As nada populares escolas cívico-militares

Foto: Marcelo Camargo/EBC

Por Lauri Bernandes
01/03/2021

Basta um pouquinho de conhecimento sobre a história da educação brasileira para saber que o certo seria dar continuidade ao projeto que Darcy Ribeiro e Leonel Brizola iniciaram no Rio de Janeiro

 

Sabemos do desespero dos trabalhadores que são pais e mães e dependem da escola pública para um futuro melhor para seus filhos. Mas não se enganem! Embora sejam vendidas como populares e acessíveis para todos, as escolas cívico-militares não são a solução, e nesse artigo vamos mostrar o motivo dessa afirmação.

Basta um pouquinho de conhecimento sobre a história da educação brasileira para saber que o certo seria dar continuidade ao projeto que Darcy Ribeiro e Leonel Brizola iniciaram no Rio de Janeiro, onde construíram mais de 500 CIEPS.

Assim, mantendo as crianças o dia inteiro nas escolas públicas e de qualidade, é possível fornecer uma educação verdadeira para todos os filhos e filhas de trabalhadores(as) igualitariamente e ainda deixando os pais tranquilos com as crianças nas escolas durante os dois turnos aprendendo de forma multidisciplinar.

Motivos que mostram que as escolas cívico-militares não são a solução

1º – O ingresso nas escolas cívico-militares não é para todas as crianças. Há um processo seletivo que acaba privilegiando as famílias mais abastadas, já que as crianças com melhores condições educacionais vão se sair melhor. Ou seja: não é uma escola realmente pública.
2º – As escolas cívico-militares, assim como o próprio modelo de hierarquia do exército, não condizem mais com a realidade do mundo globalizado.

3º – A educação exige liberdade de pensamentos e questionamentos e essa democracia do saber não faz parte da cultura das escolas militares.

4º – As escolas cívico-militares custam mais aos cofres públicos e não entregam mais educação. Reportagem do Observatório da Democracia mostrou que “pesquisas sobre escolas militares brasileiras revelam que os 13 colégios militares tidos como excelência de qualidade estão atrás de 400 escolas públicas que têm índices melhores que eles, sendo que o valor gasto com cada aluno, nesses colégios, é três vezes maior do que com quem estuda em escola pública regular”.

Educação é pública e de qualidade

Engana-se quem pensa que não há dinheiro para investir nas soluções adequadas para a solução brasileira. O turno integral, a valorização dos professores(as), o investimento nas escolas, em novas tecnologias, nas refeições, tudo isso é possível se houver vontade para se fazer.

Afinal, Darcy Ribeiro e Leonel Brizola fizeram mais de 500 CIEPS e certamente fazer tudo o que foi citado acima sairia mais barato do que os modelos das escolas cívico-militares.

E isso sem falar na exclusão das camadas mais pobres da população dessas escolas consideradas “melhores” ou que recebem maior investimento e doutrina militar.

Se essa fosse a solução, quantos países do mundo não estariam com escolas semelhantes? É preciso refletir sobre nosso país e nossa realidade para não cair em discursos simplistas que não vão melhorar a vida da população.