Lupi faz no PDT-RJ primeiro balanço do 2° turno das eleições

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Ao analisar o desempenho do PDT no 2° turno das eleições municipais de domingo (28/10) passado, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, propôs que já a partir de janeiro de 2013 – e de olho nas eleições de 2014 –  o partido inicie campanha nacional pelo financiamento público das campanhas  e, também, pelo retorno da cláusula de barreira para cercear a ação dos partidos “de aluguel”, fortalecendo os partidos tradicionais. As duas propostas foram aprovadas por unanimidade pelo plenário.

— Na reunião do Diretório Nacional no próximo dia 30 de novembro, em Brasília, vou propor a necessidade  do financiamento publico de campanha porque ninguém aguenta mais depender de recursos que, depois, saem três, quatro vezes mais caros. E a volta da cláusula de barreira – que pode ser de dois ou três por cento do eleitorado, em vez dos antigos cinco por cento – também é mais do que necessária para fortalecer os partidos sérios – afirmou Lupi.

Sobre o quadro nacional, Lupi disse que a conquista de três capitais com candidatos próprios – Porto Alegre, Curitiba e Natal – e mais o excelente desempenho da aliança costurada pelo PDT no Maranhão que elegeu Edivaldo, do PTC, prefeito de São Luiz, foram excelentes resultados para o PDT – juntamente com o crescimento do partido em algumas cidades de nível intermediário, como Uberlândia e Uberaba em Minas Gerais.

“Nas 27 capitais brasileiras, temos prefeitos,  vice-prefeitos ou simplesmente apoiamos e participamos da aliança vitoriosa em 17 capitais”, listou Lupi.

 No total de votos obtidos junto ao eleitorado brasileiro, o PDT ocupa hoje a 5ª. colocação à frente de muitos dos quase 30 partidos brasileiros. Mas em número redondo de prefeituras, o PDT regrediu: das 352 prefeituras conquistadas em 2008, o PDT caiu para 311 prefeituras.  Lupi explicou que essa diminuição ocorreu especialmente por conta do Maranhão, onde com a saída do governador Jackson Lago, vítima de uma armação conduzida pelos Sarney, o PDT perdeu dezenas de prefeituras.

Lupi chamou a atenção para a redução do prazo da campanha, o que prejudica as candidaturas populares.  “Em 1982 os candidatos eram escolhidos um ano antes da eleição e tinham pelo menos seis meses para fazer campanha. Agora, com a legislação atual, a campanha eleitoral dura só 45 dias. E quanto mais curta é a campanha, mais fácil é para os candidatos que tem dinheiro, prestígio ou poder. Campanha de 45 dias é curta e cara”, afirmou.

De olho em 2014, o presidente nacional do PDT acha fundamental o partido começar a construir – imediatamente – as candidaturas de 2014 a presidente da República, senador, deputado federal e estadual. “Temos que escolher logo os companheiros que irão para esse enfrentamento e é fundamental definir, de imediato, o processo nacional.  Ele é que vai desenhar as definições regionais”, argumentou.

— Nossos prefeitos também precisam abraçar questões partidárias para que se diferenciem dos demais. Um  exemplo:  a defesa intransigente da escola em tempo integral. Ela é uma velha bandeira de luta do PDT e precisamos popularizá-la por todo país. Este é só um exemplo. Se não fizermos isto, seremos apenas mai s um partido.  Por isso temos que nos reunir mais, discutir mais, aprofundarmos mais nossas teses, nossas linhas comuns de atuação”, explicou.

Para que isto seja possível, pregou a necessidade do partido se reunir em seminários e encontros, em todo o país, para discutir suas linhas programáticas e balizar a linha de atuação de seus prefeitos e vereadores.

Especificamente sobre o Rio de Janeiro, Lupi, propôs e o plenário aprovou, a realização de um seminário já em fevereiro do ano que vem para discutir a atuação dos prefeitos e vereadores eleitos no Rio.  

“A ideia é partirmos imediatamente para a construção de candidaturas de deputados estaduais, federais e de governador e também cuidar da formação de novos quadros partidários.  Precisamos incentivar candidaturas , temos que pensar nas pessoas que possam servir ao partido nos municípios do interior, na Baixada e na capital. Temos que analisar todas as possibilidades e convencermos essas pessoas de que o partido precisa delas”, afirmou.

Detendo-se no segundo turno no Rio, Lupi analisou as derrotas do partido em Niterói, São Gonçalo e Nova Iguaçu – onde o PDT disputou segundo turno. Embora no Estado o partido tenha ganho mais uma prefeitura, eram seis agora são sete, e tenha somado mais votos, as derrotas não eram esperadas – especialmente em Niterói.  Mas, acrescentou, levando-se em conta o quadro anterior à eleição, o desempenho de Felipe Peixoto, que perdeu para o candidato do PT por pouco, foi muito bom.

“O prefeito atual, Jorge Roberto Silveira, meu amigo pessoal e excelente prefeito, neste seu último mandato estava com uma rejeição de 65 a 70% -altíssima. Mesmo assim o jovem vereador Felipe Peixoto foi para a disputa, conseguiu passar pelo primeiro turno e chegou agor ano segundo turno perdendo por muito pouco. O resultado final, e com as dificuldades todas que enfrentou, me levam a afirmar que Felipe, apesar da derrota de agora, com certeza será o futuro prefeito de Niterói. Ele tem apenas 36 anos, é jovem, tem disposição e tem muito tempo pela frente. Esta eleição o credenciou – e como – para a futura disputa”, elogiou.

O prefeito Sandro Matos, que venceu em São João do Meriti ainda no primeiro turno, disse que esteve em Niterói para ajudar Felipe Peixoto e reparou que, além de falta de estrutura, a campanha de Felipe Peixoto estava muito centrada na questão do mensalão do PT, já que disputava com um candidato do PT, e na sua opinião este eixo não era o ideal. “Felipe trabalhou muito com a emoção, mas deveria ter usado mais a técnica porque em outros estados e outros municípios campanhas baseadas na denuncia no mensalão também não deram certo”, avaliou.

Sandro Matos reforçou a necessidade do PDT, imediatamente, começar a conversar com outros partidos visando as eleições nacionais de 2014 porque “não dá para pensar em crescer sozinho, precisamos analisar e discutir e ver com quem nós podemos fazer alianças porque elas serão fundamentais para a disputa de 2014”, afirmou.

Sandro aprovou a proposta de reunir prefeitos, vereadores e militantes do PDT já em fevereiro e aproveitou a oportunidade para colocar o seu município, São João do Meriti, na Baixada Fluminense, à disposição da direção estadual.  “Podemos fazer no Via Show, que fica nas margens da rodovia Presidente Dutra, um espaço que comporta com tranquilidade muita gente e é muito bem localizado”, explicou.

O líder do PDT na Assembléia Legislativa, deputado Luizinho, por sua vez, criticou o que definiu como “judicialização” da campanha eleitoral, com a ação despropositada de alguns juízes – principalmente no interior do estado – criando dificuldades para os candidatos desenvolverem suas campanhas eleitorais. “Em Miracema, por exemplo, o juiz proibiu que nosso candidato fizesse um comício na praça principal da cidade, sem qualquer explicação. Em Japeri, a justiça eleitoral proibiu a circulação de carros de som.  Isto não tem cabimento”, protestou.

Já o líder sindical Dal Prá, signatário da Carta de Lisboa, fez questão de assinalar que estava decepcionado com o segundo turno no Rio e que a derrota em Niterói não passava em sua garganta. “Tínhamos tudo para ganhar, não podíamos perder, o que aconteceu na verdade é que não houve coesão na campanha e faltou a força do partido atual na campanha”. Sobre a proposta de realizar um seminário em fevereiro, Dal Prá manifestou-se favorável e explicou: “Somos um partido trabalhista, temos história, não somos de acertos e temos que honrar nossa sigla”, disse.  Dirigindo-se a Lupi, destacou também que “presidente, o PDT não pode andar a reboque de ninguém! Temos que lançar nossos candidatos, temos que trabalhar para vencer a eleição em 2014! Temos que fazer a unidade com quem presta!”

O vereador Mazinho fez um relato da situação em Caxias, onde o PDT elegeu dois vereadores, ele e outro e, também, o vice-prefeito – Laury Villar.  Já Correia, antigo militante do PDT da capital, queixou-se que tentou ajudar na campanha de um candidato do partido na Zona Oeste, mas foi solenemente ignorado, o que muito o magoou como fundador que é do PDT-RJ.

André Carvalho, militante de Cabo Frio, denunciou que um deputado da sigla, no exercício do mandato, subiu no palanque do adversário de Jânio Mendes, do PDT, que se elegeu prefeito de Cabo Frio – denúncia que Lupi pediu que fosse formalizada por escrito, diante de sua gravidade; enquanto vários outros oradores expuseram seus pontos de vista.

Chicão, militante, criticou junto com Domício Gonzaga a força do dinheiro que foi colocado em circulação em Niterói para dar a vitória ao candidato do PT; Olga Amélia fez críticas ao PT e ao Lula por terem tentado zombar de Brizola quando ele ainda era vivo; e Wendel, ultimo orador inscrito, saudou a eleição do prof. Pierre em Friburgo e dos 81 vereadores que se elegeram no Rio de Janeiro;  apresentou trechos de um trabalho de 20 páginas que realizou analisando os resultados no Estado do Rio de Janeiro, que pretende disponibilizar na Internet – trabalho que o militante Fernando Lobo também fez, por escrito, e encaminhou à mesa diretora dos trabalhos; e Wendel pregou ainda a necessidade de fortalecer o trabalho de formação política através da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini.

por Osvaldo Maneschy