Debandada das multinacionais precarizará ainda mais a vida dos brasileiros

Foto: Elchinator/Pixabay

Por Milton Cavalo
27/01/2021

A crise provocada pela pandemia só acentuou uma situação de desaceleração da economia, que já estava em declínio

A economia brasileira derrete. Sem projeção de retomada, sem um projeto de recuperação da economia e com o presidente afirmando que “não se tem nada a fazer, pois o país está quebrado”, as multinacionais estão em debandada.

Grandes corporações como Ford, Sony, 3M, Mercedes-Benz, Laboratórios Roche, cervejaria Brasil Kirin, Nikon, Walmart, Audi, dentre outras, anunciaram a retirada de suas plantas ou reduziram drasticamente suas atividades, deixando um rastro de milhares de trabalhadores desempregados.

A crise provocada pela pandemia, utilizada como principal argumento pelas empresas, em realidade, só acentuou uma situação de desaceleração da economia, que já estava em declínio, nublando assim qualquer projeção por uma retomada do mercado no Brasil.

Nem mesmo a Reforma Trabalhista, ao final de 2017, que precarizou a mão de obra ao retirar direitos essenciais aos trabalhadores e, consequentemente, reduziu o custo da produção, foi suficientemente atrativo para a permanência das indústrias transnacionais.

O cenário é de incertezas: alta taxa de desemprego, fim do auxílio emergencial, custo de vida em elevação, queda no consumo e ausência de um plano nacional de recuperação da economia, para dirigentes das grandes corporações, não há perspectivas a médio e longo prazos.

O processo de desindustrialização do Brasil impactará negativamente toda economia, já que as grandes indústrias, além dos empregos diretos, atrelam milhares de empresas menores em sua cadeia produtiva.

Com isso, o que se desenvolve são empregos no segmento de serviços, que sofrem um processo contínuo e acentuado de precarização do trabalho como home-office, em casos abusivos, uberização e retirada, quase plena, de direitos trabalhistas, sem gerar trabalho e renda dignos para a população, que fica estagnada para o consumo, resumindo-se às necessidades básica, à subsistência.

Em meio à crise da indústria, a população ainda tem de enfrentar uma alta no custo de vida, principalmente nos ingredientes básicos da mesa do brasileiro. Segundo estudo divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), itens como alimentos e energia elétrica, impactarão significativamente nos orçamentos familiares.

O Brasil atravessou 2020 equilibrando-se no auxílio emergencial, que atenuou o desastre econômico, ingressou 2021 com um cenário ainda mais alarmante: fim da renda mínima, que amparou os mais vulneráveis, empresas multinacionais partindo em debandada, milhares de comércios fechados, 15 milhões de desempregados e elevação do custo de vida.

Em meio a um cenário de iminente colapso econômico e social, o país encontra-se à deriva e o governo federal não faz o menor sinal por um plano nacional de recuperação para conter o derretimento da economia.

Doente, o Brasil necessita de dois remédios: vacina e impeachment.

*Milton Cavalo é presidente nacional do Movimento Sindical do PDT.