Leonel Brizola: 101 anos de uma história cada dia mais atual

Foto: Arquivo / Agência O Globo

Posse do Governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola


Por Elizângela Isaque
22/01/2023

O Trabalhismo e todos que acompanham a luta por mais dignidade para as classes menos favorecidas do Brasil ainda celebram o centenário de nascimento de Leonel Brizola, completado em 2022. Em meio às recordações de todas as importantes conquistas do fundador do PDT, comemoramos hoje mais um ano de nascimento daquele cuja vida foi marcada por muitas vitórias pessoais, que culminaram em capítulos importantes da história do País.

O menino Leonel, nascido em Carazinho, interior do Rio Grande do Sul, que enfrentou a pobreza para estudar, cresceu empenhado em fazer de todo o seu aprendizado uma arma utilizado para que os inúmeros Brizolas espalhados pelo Brasil também pudessem, por meio de uma educação de qualidade e livres da fome, assim como ele, também pudessem trilhar um caminho com chances reais de obter suas próprias conquistas e, por meio delas, contribuírem para uma sociedade menos desigual.

De sua estreia na vida pública até o início de suas conquistas e realizações, especialmente marcantes nos dois estados dos quais foi governador, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul – feito que ainda é exclusivo dele –, muitos governantes sentaram na cadeira do chefe maior do poder Executivo do País. Dentre esses, o trabalhista João Goulart, graças a uma grande resistência liderada pelo próprio Brizola, que arregimentou mais de 50 mil militares e 30 mil voluntários armados para lutarem pela legalidade e defender a Constituição.

Já em um passado recente, Luís Inácio Lula da Silva, muitas vezes adversário direto de Brizola na disputa pela Presidência do País, elegeu-se pela primeira vez tendo entre as suas promessas de campanha diminuir a miséria da Nação. E de todas as suas pretensões, talvez a que, de fato, o Brasil pôde comemorar, ainda que por pouco tempo, foi manchete nas imprensas nacional e internacional, com fatos e números, noticiando que, enfim, o alimento chegara à mesa dos milhares que, até então, padeciam por inanição no País “em que se plantando, tudo dá”. Um sonho de Brizola que se tornava realidade.

Anos e novos golpes depois, comemoramos os 101 de nascimento de Brizola em meio à triste realidade de um Brasil que voltou miseravelmente a figurar entre os países onde mais se morre de fome no mundo. Sim, infelizmente, a luta do líder pedetista permanece atual, em toda as suas vertentes. Sobretudo porque, dessa vez, as armas empunhadas pela população não são carregadas por quem luta pela legalidade, mas por mãos irracionalmente sedentas por sangue, e os gritos que ecoam nas ruas e na frente dos quarteis militares não clamam por justiça, mas berram histéricos contra a democracia, ignoram direitos, depredam patrimônio público, destroem e roubam obras de arte, desrespeitam a Constituição e desprezam a civilidade enquanto pedem por mais um golpe.

O Brasil de 2023 se vê como que em meio a um surto coletivo, no qual milhares de cidadãos agem como membros de uma seita esquizofrênica e fatalista, guiada por uma espécie de messias do ódio e do caos, e onde a bandeira nacional é tremulada por uma ideologia desconexa, na qual a frase escrita no centro bem poderia ser lida pela transliteração “Desordem e retrocesso”.

Nesse cenário quase distópico, no qual está mergulhado no nosso País, Lula assume seu terceiro mandato como presidente – eleito pelo voto direto de uma maioria, ainda que não esmagadora, mais esclarecida e não menos assustada ante à barbárie bolsonarista –, tendo como carro-chefe a mesma promessa de outrora: acabar com a fome dos brasileiros. E nesse contexto, é mister destacar que a chama do Trabalhismo, que tem como marca fundamental a luta contra o obscurantismo, ao combater as desigualdades sociais e defender uma educação de qualidade para todos, permanece mais acesa do que nunca.

E o legado de Leonel Brizola não apenas ainda é a luz que ilumina as trevas dos nossos dias como é a fonte da qual todo verdadeiro patriota precisa e deve beber. O mal precisa ser cortado pela raiz. Os ideais e realizações brizolistas são claramente as chaves que abrem as portas que o Brasil deve atravessar para crescer e se desenvolver e o caminho a ser percorrido para que, um dia, a celebração dos próximos aniversários de nascimento desse peculiar líder trabalhista sejam muito mais motivo de festa do que um clamor desesperado de uma sociedade mergulhada em uma realidade tristemente atual.