Opinião pública e opinião publicada

Pesquisa divulgada pela "Folha de S. Paulo" deu conta, no dia da votação, que 43 senadores condenariam Renan Calheiros. Revelado o total do painel de votações secretas, foram 48 pela absolvição e 29 pela condenação. Significa o que essa falta de sintonia? Senadores mentiram para os repórteres do matutino paulista? Os coleguinhas desaprenderam a somar? Muitos senadores mudaram de opinião, em menos de um dia?
 
Pode ser, mas a verdade está no fato de que opinião pública e opinião publicada são realidades distintas. A partir do resultado, a quase unanimidade da mídia chegou de tacape e borduna em cima do Senado, imaginando-se o que publicarão as revistas de fim de semana. A instituição parlamentar está sendo posta em frangalhos, concluem os veículos de comunicação, porque os senadores deixaram de cassar o mandato de Renan. Liminarmente, condena-se aqueles que absolveram o representante de Alagoas.
 
É preciso ir com cuidado. Não se tem notícia, ao menos por enquanto, de multidões indignadas estarem ocupando praças e avenidas para protestar contra a decisão do Senado. Não parece nem aí para o resultado o cidadão comum, aquele que forma a opinião pública. E que cada vez mais desconsidera a opinião publicada. Trata-se de um risco para a nossa profissão que deveria voltar-se, em essência, para informar.
 
Obviamente que opinar também é lícito, até necessário, mas certos barões da imprensa estão invadindo áreas acima e além de suas responsabilidades. Obrigam o profissional da informação a pensar e a atuar conforme suas idiossincrasias e seus amuos. Ou seus interesses, entre os quais sobressai a desmoralização das instituições, mecanismo ilusório para conquistar leitores, telespectadores, ouvintes e anunciantes.
Renan Calheiros quebrou ou não o decoro parlamentar? O mais provável é que tenha quebrado, tornando-se obrigação da mídia pesquisar por que seus colegas decidiram diferente. Daí a denegrir o Senado, porém, a distância é imensa.
Como recuperar a imagem?
Mesmo sem estar posta em frangalhos, nem tão desmoralizada como parte da mídia pretende, a imagem do Senado necessita de recuperação. O diabo é que, com todo o respeito, carecem de condições para esse objetivo Garibaldi Alves, Waldir Raupp, Neudo do Couto, José Maranhão, Edison Lobão e outros menos falados como pretendentes à presidência da casa. Trata-se de uma espécie de cisma nascendo na Câmara Alta, situação em que pouco adiantam sermões de párocos, bispos e até cardeais. Só uma encíclica do papa botaria ordem na confusão.
 

Traduzindo: os senadores do governo e da oposição necessitam livrar-se de questiúnculas e ciumeiras para escolher um presidente capaz de restabelecer a majestade do cargo e o respeito das demais instituições nacionais. Para ficar no PMDB, com direito à indicação por tratar-se da maior bancada, existem opções. Poucas, mas efetivas: José Sarney, Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos, por exemplo.

Pesquisa divulgada pela “Folha de S. Paulo” deu conta, no dia da votação, que 43 senadores condenariam Renan Calheiros. Revelado o total do painel de votações secretas, foram 48 pela absolvição e 29 pela condenação. Significa o que essa falta de sintonia? Senadores mentiram para os repórteres do matutino paulista? Os coleguinhas desaprenderam a somar? Muitos senadores mudaram de opinião, em menos de um dia?
 
Pode ser, mas a verdade está no fato de que opinião pública e opinião publicada são realidades distintas. A partir do resultado, a quase unanimidade da mídia chegou de tacape e borduna em cima do Senado, imaginando-se o que publicarão as revistas de fim de semana. A instituição parlamentar está sendo posta em frangalhos, concluem os veículos de comunicação, porque os senadores deixaram de cassar o mandato de Renan. Liminarmente, condena-se aqueles que absolveram o representante de Alagoas.
 
É preciso ir com cuidado. Não se tem notícia, ao menos por enquanto, de multidões indignadas estarem ocupando praças e avenidas para protestar contra a decisão do Senado. Não parece nem aí para o resultado o cidadão comum, aquele que forma a opinião pública. E que cada vez mais desconsidera a opinião publicada. Trata-se de um risco para a nossa profissão que deveria voltar-se, em essência, para informar.
 
Obviamente que opinar também é lícito, até necessário, mas certos barões da imprensa estão invadindo áreas acima e além de suas responsabilidades. Obrigam o profissional da informação a pensar e a atuar conforme suas idiossincrasias e seus amuos. Ou seus interesses, entre os quais sobressai a desmoralização das instituições, mecanismo ilusório para conquistar leitores, telespectadores, ouvintes e anunciantes.
Renan Calheiros quebrou ou não o decoro parlamentar? O mais provável é que tenha quebrado, tornando-se obrigação da mídia pesquisar por que seus colegas decidiram diferente. Daí a denegrir o Senado, porém, a distância é imensa.
Como recuperar a imagem?
Mesmo sem estar posta em frangalhos, nem tão desmoralizada como parte da mídia pretende, a imagem do Senado necessita de recuperação. O diabo é que, com todo o respeito, carecem de condições para esse objetivo Garibaldi Alves, Waldir Raupp, Neudo do Couto, José Maranhão, Edison Lobão e outros menos falados como pretendentes à presidência da casa. Trata-se de uma espécie de cisma nascendo na Câmara Alta, situação em que pouco adiantam sermões de párocos, bispos e até cardeais. Só uma encíclica do papa botaria ordem na confusão.
 

Traduzindo: os senadores do governo e da oposição necessitam livrar-se de questiúnculas e ciumeiras para escolher um presidente capaz de restabelecer a majestade do cargo e o respeito das demais instituições nacionais. Para ficar no PMDB, com direito à indicação por tratar-se da maior bancada, existem opções. Poucas, mas efetivas: José Sarney, Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos, por exemplo.