A precarização do trabalho como um dos fatores de agravamento da crise econômica


Por Gardel Rolim
23/12/2019

O debate político acerca da avaliação do Governo Federal tem se consolidado em torno da taxa de geração de emprego. E é bem verdade que alguns postos de trabalho de carteira assinada vêm sendo criados ao longo de 2019. Com a última Reforma Trabalhista aprovada em 2017, é possível que o trabalhador tenha sua carteira assinada, mas não possua condição de vida digna e adequada.

Resumindo: o trabalhador passou a ganhar menos, reduziu sua qualidade de vida e em consequência disso, deixa de consumir no mercado, agravando a crise econômica no país. Portanto, é necessário que avaliemos além da geração de emprego, a qualidade de vida das pessoas e as condições de emprego geradas. É preciso avaliar a carga horária empreendida nesse novo emprego e na nova carteira assinada.

Ainda, se de fato essa jornada de trabalho permita que um salário digno seja pago e que o trabalhador possa sustentar sua família. Observamos sistematicamente em Fortaleza, novos postos de trabalho sendo criados com pessoas ganhando bem menos que um salário mínimo e continuando na linha de extrema pobreza, mesmo estando trabalhando (guardando semelhanças históricas com a escravidão, onde trabalhavam apenas por moradia e alimentação).

Portanto, não é preciso apenas gerar emprego e sim, criar oportunidades com qualidade, salário justo e condições dignas de trabalho. Segundo o IBGE, faltou trabalho para 28,3 milhões de pessoas no 1° trimestre de 2019 e segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), a taxa de desocupação é de 11,8%, onde a taxa de subutilização é de 24,6% referente ao mesmo período. O levantamento aponta ainda que 11,8 milhões de pessoas trabalham sem carteira assinada no setor privado, também considerado um recorde na série histórica do IBGE.