Lupi acredita que estão tentando enfraquecê-lo para atingir o PDT

O ex-ministro do Trabalho e presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, reafirma em entrevista ao Estadão o apoio do partido ao governo federal. Sustenta que há uma tentativa de envolvê-lo pessoalmente nas acusações que atingem o atual ministro, Manoel Dias, companheiro de décadas na legenda e ligado a seu grupo na agremiação. Ele atribui as denúncias a uma suposta tentativa de enfraquecê-lo para atingir o partido. Confira a entrevista completa:

Como o senhor recebeu as novas denúncias envolvendo o Ministério do Trabalho sob gestão de seu partido?
Primeiro, tem uma investigação da Polícia Federal é preciso esperar a finalização do processo. Se tiver algum responsável por algum erro, que seja responsabilizado. Eu não estava mais no ministério quando começaram essas gravações. Elas começaram em maio, março de 2013. Mas os convênios, quase 90% dos convênios, são firmados com os Estados e municípios. E a responsabilidade dos municípios é fazer as licitações, a escolha das instituições. A responsabilidade do ministério é o repasse e depois conferir a prestação de contas.

O ministro Manoel Dias está sendo injustiçado?
Não sei. Acho que não mandei o Manoel fazer nada. Sabe? E acho que tem mudanças de foco. Esse foco (era) em Minas, tem empresa de Minas… A única pessoa (da equipe do ministro) ligada a esse processo era o Paulo Pinto (ex-secretário-executivo do Ministério do Trabalho, que pediu demissão após a Operação Esopo), que não tem nenhuma acusação (contra si)… Apenas alguém disse que o segundo dele, indicado pela CGU, que era da Secretaria de Orçamento, atendeu um telefonema dizendo que assinaria a liberação no dia seguinte. Para ter uma ideia, não se faz essa distribuição direta pelo ministério desde 2011. Todo o resto é pago por Estados e municípios que assinam convênio. Por isso acho que é outro o foco. A gente tem de ter responsabilidade para ver o processo finalizar antes de acusar. A mídia acaba fazendo um processo de criminalização dos políticos. É ruim para a democracia. Acho também que se fazem interpretações desonrosas contra as pessoas… Quando não tem nada, aí botam “são os amigos do Lupi, ligados ao Lupi” , como se eu fosse o controlador de um esquemão. Cadê o esquemão? Onde está o dinheiro do esquemão? Para quem foi? Não tem nem citação do meu nome.

O sr. acha que estão tentando usar o escândalo para atingi-lo?
Acho que é para atingir o partido. Eu já venho enfrentando um flanco com o Paulinho (da Força, deputado federal pelo PDT), que tenta organizar um partido para tirar alguns companheiros. É claro que é para enfraquecer o partido. Quando enfraquece o presidente também enfraquece o partido.

Como têm sido suas conversas com o ministro Manoel Dias?
Falo com ele todo dia. Ele também está consciente disso.

As explicações o satisfizeram?
Eu só falo por mim. Ele que fale por ele.

Mas ele tem apoio do partido?
Total, total.

O PDT vai fazer algum tipo de apuração interna?
Não, porque a PF já deu declaração dizendo que não tem nada que envolva a instituição, nem nenhum dirigente. Pode ter alguns caras. É como torcedor de time. Você controla o torcedor do Flamengo? Quem é que controla? Eu também não tenho como controlar os filiados do partido. Temos 1,1 milhão de filiados em todo o Brasil. E se tiver um ou outro filiado (envolvido), a instituição tem de ser criminalizada?

O ministro disse que vai fazer investigações de convênios firmados pelo ministério a partir de 1990. O PDT apoia essa política?
Ele deve apurar tudo. Tudo o que tiver de errado deve ser apurado. É que, infelizmente, irmão, notícia ruim dá primeira página; nascimento não dá nem abre de página… Então, eu já desisti. Eu desisto de fazer, com a mídia brasileira, debate. Porque ela não quer debate, quer condenação. Não tem jeito. Você condenam e acabou. O que vou fazer? Esperar acontecer e mostrar a verdade.

A crise pode crescer e levar a um rompimento?
Não acredito, não acredito.

E o apoio do PDT ao governo?
Não muda nada.

E quanto à campanha da reeleição da presidente?
Aí é outra discussão. Só vamos discutir isso em 2014, como estou falando há dois anos. O que temos agora é uma aliança referente a 2010. Em 2014 é uma outra aliança, que só quero discutir em 2014.

MCS – Estadão