Ministro Carlos Lupi: Ensinamentos de uma viagem

  A agenda que o ministro Lupi cumpriu nesta sexta (11/02) nos municípios de Petrópolis e Teresópolis, duas das cidades mais castigadas pelas chuvas que mataram mais de 800 pessoas em toda a região serrana do estado do Rio, foi carregada de emoção. Além de ouvir o relato aflito dos prefeitos, as queixas dos trabalhadores e a ansiedade de empresários e pequenos agricultores, o ministro foi a duas localidades simplesmente destruídas pelas águas de janeiro de 2011.

No Vale do Cuiabá, em Petrópolis, Lupi foi recebido pelo presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira que relatou ao ministro as medidas que a entidade vem tomando para recuperar a região cujo pioneiro foi o gaúcho Salgado Filho (ex-ministro do Trabalho do primeiro governo Vargas) em meados do século passado. O estado em que o Vale se encontra é mesmo impressionante. Pouco mais de um mês após a tragédia, o cenário permanece sendo o de caos total. A diferença é a grande presença de máquinas, tratores, escavadeiras e o agitado vaivém de automóveis pela estreita estrada que dá acesso ao local.

Em Teresópolis mais emoção. Numa quadra poliesportiva apinhada de moradores do distrito de Bonsucesso, o ministro ouviu o relato de pequenos agricultores que perderam tudo, desde sementes, bombas de irrigação, canos e registros. Pessoas simples cujo prejuízo, em alguns casos, chega aos R$ 100 mil, como o de José Maria da Silva, há 15 anos fornecendo verduras para Teresópolis. “Simplesmente não tenho como trabalhar pois perdi tudo”, disse ele.

Mas há quem esteja recomeçando, como o hoteleiro Nauro Grehs. Ele vai ser beneficiado pelo programa Bolsa Qualificação que evitará a demissão de parte de seus 80 funcionários. A liberação de recursos do programa foi anunciada pelo ministro. Em troca da matrícula em cursos de qualificação, o governo paga o salário de até R$ 1.050,00 aos trabalhadores que têm seus contratos suspensos por até cinco meses, ao invés de rescindidos.

Do comovente encontro com os moradores de Bonsucesso, o ministro seguiu adiante e na localidade de Vieiras viu uma imagem impressionante: num vale belíssimo, grandes pedras ainda revelam o drama do deslizamento que destruiu lavouras inteiras no local. Surpreendentemente, a cena contrasta com outra, mais auspiciosa. Ao lado das grandes pedras e da lama, verdejantes plantações abrem espaços cheios de esperança.

Perguntado por este repórter o que tinha a dizer diante de algo que a todos desconcerta, Lupi não hesitou: “eu não digo nada. Eles, os que estão reconstruindo tudo, é que nos tem a dizer e a ensinar”.

Blog do Trabalho – Por Sandro Guidalli