Oposição protocola pedido de investigação contra Sérgio Camargo


PDT na Câmara
04/06/2020

O líder da oposição na Câmara, deputado federal André Figueiredo (PDT-CE) e lideranças partidárias do PSOL, PT, e PSB, protocolaram, na quarta-feira (3), pedido no Ministério Público Federal (MPF) para instaurar inquérito de investigação sobre a fala do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, em áudio gravado em uma reunião em abril em que ele classifica o movimento negro como “escória maldita”.

O ato contou com a presença de deputados negros, como Áurea Carolina (PSOL-MG), Benedita da Silva (PT-RJ), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Bira do Pindaré (PSB-MA), Damião Feliciano (PDT-PB), David Miranda (PSOL-RJ) e Orlando Silva (PCdoB-SP).

Além da representação ao MPF, também foi protocolado um requerimento para que Camargo preste esclarecimentos no plenário da Câmara dos Deputados sobre as declarações. Nesta quinta, a Rede vai pedir o afastamento de Camargo por meio de um mandado de segurança coletivo no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Já a ONG Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro) enviou uma representação ao MPF em que acusa Sérgio Camargo de ter cometido crime de racismo ao afirmar que praticantes e organizações ligadas a religiões de matriz africana não vão receber benefícios e recursos enquanto ele estiver à frente da gestão.

Na reunião, cujo áudio foi revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, Camargo reclamou de vazamento de informações da Fundação e prometeu retaliações:

“Tem gente vazando informações aqui para a mídia, vazando para uma mãe de santo, uma filha da puta macumbeira, tal de mãe Baiana, que ficava aqui infernizando a vida de todo mundo (…) Não vai ter nada para terreiro na Palmares, enquanto eu estiver aqui dentro. Nada. Zero. Macumbeiro não vai ter nem um centavo”

O presidente da Fundação Palmares também chamou os integrantes do movimento negro de “vagabundos”. Para a Educafro, Camargo manifestou “discriminação odiosa” e violou a lei, que prevê reclusão de um a três anos para quem “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.