Em Manaus, Meio Ambiente e Amazônia

"O Brasil corre o risco de sofrer uma intervenção das Nações Unidas em no máximo 10 anos – e ninguém nos socorrerá – se não parar imediatamente com a destruição da floresta amazônica e o desequilíbrio ecológico que está causando no planeta", advertiu o ex-senador Evandro Carreira na palestra de abertura da reunião sobre Meio Ambiente - preparatória ao IV Congresso do PDT - realizada em Manaus nesta última sexta-feira, (22/2), no auditório da Escola Superior da Magistratura do Estado do Amazonas.
 
Defensor radical da floresta, Evandro acha necessário que todas as saídas e entradas da Amazônia sejam imediatamente fechadas com a ajuda das Forças Armadas para impedir que continue a devastação: "É um absurdo que se fale em desenvolvimento sustentável ou mesmo manejo de espécies sem que se tenha feito, antes, um inventário completo do que existe na Amazônia". Contrariando hábito antigo, Evandro Carreira preparou texto síntese da palestra e o leu para os presentes, incluindo, de improviso, comentários diversos.
 
Segundo ele, a situação é tão grave que preferiu fazer a denúncia por escrito aos pedetistas, como alerta a todos os brasileiros que se preocupam com a Amazônia. Explicou que a região possui  um ecossistema complexo, interligado a milhões de ecossistemas menores, que por sua vez abrigam bilhões de espécies que interagem e se entrelaçam entre si, criando a biodiversidade local que é única no planeta.
 
Como exemplo da delicadeza da Amazônia citou o plantio de castanheiras no Encontro das Águas de Manaus, em 1925, pelo naturalista Cosme Ferreira Filho. Embora Ferreira Filho estimasse que as castanheiras começassem a produzir em 10 anos, só muito tempo depois de plantadas é que descobriu, como elas não floriam, observando as imponentes castanheiras em seu habitat natural, que a polinização da espécie só se dá graças  à ação de um pequeno pulgão que habita a embaúba, árvore muito menos nobre.
 
"Cada nicho biológico, cada ecossistema tem a sua música, o seu equilíbrio numa grande sinfonia", observou, criticando o desconhecimento e mesmo a ignorância de parlamentares e administradores públicos da região sobre a complexidade do ecossistema amazônico. Segundo Evandro, essas pessoas "insistem em obedecer à orientação do capitalismo selvagem de impor o falso progresso, idolatrando o consumismo e o imediatismo suicida".
 
-- O Teatro Amazonas é um verdadeiro atestado da burrice de nossos ancestrais. De 1870 a 1910, no ciclo da borracha, exportamos em látex o equivalente a 300 toneladas anuais de ouro sem plantar uma única seringueira. Sem falar na derrubada das árvores, há séculos exportamos toneladas de couro de jacaré e consumimos milhões de toneladas de peixes sem qualquer tipo de preocupação preservacionista. Isto é um crime! Isto tem que parar! Dá vontade de chorar quando se sabe que a China exportou 8 milhões de toneladas de Tambaquis, criados em cativeiro lá, para a Ásia!
 
A floresta como um todo, afirmou, é um tesouro único que precisa ser preservado. Explicou que a Amazônia possui 40 milhões de hectares de várzeas, solos riquíssimos, que podem ser explorados sem qualquer dano à floresta. Nelas é possível se desenvolver qualquer tipo de atividade agrícola, sem falar na criação de espécies amazônicas valorizadas como peixes diversos e até mesmo jacarés E isto sem qualquer dano ao meio ambiente. Na sua opinião, "é criminoso permitir a pecuária na Amazônia".
 
Manoel Dias, que dirigiu os trabalhos após a rápida a abertura de manhã pelo senador Jefferson Peres, que se ausentou para acompanhar o ministro Carlos Lupi em visita oficial a Manaus, saudou "o fervor juvenil" do senador Evandro Carreira . Dias registrou a presença, entre outros, de Lana Elisa, presidente da JS-PDT do Amazonas; de Noêmia Fernandes, presidente do Movimento de Mulheres; e do presidente da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini, Rui Gomes, além de dezenas de militantes, vereadores, secretários e, ainda, do vice-governador do Pará, Odair Correa, que se deslocou para Manaus para participar do encontro.
 
Natural de Santarém, Correa pediu o apoio dos pedetistas presentes – e se possível a inclusão no documento final do IV Congresso - da  idéia de que o governo federal crie o Ministério da Amazônia – iniciativa também defendida por Brizola em seu programa de governo de 1989 – como forma de cuidar dos problemas da região de maneira unificada na busca das soluções urgentes que a região necessita.
 
Na sua primeira intervenção, Manoel Dias falou sobre os encontros preparatórios ao IV Congresso já realizados (Fortaleza, São Paulo, Recife e Goiânia), cada um sobre um tema, e da decisão da Executiva de priorizar ações voltadas para a criação de núcleos de base. Também se estendeu sobre o projeto da Universidade Leonel Brizola e a importância de se levar, aos mais distantes diretórios do PDT, via satélite e via televisão, cursos de formação política à distância. “O PDT está revolucionando a forma de se fazer política e é fundamental que cada companheiro conheça esse projeto e colabore com ele”, afirmou.
 
-- A ULB precisa se instalar onde o PDT estiver, em todos os pontos do Brasil, inclusive na casa de companheiros. Já temos mais de 350 salas espalhadas por todo território brasileiro, cerca de 10 mil alunos inscritos, sendo 5 mil através da Internet. Uma tele-sala custa cerca de mil reais e precisamos nos capacitar para fazer o partido crescer cada vez mais alinhado com as nossas causas e compromissos históricos.
 
O segundo palestrante do dia, Virgílio Viana, Secretário de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, que no início de sua vida profissional trabalhou com Darcy Ribeiro no Rio de Janeiro no Programa Especial de Educação, responsável pela construção dos Cieps, elogiou o PDT pela iniciativa de levar para Manaus a discussão sobre Meio Ambiente. Na sua opinião, um dos grandes desafios para o povo brasileiro, hoje, é construir um projeto nacional para a Amazônia e implementá-lo.
 
Na sua opinião, o Brasil não tem projeto algum para a Amazônia e por causa disto, a cada dia que passa, o desmatamento é um perigo real e imediato para a região. “O Brasil precisa despertar para esta realidade porque a floresta é essencial para o país e para o planeta”, destacou. Acrescentou que é fundamental que o Brasil desenvolva uma visão de longo prazo para a região, já que embora tenha arrefecido em seu ritmo – a destruição da floresta continua embora as árvores em pé sejam muito mais valiosas do que cortadas.
 
Valendo-se de imagens de satélites e projeções feitas em computador, Viana mostrou o desmatamento hoje a as projeções – se nada for feito para evitá-lo – dele até 2030. Argumentou que o Brasil precisa mudar de paradigma porque a idéia de que progresso é desmatamento e a substituição das árvores por lavouras ou agropecuária, precisa acabar. “Foi assim que destruíram 93% da Mata Atlântica e as araucárias do Sul do Brasil, precisamos mudar esse paradigma”, advertiu.  Um dos caminhos para isto, acrescentou, é valorizar cada vez mais os produtos da floresta, como os peixes, os óleos e ervas com aplicações médicas, e a própria madeira – estas através de manejos sustentáveis.
 
-- Precisamos criar uma lógica econômica que leve as pessoas a ter uma atitude preservacionista. A floresta vale mais em pé, intacta do que no chão. É possível promover grande crescimento econômico com conservação – destacou.
 
Viana disse também que a Zona Franca de Manaus ajudou a preservar a floresta, na medida em que deu as pessoas outras opções de renda que não fosse a derrubada de árvores. Destacou também, depois de mostrar um vídeo sobre o comportamento das nuvens de chuva na atmosfera terrestre, que cerca de 1,7 trilhão de metros cúbicos de água  - verdadeiros rios aéreos circundam o planeta - descendo ao solo em forma de chuvas e subindo aos céus em forma de vapor pelo calor do Sol – com a ajuda da floresta Amazônica. E se ela acabar, isto afetará gravemente todo o clima mundial.
 
-- Por isso a preservação da Amazônia é importante para o planeta e para o Brasil – garantiu – embora a sociedade brasileira ainda não se tenha dado conta disto. Precisamos discutir esse assunto na construção de um projeto nacional para o Brasil – afirmou.
 
É fundamental, acrescentou, incluir o carbono da floresta em pé no novo Acordo de Kyoto – trabalho que já vem sendo desenvolvido pelo governador do Amazonas, Eduardo Braga (PT) e é fundamental, na sua opinião, que todo o Brasil compreenda esta luta.
 
Virgílio Viana explicou aos presentes também detalhes do programa Bolsa Floresta, desenvolvido pela sua secretaria, de pagar um subsídio básico para que o cabloco da Amazônia não desmate, pelo contrário, preserve espécies e árvores. Também está tocando programas de treinamento de jovens para que eles adquiram noções sobre a importância da preservação das árvores e dos bichos . Mais adiante, explicou a polêmica sobre a construção da BR-119, cortando todo o estado do Amazonas, ou uma ferrovia.
 
Com base em fotos de satélite e análise detalhada do impacto da construção de estradas no Pará e no Acre, mostrando que o desmatamento avança ao longo das rodovias facilitado pela falta de fiscalização, facilidade de acesso à mata e grilagem de terras – enquanto que nas ferrovias, pelo fato do trem só parar em estações predeterminadas, o desmatamento é muito mais lento ou quase inexistente principalmente pela maior eficiência da fiscalização.
 
O grande desafio para promover o preservacionismo é fazer políticas econômicas inteligentes, fundamentais para a sobrevivência da população ribeirinha. “Infelizmente o Banco da Amazônia financeira projetos pecuários e não se preocupa em financiar projetos que preservem a floresta”, afirmou.  Acrescentou que é importantíssimo que a Zona Franca de Manaus se abra para a produção de produtos regionais provenientes da Floresta, citou como exemplo uma cooperativa de produtores de açaí que hoje exporta até para o exterior, em vez de se concentrar na produção de celulares e produtos eletro-eletrônicos.
 
Além de defender a construção da ferrovia, disse que não faz sentido que não exista no Amazonas uma grande indústria de navios para fazer frente aos desafios dos rios amazônicos que, por sua vez, são as grandes estradas da região – não fazendo qualquer sentido estimular a construção de rodovias por dentro da floresta.
 
Outros palestrantes se multiplicaram, falando sobre a biodiversidade e o trabalho no Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa); o crescimento de Manaus, onde se concentra 55% da população do Estado do Amazonas, hoje com quase 2 milhões de habitantes; da importância da Suframa, que administra a Suframa; sobre as oportunidades econômicas que a Amazônia oferece, palestra a cargo do professor Jefferson Praia, da Semdel, da prefeitura de Manaus; e a criação do Ministério da Amazônia.
 
O evento foi encerrado com na presença do ministro Carlos Lupi que, por sua vez, ressaltou a importância da floresta e da Amazônia para todos os brasileiros, saudou a todos os presentes e falou um pouco sobre a gestão do PDT à frente do Ministério do Trabalho em Emprego. De lá Lupi seguiu para o aeroporto, de onde viajou para Belém – onde participou do encontro sobre Trabalho e Trabalhismo.
 
Já estão programados também os encontros regionais de Belo Horizonte (dia 26); Florianópolis (dia 3) e Porto Alegre (dia 8). Por motivos diversos não foram realizadas as reuniões de Salvador e São Luiz, que já estão sendo viabilizadas em outras datas. O IV Congresso Nacional do PDT está marcado para os dias 18, 19 e 20 de abril próximos.
    

“O Brasil corre o risco de sofrer uma intervenção das Nações Unidas em no máximo 10 anos – e ninguém nos socorrerá – se não parar imediatamente com a destruição da floresta amazônica e o desequilíbrio ecológico que está causando no planeta”, advertiu o ex-senador Evandro Carreira na palestra de abertura da reunião sobre Meio Ambiente – preparatória ao IV Congresso do PDT – realizada em Manaus nesta última sexta-feira, (22/2), no auditório da Escola Superior da Magistratura do Estado do Amazonas.

 

Defensor radical da floresta, Evandro acha necessário que todas as saídas e entradas da Amazônia sejam imediatamente fechadas com a ajuda das Forças Armadas para impedir que continue a devastação: “É um absurdo que se fale em desenvolvimento sustentável ou mesmo manejo de espécies sem que se tenha feito, antes, um inventário completo do que existe na Amazônia”. Contrariando hábito antigo, Evandro Carreira preparou texto síntese da palestra e o leu para os presentes, incluindo, de improviso, comentários diversos.

 

Segundo ele, a situação é tão grave que preferiu fazer a denúncia por escrito aos pedetistas, como alerta a todos os brasileiros que se preocupam com a Amazônia. Explicou que a região possui  um ecossistema complexo, interligado a milhões de ecossistemas menores, que por sua vez abrigam bilhões de espécies que interagem e se entrelaçam entre si, criando a biodiversidade local que é única no planeta.

 

Como exemplo da delicadeza da Amazônia citou o plantio de castanheiras no Encontro das Águas de Manaus, em 1925, pelo naturalista Cosme Ferreira Filho. Embora Ferreira Filho estimasse que as castanheiras começassem a produzir em 10 anos, só muito tempo depois de plantadas é que descobriu, como elas não floriam, observando as imponentes castanheiras em seu habitat natural, que a polinização da espécie só se dá graças  à ação de um pequeno pulgão que habita a embaúba, árvore muito menos nobre.

 

“Cada nicho biológico, cada ecossistema tem a sua música, o seu equilíbrio numa grande sinfonia”, observou, criticando o desconhecimento e mesmo a ignorância de parlamentares e administradores públicos da região sobre a complexidade do ecossistema amazônico. Segundo Evandro, essas pessoas “insistem em obedecer à orientação do capitalismo selvagem de impor o falso progresso, idolatrando o consumismo e o imediatismo suicida”.

 

— O Teatro Amazonas é um verdadeiro atestado da burrice de nossos ancestrais. De 1870 a 1910, no ciclo da borracha, exportamos em látex o equivalente a 300 toneladas anuais de ouro sem plantar uma única seringueira. Sem falar na derrubada das árvores, há séculos exportamos toneladas de couro de jacaré e consumimos milhões de toneladas de peixes sem qualquer tipo de preocupação preservacionista. Isto é um crime! Isto tem que parar! Dá vontade de chorar quando se sabe que a China exportou 8 milhões de toneladas de Tambaquis, criados em cativeiro lá, para a Ásia!

 

A floresta como um todo, afirmou, é um tesouro único que precisa ser preservado. Explicou que a Amazônia possui 40 milhões de hectares de várzeas, solos riquíssimos, que podem ser explorados sem qualquer dano à floresta. Nelas é possível se desenvolver qualquer tipo de atividade agrícola, sem falar na criação de espécies amazônicas valorizadas como peixes diversos e até mesmo jacarés E isto sem qualquer dano ao meio ambiente. Na sua opinião, “é criminoso permitir a pecuária na Amazônia”.

 

Manoel Dias, que dirigiu os trabalhos após a rápida a abertura de manhã pelo senador Jefferson Peres, que se ausentou para acompanhar o ministro Carlos Lupi em visita oficial a Manaus, saudou “o fervor juvenil” do senador Evandro Carreira . Dias registrou a presença, entre outros, de Lana Elisa, presidente da JS-PDT do Amazonas; de Noêmia Fernandes, presidente do Movimento de Mulheres; e do presidente da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini, Rui Gomes, além de dezenas de militantes, vereadores, secretários e, ainda, do vice-governador do Pará, Odair Correa, que se deslocou para Manaus para participar do encontro.

 

Natural de Santarém, Correa pediu o apoio dos pedetistas presentes – e se possível a inclusão no documento final do IV Congresso – da  idéia de que o governo federal crie o Ministério da Amazônia – iniciativa também defendida por Brizola em seu programa de governo de 1989 – como forma de cuidar dos problemas da região de maneira unificada na busca das soluções urgentes que a região necessita.

 

Na sua primeira intervenção, Manoel Dias falou sobre os encontros preparatórios ao IV Congresso já realizados (Fortaleza, São Paulo, Recife e Goiânia), cada um sobre um tema, e da decisão da Executiva de priorizar ações voltadas para a criação de núcleos de base. Também se estendeu sobre o projeto da Universidade Leonel Brizola e a importância de se levar, aos mais distantes diretórios do PDT, via satélite e via televisão, cursos de formação política à distância. “O PDT está revolucionando a forma de se fazer política e é fundamental que cada companheiro conheça esse projeto e colabore com ele”, afirmou.

 

— A ULB precisa se instalar onde o PDT estiver, em todos os pontos do Brasil, inclusive na casa de companheiros. Já temos mais de 350 salas espalhadas por todo território brasileiro, cerca de 10 mil alunos inscritos, sendo 5 mil através da Internet. Uma tele-sala custa cerca de mil reais e precisamos nos capacitar para fazer o partido crescer cada vez mais alinhado com as nossas causas e compromissos históricos.

 

O segundo palestrante do dia, Virgílio Viana, Secretário de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, que no início de sua vida profissional trabalhou com Darcy Ribeiro no Rio de Janeiro no Programa Especial de Educação, responsável pela construção dos Cieps, elogiou o PDT pela iniciativa de levar para Manaus a discussão sobre Meio Ambiente. Na sua opinião, um dos grandes desafios para o povo brasileiro, hoje, é construir um projeto nacional para a Amazônia e implementá-lo.

 

Na sua opinião, o Brasil não tem projeto algum para a Amazônia e por causa disto, a cada dia que passa, o desmatamento é um perigo real e imediato para a região. “O Brasil precisa despertar para esta realidade porque a floresta é essencial para o país e para o planeta”, destacou. Acrescentou que é fundamental que o Brasil desenvolva uma visão de longo prazo para a região, já que embora tenha arrefecido em seu ritmo – a destruição da floresta continua embora as árvores em pé sejam muito mais valiosas do que cortadas.

 

Valendo-se de imagens de satélites e projeções feitas em computador, Viana mostrou o desmatamento hoje a as projeções – se nada for feito para evitá-lo – dele até 2030. Argumentou que o Brasil precisa mudar de paradigma porque a idéia de que progresso é desmatamento e a substituição das árvores por lavouras ou agropecuária, precisa acabar. “Foi assim que destruíram 93% da Mata Atlântica e as araucárias do Sul do Brasil, precisamos mudar esse paradigma”, advertiu.  Um dos caminhos para isto, acrescentou, é valorizar cada vez mais os produtos da floresta, como os peixes, os óleos e ervas com aplicações médicas, e a própria madeira – estas através de manejos sustentáveis.

 

— Precisamos criar uma lógica econômica que leve as pessoas a ter uma atitude preservacionista. A floresta vale mais em pé, intacta do que no chão. É possível promover grande crescimento econômico com conservação – destacou.

 

Viana disse também que a Zona Franca de Manaus ajudou a preservar a floresta, na medida em que deu as pessoas outras opções de renda que não fosse a derrubada de árvores. Destacou também, depois de mostrar um vídeo sobre o comportamento das nuvens de chuva na atmosfera terrestre, que cerca de 1,7 trilhão de metros cúbicos de água  – verdadeiros rios aéreos circundam o planeta – descendo ao solo em forma de chuvas e subindo aos céus em forma de vapor pelo calor do Sol – com a ajuda da floresta Amazônica. E se ela acabar, isto afetará gravemente todo o clima mundial.

 

— Por isso a preservação da Amazônia é importante para o planeta e para o Brasil – garantiu – embora a sociedade brasileira ainda não se tenha dado conta disto. Precisamos discutir esse assunto na construção de um projeto nacional para o Brasil – afirmou.

 

É fundamental, acrescentou, incluir o carbono da floresta em pé no novo Acordo de Kyoto – trabalho que já vem sendo desenvolvido pelo governador do Amazonas, Eduardo Braga (PT) e é fundamental, na sua opinião, que todo o Brasil compreenda esta luta.

 

Virgílio Viana explicou aos presentes também detalhes do programa Bolsa Floresta, desenvolvido pela sua secretaria, de pagar um subsídio básico para que o cabloco da Amazônia não desmate, pelo contrário, preserve espécies e árvores. Também está tocando programas de treinamento de jovens para que eles adquiram noções sobre a importância da preservação das árvores e dos bichos . Mais adiante, explicou a polêmica sobre a construção da BR-119, cortando todo o estado do Amazonas, ou uma ferrovia.

 

Com base em fotos de satélite e análise detalhada do impacto da construção de estradas no Pará e no Acre, mostrando que o desmatamento avança ao longo das rodovias facilitado pela falta de fiscalização, facilidade de acesso à mata e grilagem de terras – enquanto que nas ferrovias, pelo fato do trem só parar em estações predeterminadas, o desmatamento é muito mais lento ou quase inexistente principalmente pela maior eficiência da fiscalização.

 

O grande desafio para promover o preservacionismo é fazer políticas econômicas inteligentes, fundamentais para a sobrevivência da população ribeirinha. “Infelizmente o Banco da Amazônia financeira projetos pecuários e não se preocupa em financiar projetos que preservem a floresta”, afirmou.  Acrescentou que é importantíssimo que a Zona Franca de Manaus se abra para a produção de produtos regionais provenientes da Floresta, citou como exemplo uma cooperativa de produtores de açaí que hoje exporta até para o exterior, em vez de se concentrar na produção de celulares e produtos eletro-eletrônicos.

 

Além de defender a construção da ferrovia, disse que não faz sentido que não exista no Amazonas uma grande indústria de navios para fazer frente aos desafios dos rios amazônicos que, por sua vez, são as grandes estradas da região – não fazendo qualquer sentido estimular a construção de rodovias por dentro da floresta.

 

Outros palestrantes se multiplicaram, falando sobre a biodiversidade e o trabalho no Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa); o crescimento de Manaus, onde se concentra 55% da população do Estado do Amazonas, hoje com quase 2 milhões de habitantes; da importância da Suframa, que administra a Suframa; sobre as oportunidades econômicas que a Amazônia oferece, palestra a cargo do professor Jefferson Praia, da Semdel, da prefeitura de Manaus; e a criação do Ministério da Amazônia.

 

O evento foi encerrado com na presença do ministro Carlos Lupi que, por sua vez, ressaltou a importância da floresta e da Amazônia para todos os brasileiros, saudou a todos os presentes e falou um pouco sobre a gestão do PDT à frente do Ministério do Trabalho em Emprego. De lá Lupi seguiu para o aeroporto, de onde viajou para Belém – onde participou do encontro sobre Trabalho e Trabalhismo.

 

Já estão programados também os encontros regionais de Belo Horizonte (dia 26); Florianópolis (dia 3) e Porto Alegre (dia 8). Por motivos diversos não foram realizadas as reuniões de Salvador e São Luiz, que já estão sendo viabilizadas em outras datas. O IV Congresso Nacional do PDT está marcado para os dias 18, 19 e 20 de abril próximos.