Leonel Brizola: uma referência política


Por Hari Alexandre Brust
21/06/2018

Neste 21 de junho, há 14 anos, o trabalhismo perdeu a sua maior e mais autêntica liderança, e a política do Brasil perdeu a sua maior referência.

Uma liderança política se destaca pela coragem na tomada de decisões administrativas e políticas.

Leonel Brizola foi o único político brasileiro que, diante de uma crise iminente, tomava as decisões necessárias, por mais drásticas que fossem, para resolvê-la.

Foi assim em 1959, logo que assumiu o governo do Rio Grande do Sul-RS, quando a falta de expansão do sistema elétrico estrangulava a economia do estado, particularmente a industrial de Caxias do Sul, não exitou e, mediante depósito judicial de CR$ 1,00 (hum cruzeiro), decretou a expropriação, encampou a americana Bond&Chare e, posteriormente, pela mesma razão, a ITT Companhia de Comunicações, tendo à época causado repercussão internacional.

Politicamente, ainda durante seu governo, por ocasião da renúncia do Presidente Jânio Quadros, dia 25 de agosto de 1961, diante do veto dos três Ministros Militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica à posse legítima do vice-Presidente João Goulart, em nome da Legalidade Constitucional, somente com o apoio da briosa Brigada Militar, no mesmo dia, não exitou em requisitar a Rádio Guaiba, instalando nos porões do Palácio Piratini a Cadeia da Legalidade e, através do seu microfone, fez a maior mobilização cívica do Brasil a favor da posse de Jango, ocorrida dia 7 de setembro de 1961.

Esses dois exemplos dão a dimensão da liderança exercida por esse bravo, corajoso e incomparável homem público, tão bem definido pelo jornalista Petrônio Souza, logo que soube da morte de Brizola: “Foi gênio e genial, homem raro, daqueles que nasceu lá para as bandas dos pampas do olhar reto, direto, engenheiro por formação, queria reconstruir o País e, estruturado em valores solidificados na pedra preciosa do nacionalismo autêntico.

Não enxergava limites nem divisas, para ele a Nação era o todo, sem barreiras no amor incorporado.

Agora, ficamos nós com o coração vazio. Muitos não concordavam, mas ouviam. Por autoridade nacional, ele repetia, repercutia. Agora, fica faltando um bravo no céu anil do Brasil. Fica faltando as sábias palavras do grande pai nacional que, sempre, para o bem geral da Nação, ponderava. Fica faltando Leonel Brizola, o homem que fez desabrochar uma Rosa Vermelha brasileira, dentro do peito dos verdadeiros filhos da Pátria.

Neste momento conturbado da vida da Nação, com crise de ordem política, econômica, administrativa e ética, certamente uma liderança da dimensão de Brizola é tudo o que mais faz falta, “fica faltando as sábias palavras do grande pai nacional”, falta a presença de uma liderança com autoridade nacional para dizer o que deve ser feito para tirar o País do atoleiro, para dizer o que é melhor para o Brasil.

Hoje BRIZOLA VIVE em outra dimensão, mas a sua influência nos destinos do nosso partido e do nosso país, se faz presente na sinalização política, através do seu apoio, em 2002, ao então candidato do PPS Ciro Gomes, porque via na sua eventual vitória, a volta por cima do trabalhismo. Para Ciro, agora candidato a presidência da república pelo PDT, “não há nada mais moderno hoje, do que o trabalhismo socialista e democrático”, cujas raízes foram plantadas pelo Presidente Vargas, na revolução de 30.

Na visão do grande líder Brizola, “o trabalhismo é o antidoto do neoliberalismo, cuja teoria tem o Brasil como uma espécie de mercado de outros países e por isso somos colocados num contexto de servidão. O neoliberalismo está tirando as garantias do povo brasileiro, aos poucos, estão entregando os seus direitos políticos às empresas. É novamente a lei da selva. Estão passando por cima de tudo, das ideias de desenvolvimento, de soberania e de justiça social. Não passa de colonialismo, nós vamos nos tornando dependentes da especulação internacional, que vai lesando nossas áreas econômicas mais saudáveis”.

Ciro Gomes presidente, dará continuidade aos programas econômicos e sociais implantados e desenvolvidos nos governos trabalhistas de Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola.