ou três deputados federais em São Paulo.

Ano que vem, segundo Lupi, o Partido, além de eleger de 30 a 35 federais, disputará vários governos estaduais:

— Estamos lançando, na Bahia, o deputado Marcelo Nilo, muito conhecido e atual presidente da Assembléia Legislativa; no Mato Grosso o candidato será o senador Pedro Taques; no Rio Grande do Sul, Vieira da Cunha disputará o governo; Reguffe será candidato em Brasília; Valdez Góes no Amapá e Carlos Eduardo, atual prefeito de Natal, está sendo muito pressionado para se lançar no Rio Grande do Norte. Aqui no Rio, temos a pré-candidatura do prefeito Sandro Matos, de São João de Meriti, e pretendemos realizar ainda este ano um debate para definir a questão da candidatura própria ou possibilidade de aliança eleitoral – com a participação de todos. Agora que acabou o prazo de filiação, começou o prazo de organização partidária, frisou

Ainda sobre o Rio de Janeiro, Lupi acha possível eleger de cinco a seis deputados, podendo chegar até a sete.

— Vamos fazer agora em novembro uma reunião com todos os pré-candidatos para dar uma motivada nos companheiros. A nominata de federal ainda não é a que sonhávamos, mas temos chances concretas de fazer três federais, um deles o cantor Waguinho que tem liderança muito em Nova Iguaçu e no eleitorado gospel; além de vários candidatos de porte médio; e, ainda, o jogador Edmundo, que já se filiou, mas ainda não decidiu se vai concorrer a federal ou estadual.

Ainda por conta deste momento da vida partidária, Lupi explicou aos integrantes do Diretório do Rio de Janeiro que no próximo dia 31/10, em Brasília, vai se reunir a direção nacional do Partido com todos os presidentes regionais, mais a bancada federal e a Executiva para que seja feita uma radiografia da situação, estado por estado – quais são as possibilidades de candidatura própria, possibilidades de alianças regionais, nominatas que estão sendo construídas, o quadro nacional completo do PDT.

Voltando a frente jurídica, Lupi relatou que o partido também que o Partido vem questionando na justiça, desde 2011, quando se criou o PSD, o fato de o deputado que sai de uma legenda consolidada para uma nova – levar com ele o tempo de televisão. Explicou que o PPS também tem um recurso idêntico aguardando pronunciamento da justiça. “Somos sócios neste processo porque se criou a figura da meia fidelidade partidária: amor antigo não pode, mas amor novo pode”, questionou.

Destacou o fato de que dos quinhentos e tantos deputados no exercício do mandato hoje, apenas 10 dez deles se elegeram com coeficiente eleitoral próprio – todos os demais chegaram ao mandato através da votação de seus respectivos partidos, por conta do sistema proporcional vigente. “No PDT, temos um caso apenas de deputado que se elegeu sozinho com os seus votos, o Reguffe, de Brasília, que é nosso pré-candidato a governador. Todos os outros, se não fosse o somatório da legenda, não se elegeriam. Como uma pessoa pode levar com ele (tempo de tevê) aquilo que não lhe pertence? Por isto, independente deste julgamento, nós do PDT vamos requerer o mandato de todos os que deixaram nossa legenda”, afirmou.

Lupi anunciou também que avança, dentro do Ministério da Educação, as negociações junto ao Ministro Aloísio Mercadante, da “ciepização da Educação”; ou seja, a liberação de recursos para estados e municípios avançarem na implantação do horário integral em suas redes. “Vamos deixar claro: não é ainda a concepção de nossa escola de tempo integral, com cinco refeições diárias, médico, livros, uniformes etc. – é apenas acréscimo de horas da criança na escola, com recursos que o governo federal está repassando. Mas já é um avanço. Não é ainda o que a gente quer, mas é um avanço”.

A atuação do PDT no Ministério do Trabalho foi outro assunto abordado. “Vocês viram a série de denúncias na mídia, mas agora passado algum tempo, é importante que saibam que não nenhum filiado do PDT, nenhum, respondendo inquérito. O que acontece é que a mídia adora a gente e manipula as informações”. Na opinião de Lupi, “é um jogo pesado” tanto que como não tem provas, o assunto morre.

— Nada acontece por acaso. Se vocês se aprofundarem verão que no fundo tudo isto acontece porque eles se sentem ameaçados por um Partido que representa a defesa da educação, dos trabalhadores e de um projeto de Nação. Essas intrigas não nos farão desistir; esta luta nos torna mais fortes.

Em seguida ele fez um apelo para que os presentes, e todos os pedetistas, procurem se informar nas páginas do Partido na internet, sempre atualizadas, onde os companheiros sempre encontrarão as respostas que a mídia não divulga. “Vocês se lembram do Tijolaço do Brizola? Aquilo era pago, muito caro. Não tinha jeito de a gente mostrar nossa opinião se não fosse com aquelas matérias pagas. Pagávamos para ter direito a opinião, vejam a que ponto chegou a discriminação contra o PDT e Brizola. Estou falando isto, porque a história se repete; é a mesma; o objetivo é o mesmo: querem varrer da história o Trabalhismo. Só esquecem que o Trabalhismo está enraizado no coração dos brasileiros e ele não será varrido do jeito que eles querem. O Trabalhismo está vivo, vai continuar vivo e lutando sempre, sempre se soerguendo apesar de todos os golpes que levamos”.

Lupi defendeu ainda a proposta do senador Cristovam Buarque de federalizar a educação básica no Brasil, porque “os municípios não têm como bancar a educação fundamental” e é necessário, em sua opinião, um bom salário e dedicação exclusiva do professor para valorizar ainda mais a educação, porque, acrescentou, professor tem que ser carreira de estado como a do corpo diplomático, de juiz, promotor etc.

O mesmo aconteceu com os médicos, destacou. “Estou defendendo que o PDT considere Carreira de Estado as atividades dos professores e dos médicos”. Porque só fiscais, juízes, diplomatas e outras atividades são consideradas carreiras de estado, questionou.

Depois de sua exposição, Lupi transferiu a presidência da reunião para o vice-presidente, José Bonifácio, que passou a convocar os oradores inscritos, um a um. Entre outros falaram na reunião Rubens Rezende, de Petrópolis; companheiro Chicão, do Rio; Wendel Pinheiro, também do município do Rio; Djalma, de Belford Roxo; Everton Gomes, da JS-RJ e vice-presidente nacional da Juventude e o secretário geral do PDT-RJ, Carlos Correia, entre outros.

 

OM/AG – Ascom PDT