Josélia da Silva Almeida: “O Ministro do Trabalho e a Comissão de Ética”

    
 
O atual ministro do Trabalho, Carlos Lupi, herdou o comando do PDT com a morte do governador Leonel Brizola em 2004. Foi na condição de presidente da sigla que assumiu em 2007 a pasta do Trabalho. Hoje, em 2008, licencia-se da legenda conforme orientação do presidente da República, que, no episódio da Comissão de Ética da Presidência, saiu em defesa do ministro, mas recomendou publicamente a licença.
 
Lupi traçou um histórico de trabalho e de fidelidade a Leonel Brizola em diferentes momentos: quando secretário dos Transportes abandonou o cargo assim que o então prefeito, Marcelo de Alencar, entrou em confronto direto com o governador Brizola. Num segundo momento, abriu mão do cargo de secretário do Governo de Anthony Mateus, logo que o Brizola se desligou do então governador. Manteve-se fiel ao chefe.
 
O governador Brizola costumava elogiá-lo e qualificá-lo como "executivo do PDT" e dizia que Lupi não dormia de tanto que trabalhava. E quando vira ministro, Lupi assume exatamente a pasta do Trabalho e trabalha tanto que já começa a incomodar alguns setores. Na virada do ano, a Comissão de Ética da Presidência da República avisou que ele deveria abandonar ou o governo ou a presidência do PDT. Segundo a Comissão, haveria conflito de interesses entre as duas atividades.
 
Estranhamente, o presidente desta Comissão, Marcílio Marques Moreira, é consultor de empresa que faz carteiras de trabalho. Deduz-se que a decisão do ministro do Trabalho foi contra as expectativas do consultor Marcílio Marques Moreira, que tem interesses naquele Ministério, e como presidente da Comissão, resolveu infernizar a vida do ministro.
 
As matérias sobre supostas irregularidades de convênios da pasta do Trabalho com ONGs e fundações têm, pois, origem em opiniões políticas. É normal que Lupi, espírito fortemente empreendedor, gere ciúmes em políticos de plantão que dedicam tempo integral para perseguir pessoas que incomodam por sua capacidade, competência ou seja lá o que for que possuam de diferencial. O fato é que, em sua gestão no Ministério do Trabalho, 1,7 milhão de carteiras já foram assinadas, um recorde histórico de geração de empregos formais.
 
À frente do Ministério, Carlos Lupi possui ferramentas para exercitar seu espírito dinâmico e empreendedor com projetos de grande alcance e isso gera ciúmes. Defendido pelo presidente da República e seguindo sua orientação, o ministro resolveu licenciar-se do partido, certamente visando a evitar maiores desgastes para ele e para o governo.
 
Josélia da Silva Almeida é doutora em Teoria da Literatura
Publicado na Tribuna da Imprensa de 19/3/08

    

 

O atual ministro do Trabalho, Carlos Lupi, herdou o comando do PDT com a morte do governador Leonel Brizola em 2004. Foi na condição de presidente da sigla que assumiu em 2007 a pasta do Trabalho. Hoje, em 2008, licencia-se da legenda conforme orientação do presidente da República, que, no episódio da Comissão de Ética da Presidência, saiu em defesa do ministro, mas recomendou publicamente a licença.

 

Lupi traçou um histórico de trabalho e de fidelidade a Leonel Brizola em diferentes momentos: quando secretário dos Transportes abandonou o cargo assim que o então prefeito, Marcelo de Alencar, entrou em confronto direto com o governador Brizola. Num segundo momento, abriu mão do cargo de secretário do Governo de Anthony Mateus, logo que o Brizola se desligou do então governador. Manteve-se fiel ao chefe.

 

O governador Brizola costumava elogiá-lo e qualificá-lo como “executivo do PDT” e dizia que Lupi não dormia de tanto que trabalhava. E quando vira ministro, Lupi assume exatamente a pasta do Trabalho e trabalha tanto que já começa a incomodar alguns setores. Na virada do ano, a Comissão de Ética da Presidência da República avisou que ele deveria abandonar ou o governo ou a presidência do PDT. Segundo a Comissão, haveria conflito de interesses entre as duas atividades.

 

Estranhamente, o presidente desta Comissão, Marcílio Marques Moreira, é consultor de empresa que faz carteiras de trabalho. Deduz-se que a decisão do ministro do Trabalho foi contra as expectativas do consultor Marcílio Marques Moreira, que tem interesses naquele Ministério, e como presidente da Comissão, resolveu infernizar a vida do ministro.

 

As matérias sobre supostas irregularidades de convênios da pasta do Trabalho com ONGs e fundações têm, pois, origem em opiniões políticas. É normal que Lupi, espírito fortemente empreendedor, gere ciúmes em políticos de plantão que dedicam tempo integral para perseguir pessoas que incomodam por sua capacidade, competência ou seja lá o que for que possuam de diferencial. O fato é que, em sua gestão no Ministério do Trabalho, 1,7 milhão de carteiras já foram assinadas, um recorde histórico de geração de empregos formais.

 

À frente do Ministério, Carlos Lupi possui ferramentas para exercitar seu espírito dinâmico e empreendedor com projetos de grande alcance e isso gera ciúmes. Defendido pelo presidente da República e seguindo sua orientação, o ministro resolveu licenciar-se do partido, certamente visando a evitar maiores desgastes para ele e para o governo.

 

Josélia da Silva Almeida é doutora em Teoria da Literatura
Publicado na Tribuna da Imprensa de 19/3/08