A pedagogia do exemplo: o coletivo “Floripa pra Frente” e a defesa da democracia


Por Mauricio Conti
22/07/2020

O Brasil passa por um dos seus momentos mais sombrios. A coligação formada por uma parcela reacionária da sociedade brasileira, que, por falta de um representante se escondeu atrás de candidaturas neoliberais, associada a um “Lacerdismo” ressuscitado pela Operação Lava Jato,  e organizada através de uma sofisticada rede de notícias falsas – que contou inclusive com financiamento estranho ao ordenamento jurídico/eleitoral brasileiro, elegeu uma figura inapta para vida pública.

Se isso não fosse suficiente, a crise do Coronavírus vêm tirando a vida de milhões de pessoas em todo mundo, escancarando, até para os analistas econômicos mais ortodoxos da corrente liberal, o abismo social sempre denunciado pelas organizações internacionais de cooperação, pelas organizações do quarto (4°) setor (ONG’s), pelos estudos acadêmicos e pelos partidos políticos progressistas.

No Brasil a situação é ainda mais dramática, a ignorância associada a uma completa falta de empatia de nosso chefe de estado é responsável por quase 100 mil mortes no país. Em Santa Catarina, apesar de uma retórica mais palatável, o Governador do Estado compartilha a mesma visão de mundo do Presidente e, por conveniência política, uma vez tendo rompido com este, se associou às práticas sugeridas pelas organizações nacionais e internacionais de saúde, porém tão logo ficou claro que este momento não seria superado em um curto espaço de tempo, rapidamente cedeu aos interesses econômicos que o colocaram na cadeira de governador.

Florianópolis também enfrenta dificuldades no combate à pandemia, amplificadas pela falta de planejamento, de valorização dos servidores e do desmonte dos serviços públicos municipais e seus equipamentos, especialmente nas áreas de saúde e educação. A cidade tem se desenvolvido, sobretudo o seu setor produtivo intrinsecamente ligado à inovação, à revelia do poder público Municipal. Apesar de alguns espasmos de consciência e de articulação de um projeto para cidade, já se passaram 31 anos da redemocratização e a capital do estado ainda se apresenta para o mundo como uma província governada por clãs políticos que se alternam no gabinete de prefeito de quatro em quatro anos.

Sendo assim, em Florianópolis, os partidos políticos do campo progressista, desde o segundo turno da eleição presidencial de 2018, vêm se reunindo e construindo uma estratégia conjunta que dê conta de fazer o enfrentamento político necessário para barrar e reverter as ofensivas golpistas de suprimir os valores democráticos do debate público brasileiro.

O entendimento de que a transformação cultural, econômica e social começa na cidade foi o elemento agregador dos mais diversos atores políticos desta capital. Foi necessário superar um histórico de desunião, além de suprimir as predileções e vetos impostos pela dinâmica interna de cada uma das organizações e, ainda, foi necessário colocar a tática política/eleitoral individual abaixo da necessidade prática de fazer enfrentamento ao protofascismo.

Para isso o PDT de Florianópolis, junto com PC do B, PSB, REDE, PSOL, PV, UP e PT, com participação do PCO e PCB, vêm discutindo um projeto alternativo para cidade, que tenha como pilares:

a) A participação popular de alta energia mobilizadora, tendo a transparência como valor central;
b) Superação das deficiências dos equipamentos públicos de atendimento à população e a valorização do serviço público;
c) Supressão das desigualdades, da intolerância, da cultura de segregação das maiorias historicamente subjugadas pela sua cor, gênero e orientação sexual;
d) Estabelecer um projeto de desenvolvimento que associe as atividades extrativistas, que fazem parte da cultura local, à economia do conhecimento e sua indústria 4.0 e seus ecossistemas de inovação. Que consolide o potencial turístico da cidade, para ser uma alternativa ao turismo sazonal. Tendo os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável organizados pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) como metas e os valores da sustentabilidade como elemento norteador e de articulação de todas as ações do município dentro do seu território e na relação com os demais entes da federação e organizações internacionais.

Com estas premissas, os partidos progressistas de Florianópolis tem buscado servir de exemplo para o país, mostrando que, através do exercício do diálogo fraterno e da discussão de um programa transformador, é possível superar inclusive rusgas pessoais que, vez ou outra, interditam a formação de uma frente que organiza o polo político que tem, na comunhão dos diferentes, a esperança e a força para superar e substituir o egoísmo como método de criação de riqueza e de bem estar social.

Entendemos, no PDT de Florianópolis, que estes valores e estas práticas são imprescindíveis para o processo de construção de um país mais justo e moderno, tendo o Plano Nacional de Desenvolvimento, organizado pelo companheiro Ciro Gomes, como orientador do debate público e ferramenta de aproximação da política com a sociedade.

*Mauricio Conti é secretário-geral do PDT de Florianópolis e membro do Diretório e do Conselho Fiscal do PDT de Santa Catarina.