A Democracia nas Eleições de 1989 e de 2018


Hari Alexandre Brust
26/02/2018

A última eleição direta, livre e democrática para presidente da República, antes da ditadura instalada pelo golpe de 1964, ocorreu em 1960: eleitos presidente Jânio Quadros (PTN) com 5.636.623 votos (48,30) e vice presidente João Goulart (PTB) 4.547.010 votos (36,10).

Decorridos 29 anos (1960/1989), com a redemocratização, voltou haver eleição presidencial em 1989, o que motivou a maioria dos partidos existentes à época, a lançar candidatura própria (22 candidatos), sendo que às eleições subsequentes oscilaram entre 06 e 10 candidatos.

As maiores lideranças da política nacional Brizola, Lula, Ulisses Guimarães, Covas, Maluf, Collor, entre outros, participaram da corrida ao Planalto.

Ainda soa em meus ouvidos, os jingles Lá Lá Lá Brizola e Lula Lá.

Resultado das eleições de 1989 (1º turno):

1º Fernando Collor / Itamar Franco (vice) PRN/PSC/PST 20.607.936 votos (30,57%)

2º Luiz Inácio Lula / José Bisol (vice) PT/PSB/PCdoB 11.619.816 votos (17,18%)

3º Leonel Brizola / Fernando Lyra (vice) PDT 11.166.016 votos

Diferença Lula-Brizola = 453.800 votos (0,67%)

2º Turno: Fernando Collor (PRN) 35.089.998 votos (53,04%)

Luiz Inácio Lula (PT) 31.076.364 votos (46,96%)

A partir da anistia de 1979, através da distensão lenta e gradual da ditadura militar, foi liberada a eleição de governadores (1982) e de prefeitos (1985).

Coincidentemente, decorreram 29 anos entre as eleições de 1989 e 2018 e também em torno de 20 candidatos devem disputar as eleições, no momento em que a nossa jovem e frágil democracia tem sido testada, através de questões as mais diversas: CPI’s (exemplo) escândalo das passagens aéreas, escândalo dos Correios, escândalo dos bingos, do mensalão, da Lava Jato; escândalos políticos: apagão aéreo 2006, caso Erenice Guerra, caso Proconsult entre tantos outros. Impeachment de Collor em 1992 e Dilma Rousseff em 2016. Cassação de Senadores: Delcidio Amaral e Demóstenes Torres. Afastamento de Aécio Neves do Senado.

Cassação de deputados federais: Eduardo Cunha, José Dirceu, Roberto Jefferson, André Vargas, Pedro Correa entre outros.

A atual crise política iniciada em 2014, foi gerada pela apuração e investigações dos escândalos de corrupção pela Lava Jato e também pela oposição à eleição da Presidenta Dilma Rousseff, inconformada pela derrota sofrida. As eleições de 2018 serão realizadas, após o golpe parlamentar de 2016, contra a Presidenta Dilma Rousseff, à semelhança das eleições de 1989, ocorridas depois do golpe militar de 1964, contra o Presidente João Goulart, que resultou na ditadura mais longa do Brasil. A soma desses fatores provocaram uma profunda crise econômica, responsável pelo desemprego em massa e a queda do PIB e, em consequência, da receita federal, estadual e municipal.

Some-se nesse contexto, a politização das decisões do poder judiciário e o tsunami da corrupção em todos os níveis dos três poderes.

Já começou a ser ouvido o som das cornetas das paradas militares e, por acaso, o corneteiro tem o mesmo nome do general Mourão que deu o toque em 1964.

Somente quem não vivenciou as restrições de liberdade de toda ordem, pode pregar um regime que não seja democrático.

 

*Hari Alexandre Brust é membro da Executiva Estadual do PDT da Bahia.