A elite não admite o povo no poder

A divisão do Brasil em capitanias hereditárias por Dom João III, em 1534, gerou em nosso país uma casta que por sua vez, produziu a atual elite brust.imagemdominante. Os donatários, na maioria fidalgos da corte, sem recursos suficientes para desenvolver suas capitanias, redistribuíram essas glebas através da concessão de sesmarias. Nascia aí, há 470 anos, a atual estrutura fundiária do nosso país. Aí estão fincadas as raízes da maior concentração de renda do mundo em que, 1º dos mais ricos, detém 27% de toda renda do país. Sucederam-se 350 anos de regime escravocrata. Estima-se que 5 a 6 milhões de indígenas tenham sido mortos nesse período, além de outros tantos negros trazidos da África. Para que se tenha uma ideia do que representa esse genocídio, em 1900 a população total do Brasil era de 17,3 milhões de habitantes. Assim, decorridos mais de 500 anos do nosso achamento, não há como se duvidar da incompetência da classe política brasileira para atender às necessidades básicas do povo, enquanto isso a elite legisla e promove medidas de interesse próprio, cria privilégios para minorias dominantes, pratica nepotismo, favorece o clientelismo e a corrupção. São mais de 500 anos de exploração e espoliação. São mais de 500 anos de dominação colonialista. O povo, com razão, está perplexo, decepcionado, frustrado. Um país de infinitas riquezas, ostentando o título de 8ª economia do mundo, é no entanto, o 75º em desenvolvimento humano e, segundo o Banco Mundial, a taxa de pobreza do Brasil é da ordem de 5%, o que significa dizer que mais de 10 milhões de brasileiros estão vivendo sem alimentação, sem habitação, sem educação, sem saúde, sem emprego e o que é pior: sem expectativa de uma vida digna. Infelizmente, a população abaixo da linha de pobreza do Brasil, ainda é maior do que toda população do Paraguai e do Uruguai. A elite, todavia, prefere o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo e, todas as vezes que o povo elege um governante comprometido com o combate às desigualdades sociais, com a libertação do nosso país das garras do polvo capitalista, ela se levanta contra os defensores dos interesses da nossa gente para preservar sua herança donatária. Foi essa casta que “suicidou” Getúlio em 1954, que pressionou Jânio Quadros até a renúncia em 1961, que inicialmente vetou a posse do vice João Goulart e que depois o derrubou em 1964. Só engoliram o Lula, porque os contemplou com a vice Presidência, além de manter a política econômica de FHC. Agora, inconformados com a derrota eleitoral, tentam de forma inescrupulosa afastar a Presidenta Dilma e o elitizado Temer, eleito por Ela, está para a Presidência, assim como um menino que não vê a hora de pegar o pirolito. É assim que a elite constrói o nosso país para eles e é assim que pretendem preservá-lo, tudo as custas da miséria e do sofrimento do nosso povo. Em seu livro AOS TRANCOS E BARRANCOS o saudoso mestre Darcy Ribeiro deu a receita para libertação do povo brasileiro: “Desejo apenas que este livro faça algum jovem pensar que é tempo de tomar este país nas mãos. Para construir aqui a beleza de nação que podemos ser. Havemos de ser! Para tanto, é indispensável impedir o passado de construir o futuro: quero dizer, tirar da gente que nos regeu e infelicitou através dos séculos o poder de continuar conformando-deformando nosso destino”.   (*) Hari Alexandre Brust é dirigente do PDT na Bahia (BA).

A divisão do Brasil em capitanias hereditárias por Dom João III, em 1534, gerou em nosso país uma casta que por sua vez, produziu a atual elite brust.imagemdominante.

Os donatários, na maioria fidalgos da corte, sem recursos suficientes para desenvolver suas capitanias, redistribuíram essas glebas através da concessão de sesmarias. Nascia aí, há 470 anos, a atual estrutura fundiária do nosso país. Aí estão fincadas as raízes da maior concentração de renda do mundo em que, 1º dos mais ricos, detém 27% de toda renda do país.

Sucederam-se 350 anos de regime escravocrata. Estima-se que 5 a 6 milhões de indígenas tenham sido mortos nesse período, além de outros tantos negros trazidos da África. Para que se tenha uma ideia do que representa esse genocídio, em 1900 a população total do Brasil era de 17,3 milhões de habitantes.

Assim, decorridos mais de 500 anos do nosso achamento, não há como se duvidar da incompetência da classe política brasileira para atender às necessidades básicas do povo, enquanto isso a elite legisla e promove medidas de interesse próprio, cria privilégios para minorias dominantes, pratica nepotismo, favorece o clientelismo e a corrupção.

São mais de 500 anos de exploração e espoliação. São mais de 500 anos de dominação colonialista. O povo, com razão, está perplexo, decepcionado, frustrado.

Um país de infinitas riquezas, ostentando o título de 8ª economia do mundo, é no entanto, o 75º em desenvolvimento humano e, segundo o Banco Mundial, a taxa de pobreza do Brasil é da ordem de 5%, o que significa dizer que mais de 10 milhões de brasileiros estão vivendo sem alimentação, sem habitação, sem educação, sem saúde, sem emprego e o que é pior: sem expectativa de uma vida digna. Infelizmente, a população abaixo da linha de pobreza do Brasil, ainda é maior do que toda população do Paraguai e do Uruguai.

A elite, todavia, prefere o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo e, todas as vezes que o povo elege um governante comprometido com o combate às desigualdades sociais, com a libertação do nosso país das garras do polvo capitalista, ela se levanta contra os defensores dos interesses da nossa gente para preservar sua herança donatária.

Foi essa casta que “suicidou” Getúlio em 1954, que pressionou Jânio Quadros até a renúncia em 1961, que inicialmente vetou a posse do vice João Goulart e que depois o derrubou em 1964. Só engoliram o Lula, porque os contemplou com a vice Presidência, além de manter a política econômica de FHC. Agora, inconformados com a derrota eleitoral, tentam de forma inescrupulosa afastar a Presidenta Dilma e o elitizado Temer, eleito por Ela, está para a Presidência, assim como um menino que não vê a hora de pegar o pirolito.

É assim que a elite constrói o nosso país para eles e é assim que pretendem preservá-lo, tudo as custas da miséria e do sofrimento do nosso povo.

Em seu livro AOS TRANCOS E BARRANCOS o saudoso mestre Darcy Ribeiro deu a receita para libertação do povo brasileiro: “Desejo apenas que este livro faça algum jovem pensar que é tempo de tomar este país nas mãos. Para construir aqui a beleza de nação que podemos ser. Havemos de ser! Para tanto, é indispensável impedir o passado de construir o futuro: quero dizer, tirar da gente que nos regeu e infelicitou através dos séculos o poder de continuar conformando-deformando nosso destino”.

 

(*) Hari Alexandre Brust é dirigente do PDT na Bahia (BA).