1º de Maio: “O ideal é ainda a alma de todas as realizações”

Sob a inspiração da frase histórica de Getúlio Vargas “O ideal é ainda a alma de todas as realizações”, proferida em fevereiro de 1931, em Belo Horizonte, num pronunciamento a favor da siderurgia brasileira e por extensão da indústria nacional, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, publicou na Folha de São Paulo de hoje – 1º de Maio – o artigo “Mais desenvolvimento e menos juros”.

Leia abaixo:

 

 

Paulo Pereira da Silva :: Mais desenvolvimento, menos juros

Várias centrais sindicais vão cobrar juntas o fim do fator previdenciário, jornada de 40 horas, valorização do servidor público e um menor spread

“O ideal é ainda a alma de todas as realizações”
Getúlio Vargas

O 1º de maio, Dia Internacional do Trabalho, é uma data para celebrar as conquistas dos trabalhadores, apresentar nossas novas bandeiras de luta e para que reflitamos sobre o Brasil que queremos e sonhamos.

É importante reafirmarmos nossa luta nesta data, que é comemorada desde 1886, quando, nos EUA, trabalhadores foram reprimidos e mortos somente porque lutavam por melhores condições de vida. O 1º de maio nasceu sob o signo da reivindicação e, por isso, é importante que possamos destacar a importância das nossas lutas e conquistas.

No nosso evento, que acontece neste ano na praça Campo de Bagatelle, na zona norte de São Paulo, para os trabalhadores, junto com as centrais CGTB, CTB, Nova Central e UGT, realizado também em cem outros locais do país, vamos ressaltar a importância de consolidar os avanços e conquistas sociais obtidos nos últimos anos -conquistas que devem ser ampliadas com a nossa luta constante em defesa dos direitos dos trabalhadores.

Vamos cobrar o fim do fator previdenciário, jornada de 40 horas semanais, juros menores, valorização do servidor público, isenção do imposto de renda na participação nos lucros, entre outros.

Queremos, também, diminuir as travas para o desenvolvimento econômico, como os juros estratosféricos e o absurdo do alto spread bancário -a diferença entre o custo de captação de capital e o que os bancos cobram dos clientes.

Os spreads no Brasil são os mais altos do mundo, flutuando entre 25% e 30%, ante 2%, em média, nos países desenvolvidos. Os juros exorbitantes estrangulam a produção, inibindo o consumo e a geração de novos postos de trabalho.

Todos os anos, o governo perde cerca de R$ 200 bilhões com o pagamento de juros. Essa é uma das principais razões do baixo volume de investimentos públicos no país e uma das causas da infraestrutura precária que possuímos -não só na área produtiva, mas também em outros setores, como saúde, transporte e educação.

A questão dos juros e o câmbio supervalorizado estão entre os principais motivos do processo de desindustrialização que nosso país está sofrendo, ameaçando a qualidade de vida dos nossos cidadãos e o futuro da nossa economia.

A indústria tem perdido espaço na geração das riquezas nacionais, algo que tem como reflexo uma perda na qualidade dos empregos, nos valores salariais e na capacidade brasileira de inovação e competitividade. Infelizmente, o governo, até agora, tem tomado apenas medidas paliativas, insuficientes para reverter essa situação.

Precisamos corrigir essas distorções. Diante desses desafios, as centrais sindicais, na chamada unidade de ação, têm um papel importante e ativo como protagonistas da história. Já fomos às ruas dezenas de vezes e cobramos medidas urgentes do governo. Fomos ao Congresso Nacional para sensibilizar parlamentares, fomos ao Planalto com críticas e propostas para o Brasil que queremos.

Queremos o Brasil com justiça social, desenvolvimento econômico, emprego e renda para todos. O 1º de maio é a data perfeita para lembrarmos o protagonismo do trabalhador nesse processo histórico e inevitável de transformação.

PAULO PEREIRA DA SILVA, o Paulinho, 56, é presidente da Força Sindical e deputado federal (PDT-SP)