Maria Célia Vasconcellos exalta PDT na revolução do ‘Médico de Família’ em Niterói (RJ)


Da redação
19/03/2021

Primeira gestão de Jorge Roberto trouxe de Cuba, em 1992, modelo comunitário de atenção básica

“Foi uma total revolução”, enalteceu a assistente social aposentada do Ministério da Saúde e ex-secretária de Saúde de Niterói (RJ), Maria Célia Vasconcellos, ao descrever, na entrevista para o ‘Trabalhismo na História’, o processo de criação e implementação do ‘Programa Médico de Família’ (PMF) durante o primeiro mandato do prefeito do PDT, Jorge Roberto Silveira, em 1992, na cidade fluminense.

O PMF efetivou, a partir da parceria da Prefeitura com o governo de Cuba, customizados processos baseados na abrangência e no conhecimento comunitário nas áreas de maiores riscos sociais e ambientais. Privilegiando, portanto, os cidadãos com renda familiar mensal inferior a cinco salários mínimos.

“Quando ele (Jorge) viu o que médico de família fazia, em Cuba, se encantou. Está vinculado a uma determinada população e tem, além do acompanhamento da família, uma tarefa longitudinal. Ou seja, acompanha todas as fases da vida das pessoas e das famílias”, relata, ao citar, na entrevista para Henrique Matthiesen, coordenador do Centro de Memória do PDT, o vínculo com o movimento comunitário.

“A capacidade (do médico) de conhecer é muito mais assertiva. E acrescentando o conhecimento da comunidade onde essa família está inserida. Esse foi o grande salto que a medicina cubana deu para os países do chamado terceiro mundo”, explicou.

Com isso, a gestão municipal protagonizou uma atenção primária reconhecidamente diferenciada no Brasil. O sucesso permitiu que, no ano seguinte, o projeto fosse levado ao âmbito estadual pelo então governador do Rio, Leonel Brizola.

Posteriormente, virou pilar da estratégia nacional diante da adoção, pelo Ministério da Saúde, do Programa de Saúde da Família (PSF), que está presente, até hoje, em todo o território brasileiro.

Universalização

Segundo Maria Célia, Niterói avançou justamente no período – década de 90 – que o Brasil passou por uma mudança na transição demográfica – centralização nos grandes centros urbanos – e no perfil das doenças – crônicas superaram as infecciosas.

“O controle disso tem que ser por um acompanhamento sistemático, contínuo e prolongado ao longo da vida. Onde você encontra isso? Na organização do sistema via medicina de família”, detalha.

Anos antes, com a redemocratização, ela, que sofreu com a repressão militar, os pedetistas espelharam, no município, uma luta que se consolidava pelo país. Com a constituinte de 1988, uma vitória foi emblemática: a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), que buscava eliminar a diferenciação entre cidadãos de primeira e segunda classes”.

Reconhecimento

Com reverência ao trabalhismo, Maria Célia fez questão de enaltecer o marcante legado pedetista construído na cidade da Região Metropolitana do Rio, que foi referendado pelo ex-prefeito Rodrigo Neves e o seu sucessor, o atual prefeito Axel Grael. O feito na Saúde representa, ao lado dos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) do governo brizolista, marcos internacionais.

“A eleição de Jorge Roberto Silveira deu uma guinada em Niterói, pelo PDT. Esse primeiro mandato como prefeito, em 89, foi revolucionário. Eu acho importante a gente recuperar a história”, disse. Atualmente

“A área da Saúde sempre teve uma aliança com os movimentos sociais. Até porque os movimentos são a demonstração da pujança da saúde da população pela capacidade de luta”, completou.

Confira a entrevista, na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=A0zS_mgTreE