Lupi sai candidato ao Senado para reforçar Dilma no Rio

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, inicia neste domingo (6/7) às 11 da manhã  a sua campanha para o Senado federal pelo Rio de Janeiro com uma caminhada pelas alamedas da  Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristóvão,  tradicional ponto de encontro de famílias de trabalhadores,  após um sábado inteiro de intensas negociações na sede do partido para tentar salvar a candidatura de Felipe Peixoto (PDT) a vice-governador  na chapa ao governo fluminense encabeçada pelo atual governador,  Luiz Fernando Pezão, do PMDB.

A direção executiva do PDT fluminense unanimemente rejeitou o ultimato do presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani, de desistir da candidatura isolada de Lupi ao Senado dentro da coligação de apoio a Pezão integrada por 19 legendas, aceitando a sua manobra de lançar o ex-prefeito César Maia (DEM) ao Senado no lugar do ex-governador Sérgio Cabral,  que no último momento antes do registro da chapa desistiu da vaga, com o objetivo, segundo Picciani,  de “reforçar o palanque de Aécio Neves” no Rio de Janeiro.

A candidatura de Lupi foi lançada isoladamente, ainda dentro da coligação encabeçada pelo PMDB fluminense, exatamente para fazer frente a esta manobra de cúpula encabeçada por Picciani, anunciada de surpresa na semana passada na casa do ex-governador Sérgio Cabral, na presença de  Aécio Neves – sem qualquer consulta prévia as legendas coligadas no apoio à Pezão. Fato que a direção do PDT-RJ não aceitou desde o primeiro momento, lançando o nome de Lupi exatamente para reforçar a campanha da presidente Dilma no Rio.

“O PDT apoia Dilma e a minha candidatura tem o objetivo exatamente oposto à de César Maia, que considero o atraso do atraso”, afirmou Lupi cuja candidatura, rapidamente, cresceu com fortes apoios, entre eles o publicamente anunciado, do prefeito do Rio, Eduardo Paes, o que levou Picciani a radicalizar ainda mais e que, depois de mandar “recados” para a direção do PDT, decidiu fazer  ultimato público ameaçando não encaminhar o nome de Felipe Peixoto na ata do PMDB como candidato a vice da coligação. Imposição  que também não foi aceita.

Reunida durante ontem (5/6) o dia inteiro, a partir das 9 da manhã, a direção executiva do PDT-RJ discutiu o assunto em todos os seus detalhes levando também em conta o fato do nome de Felipe Peixoto ter sido submetido,  votado e aprovado nas convenções de todos os 19 partidos coligados. Todos os integrantes da Executiva do PDT se manifestarem e Felipe Peixoto acompanhou toda a reunião, intervindo em várias ocasiões.

Ao final, foi unânime a decisão da direção do partido de não se sujeitar  aos compromissos eleitorais assumidos pelo presidente do PMDB do Rio de Janeiro,  até pela forma truculenta com que quis impor sua vontade ao PDT, frontalmente contrária à decisão tomada pelo partido em sua convenção nacional no último dia 10 de junho, em Brasília, por aclamação, de apoiar a candidatura da presidente Dilma Roussef à reeleição.

O mesmo Picciani, a serviço da candidatura de Aécio Neves, liderou na convenção do PMDB em Brasilia, também no dia 10 de junho passado, o movimento para rejeitar o apoio a Dilma, sendo derrotado pela maioria de votos dos convencionais.

Lupi, na reunião ontem na sede da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini, fez detalhado relato das negociações que empreendeu desde a decisão do diretório do PDT de participar da coligação de Pezão desde que a vice fosse entregue ao PDT, o que aconteceu posteriormente. També detalhou todas as conversas de bastidores que teve com a direção do PMDB do Rio de Janeiro, para tentar evitar o rompimento com Pezão e, também, as conversas que teve antes do ultimato feito por Picciani, que passaram por Sergio Cabral, pelo ex-presidente Lula, pela presidenta Dilma Roussef e até pelos demais candidatos a  governador do Rio de Janeiro, além do próprio Pezão.

Ao final, a direção estadual do PDT decidiu manter a candidatura do PDT ao Senado e, também,  entregar as duas secretarias que  PDT ocupa no governo de Pezão, que é candidato a reeleição: a a de Desenvolvimento Regional e Pesca  e a de Direitos do Consumidor.

O relato foi repetido por Lupi, em todos os detalhes, para o governador Pezão, quando ele se dirigiu a sede do PDT por volta do meio dia, ocasião em que o presidente nacional do PDT fez questão de frisar que tudo o que tinha sido acordado e tratado com o PMDB estava sendo cumprido pelo PDT, e que  o mesmo não podia ser dito do PMDB, ainda mais com o lançamento da candidatura de César Maia sem discuti-la entre os integrantes da coligação, como o presidente do PMDB fez.

Pezão saiu de lá ainda com a missão de tentar demover Picciani e Cabral a evitarem o rompimento mantendo Felipe Peixoto na vice,  ficando de ligar mais tarde para passar o resultado de seus contatos, o que efetivamente fez, para explicar que prevalecera a posição de Picciani e que o nome de Felipe seria substituído na chapa.

A direção estadual do partido fez um apelo a Felipe, diante da situação, que retornasse ao seu projeto original de antes de ser indicado vice na chapa de Pezão, de reassumir a sua candidatura a deputado federal. Felipe disse que não pensava mais em ser candidato a nada. Everton, presidente da JS-PDT, que também participou da reunião, chegou a sugerir que Felipe, então, assumisse a candidatura a governador pelo PDT por ser jovem, um quadro preparado da Juventude, que já presidiu e, assim, ajudaria Lupi na disputa pela vaga de Senador – além de se preparar para disputar novamente a prefeitura de Niterói, daqui a dois anos, fazendo uma campanha institucional em defesa das bandeiras de luta do PDT. Felipe também não aceitou.

Levando em conta a questão do prazo de encerramento para registro das candidaturas, válido para todos os partidos, ainda reunida, a direção do PDT preparou uma nota oficial sobre os acontecimentos, que é a seguinte:

PDT não aceita ultimato, deixa coligação de Pezão e mantém candidatura Lupi ao Senado

A Executiva do PDT do Rio de Janeiro, reunida na manhã deste sábado para analisar o ultimato do presidente do PMDB para que Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, retirasse a sua candidatura isolada ao Senado dentro da coligação que apóia o Governador Luiz Fernando Pezão – sob pena do candidato a vice, deputado estadual Felipe Peixoto (PDT), ser descartado da chapa; vem a público informar que: a candidatura de Lupi ao Senado será mantida.

“O PDT não aceita ultimatos. Coerentemente com o que decidiu na sua Convenção Nacional realizada em Brasília no último dia 10/6, a candidatura de Lupi ao Senado, tem o objetivo de reforçar, no Rio de Janeiro, a campanha à reeleição da Presidente de Dilma Roussef; esclarecendo ainda que PDT, o tempo todo, respeitou o que foi acordado e decidido com o PMDB. Todos estes atos foram votados e referendados na convenção estadual do partido realizada no último dia 16/6.

“Acrescenta que a direção estadual do PDT também decidiu entregar nesta data as duas secretarias estaduais que ocupa no governo estadual: as secretarias de Desenvolvimento Regional e Pesca, que tem por titular o companheiro José Bonifácio Novelino; e a secretaria de Direitos do Consumidor, ocupada por Woltair Simei Lopes.

“Por último, a Executiva estadual do PDT informa que embora formalmente deixe de integrar a coligação de partidos que apóia o governador Pezão, vai participar informalmente da campanha para reelegê-lo governador. Apoio este que também foi decidido na convenção estadual do PDT do dia 16/6. — Rio de Janeiro, 05 de julho de 2014 – Direção Executiva do PDT do Rio de Janeiro”.

 

 

OM – Ascom PDT