Goura alerta que água consumida no Paraná está contaminada com “coquetel” de agrotóxicos


Ascom deputado Goura
23/04/2019

“Neste copo de água, deputados, são encontrados 27 tipos de agrotóxicos. Isto porque, entre os mais de 300 produtos permitidos no Brasil, apenas 27 são testados”, disse o deputado Goura no pronunciamento feito, nessa segunda-feira (22), no Plenário da Assembleia Legislativa do Paraná.

Ele discursou sobre a denúncia feita pela reportagem do Repórter Brasil, Public Eye e a Agência Pública: “Coquetel” com 27 agrotóxicos foi achado na água de 1 em cada 4 municípios, no período de 2014 a 2017, divulgada no dia 15 de abril.

Desses compostos, 16 são considerados extremamente ou altamente tóxicos pela Anvisa, enquanto 11 estão associados a problemas como disfunções hormonais e reprodutivas, malformação fetal e câncer, segundo a reportagem.

PARANÁ É O SEGUNDO EM CONTAMINAÇÃO
“Os dados da matéria mostram que o Paraná é o segundo estado com mais casos de contaminação por agrotóxicos. O primeiro é São Paulo. Depois vem o Paraná, com 326 cidades afetadas, ou seja, em 81,7% dos municípios paranaenses foi detectado o ‘coquetel de veneno’”, informou Goura.

O deputado alertou que estão envenenando os brasileiros diariamente. “De 2007 a 2017, data do último levantamento oficial, foram notificados cerca de 40 mil casos de intoxicação aguda por causa de agrotóxicos. E resultou na morte de 1.900 pessoas”.

“O Paraná é o estado com o maior número de casos relatados. Segundo a Secretaria da Saúde foram 4.761 vítimas de venenos agrícolas entre 2007 e 2017”, informou Goura, que explicou que os dados utilizados são do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde.

A reportagem citada pelo deputado explica que o SUS não monitora a interação entre as substâncias, só a sua presença. Porque os agentes químicos são avaliados isoladamente, em laboratório, e se ignoram os efeitos das misturas.

“Com isso, a população é vítima de duas injustiças: beber água contaminada e não saber que foi essa a causa de eventuais doenças”, disse. Goura usou os dados referentes à Curitiba como exemplo. “Foram 27 agrotóxicos detectados na água que abastece Curitiba entre 2014 e 2017. Do total, 11 associados às doenças crônicas como câncer, defeitos congênitos e distúrbios endócrinos.

Limites inaceitáveis
O deputado, contudo, explicou que a reportagem explica que nenhum agrotóxico foi detectado em concentração acima do limite considerado seguro no Brasil na água de Curitiba. E que tais níveis não ultrapassam os limites do Ministério da Saúde.

“Mas essa exposição preocupa?”, questionou Goura, para responder a seguir: “Sim. Porque do ponto de vista de níveis aceitáveis, o Brasil tem níveis até 5 mil vezes maiores do que os da Europa e EUA. E perguntamos: Será que o brasileiro tolera mais veneno que o europeu?”.

“Do total de 27 pesticidas encontrados na água dos brasileiros, 21 estão proibidos na União Europeia devido aos riscos que oferecem à saúde e ao meio ambiente. E os níveis encontrados no Paraná e no Brasil não seriam tolerados”.

A solução é proibir
O deputado disse que para solucionar o problema, a política de permissão do uso de agrotóxicos deve mudar. Só nos primeiros 100 dias do Governo de Jair Bolsonaro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento autorizou o uso de 121 produtos agrotóxicos.

“Da nossa parte estamos protocolando pedido de informações à Sanepar sobre a qualidade da água e sobre como é feito o controle da contaminação por agrotóxicos. Também apoiamos o projeto do deputado Tadeu Veneri, que proíbe a pulverização aérea no Paraná”.

Goura fez um apelo aos deputados. “Queremos que os colegas se manifestem com a mesma preocupação demonstrada recentemente nos protestos contra o aumento da tarifa de água pela Sanepar e confirmado pela Agepar, no dia 15 de abril”.

BASTA!
“Não é possível que em nome do lucro indiscriminado se continue a contaminar, a adoecer e matar as pessoas. Também não é admissível que se comprometa a natureza com o uso indiscriminado de agrotóxicos”, concluiu Goura.