Heitor Férrer denuncia propina no Ceará

Denúncia feita ontem pelo deputado estadual Heitor Férrer (PDT), na Assembleia Legislativa do Ceará, aponta que a empresa Promus, de propriedade de Bruno Borges e Luís Antônio Valadares, teria pago “R$ 100 mil” mensais de propina ao diretor da Bradesco Promotora, Fernando Perreli, para, supostamente, atuar com exclusividade na concessão de crédito consignado a servidores do Governo do Ceará. Valadares é genro do secretário estadual da Casa Civil, Arialdo Pinho.

Conforme O POVO publicou no último sábado, a Promus entrou no negócio dos consignados em 2009. Embora credenciada como operadora exclusiva, a Promus não trabalha sozinha na oferta de crédito. Há diversas empresas correspondentes atuando, mas todas subordinadas à Promus – que recebe do Bradesco comissão de 17,1% do valor do empréstimo, enquanto as subcontratadas ficam com 1,9%.

A situação foi relatada ao O POVO pelo empresário Augusto Borges, dono da Bom Crédito, que era habilitada pela Promus para vender crédito aos servidores, mas foi afastada do negócio no ano passado. Borges é o mesmo que denunciou a Heitor Férrer o suposto pagamento de propina da Promus à Bradesco Promotora.

O deputado apresentou cópias de e-mails supostamente trocados entre Valadares e Perreli. Por meio de nota, a Promus alega que os e-mails são falsos. Em um dos documentos – cuja autenticidade não foi comprovada –, com data de 28 de janeiro de 2012, o genro de Arialdo Pinho menciona pagamento mensal de “R$ 100 mil” em cumprimento a um suposto acordo. “Com o descredenciamento da Bom Crédito manteremos o acordo conforme combinado” diz um trecho de possível e-mail assinado por Valadares.

Após várias tentativas desde o início das denúncias, O POVO conseguiu contato com Valadares por telefone, ontem. Com a fala apressada, ele disse apenas que “não tem o que declarar”. O empresário afirmou que estava em reunião e lembrou que qualquer posicionamento da Promus seria repassado apenas por sua assessoria de imprensa, via nota oficial.

Por meio de sua assessoria, a Bradesco Promotora alegou que “não teve acesso ao e-mail mencionado (por Heitor Férrer) para poder atestar a autenticidade.

Ao mesmo tempo, o Bradesco reitera a inteira confiança nos seus executivos, que obedecem a rígidos padrões de comportamento ético e de governança no exercício de suas funções”.

ENTENDA A NOTÍCIA

O deputado estadual Heitor Férrer disse que levará as cópias dos supostos e-mails ao Ministério Público Estadual, que investiga o caso dos consignados. Em outra frente, a Promus promete recorrer à Justiça contra as acusações.

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