Centenário de Neiva Moreira: um marco na história do PDT


FLB-AP/Bruno Ribeiro
10/10/2017

O Brasil, atualmente, retrata ataques intensos do capital sobre o trabalho, do econômico perante o social, da elite contra o povo. Diante da história da nação, os fatos não são inéditos, da mesma forma que o combate feito pelos trabalhistas também não. Para retratar a linha de frente dos combates democráticos, surge o nome de José Guimarães Neiva Moreira, jornalista e deputado federal e estadual pelo Maranhão que, hoje (10), completaria 100 anos.

Nascido em Nova Iorque (MA), cidade localizada a 496 quilômetros de São Luís, Neiva Moreira, como era conhecido, foi um parlamentar pedetista combatente, nacionalista, patriota e comprometido com as causas sociais. Com o Golpe Militar, em 1964, Neiva Moreira foi deposto e exilado. Após a anistia, ajudou a fundar, ao lado de Leonel Brizola, o PDT. Na década de 80, foi nomeado secretário de Comunicação Social e presidente do Banco de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro.

Na Câmara dos Deputados, uma das marcas da sua atuação foi durante a votação da PEC 40, em 2003, que tratava da reforma da Previdência. Na tribuna, como líder da bancada do partido, mostrou sua posição contrária às mudanças nos direitos dos cidadãos, com destaque para as críticas à taxação de inativos e pensionistas do serviço público, acompanhando a decisão tomada pela Executiva Nacional do PDT na época.

“Não será com a taxação dos servidores, que contribuíram regularmente durante toda a sua vida, que o déficit da Previdência será reduzido. A medida é injusta, porque condiciona as aposentadorias a contribuições dos próprios aposentados. Afinal, não são os aposentados que devem pagar suas aposentadorias, mas sim os trabalhadores da ativa” relatava Moreira.

“Combater a desigualdade estrutural e o atual sistema injusto não reside no enfraquecimento econômico daqueles que já têm suas aposentadorias minguadas por constantes crises sociais”, completou Neiva, que também era membros da Academia Maranhense de Letras.

Em outro momento, exaltou a firmeza e coerência da sigla, que ajudou a fundar ao lado de Leonel Brizola, ao ler a mensagem da Direção Nacional do PDT à bancada: “Por considerar inúmeras as injustiças cometidas em nome de uma necessária reestruturação da Previdência Social — que todos reconhecemos ser necessária, mas com critérios corretos, que faça justiça aos servidores e preserve o povo —, votamos contrariamente à proposta de emenda constitucional em votação em segundo turno na Câmara dos Deputados”.

Patrimônio público

Para ele, a Petrobras sempre foi um marco de exaltação da força do Estado como força motriz do desenvolvimento do país. No microfone do Congresso, fazia questão de defender a empresa criada por Getúlio Vargas e relembrar a famosa frase do ex-presidente: “O petróleo é nosso!”

“Esta Casa foi um campo extraordinário de luta. Acreditar que estava tudo fácil para a Petrobras começar a funcionar é um equívoco. Não era assim, não. O petróleo era uma coisa distante, complexa, difícil, um ramo impenetrável. Algumas pessoas não entendiam de petróleo, mas sabiam das dificuldades que do Brasil para ter uma indústria nacional. Não era fácil. De outro lado, havia a presença abusiva das grandes empresas internacionais de petróleo”, explicou.