“Vida e obra de Celso Furtado” foi tema de seminário em homenagem ao seu centenário


Centro de Memória Trabalhista
01/07/2020

O PDT e o Centro de Memória Trabalhista (CMT) da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP) realizou, nesta quarta-feira (1) o primeiro painel do Seminário on-line em comemoração ao centenário de nascimento de Celso Furtado. Com a mediação de Henrique Matthiesen, substituindo o presidente da FLB-AP, Manoel Dias, estiveram participando a jornalista, tradutora e sócia fundadora do Centro Internacional Celso Furtado e viúva de Celso Furtado, Rosa Freire, junto com o presidente da instituição e ex-senador, Roberto Saturnino, e o professor Cidoval Morais de Sousa, Ph.D pela UFSCAR em Sociologia da Ciência e da Tecnologia e um dos organizadores da trilogia Celso Furtado: a esperança militante.

Em sua primeira fala, Rosa Freire destacou a amplitude da obra de Celso Furtado, onde enfatizou quatro eixos predominantes: o primeiro, a posição de Celso Furtado como teórico da questão do desenvolvimento e do subdesenvolvimento; o segundo, como economista historiador frisando o livro “A formação econômica do Brasil”, como pioneirismo, onde ele parte do contexto histórico para explicar a questão econômica; o terceiro eixo sobre regionalidade, em especial, do Nordeste na criação da Sudene; e por último, a relação de Celso Furtado com a cultura.

Roberto Saturnino destacou a dimensão histórica do homenageado e seu papel no debate econômico e desenvolvimentista do Brasil e da América Latina. Salientou também a completude da sua obra, em especial, no debate entre os cientistas sociais e os economistas. Para ele, “Celso Furtado era um farol que iluminava as gerações de economistas.”

O professor Cidoval Morais falou sobre a organização da trilogia, da qual é um dos organizadores, e destacou que a obra é uma contribuição de inúmeros autores que discorrem sobre os vários legados deixados por Furtado.

“Nossas obras são agendas abertas para que possamos contar as histórias que faltam ser contadas de Celso Furtado”, ressaltou o professor.

Já na segunda rodada de conversa, Rosa Freire afirmou que Celso Furtado “não era nem um pessimista, nem um otimista ingênuo, mas tinha muita noção da realidade brasileira e latino-americana e que a história é aberta e cabe ser feita por nós”, completou ainda dizendo Celso Furtado era um homem de esquerda.

“Ele morreu sendo de esquerda no sentido mais profundo. De esquerda no sentido de que a gente tem que mudar a sociedade em que vive para melhor. Um país com menos desigualdades, que era a ideia mestre dele”, afirmou Rosa.

Roberto Saturnino Braga discorreu, em sua última fala, sobre a amplitude do conceito de desenvolvimento compreendido por Celso Furtado como uma questão nacional e cultural.

“Celso tem outras dimensões de pensador e de transformador, não foi apenas um grande economista, mas foi um pensador no sentido mais geral e um transformador, um revolucionário”, frisou Saturnino.

Já no encerramento, Cidoval Morais destacou algumas características marcantes de Celso Furtado como: o pertencimento ao Nordeste, uma vez que ele era paraibano; a ideia de fazer é uma forma de ser; a característica da capacidade de negociação política e dom da articulação e da realização dos projetos idealizados.

O segundo painel do seminário será realizado amanhã (02), com o tema: “Atualidade do pensamento de Celso Furtado”. Evento terá a mediação de Antônio Neto, presidente licenciado da CSB e membro da Executiva Nacional do PDT e os debatedores: Mauro Filho, Ph.D. em Economia pela Universidade Vanderrilt, Nashville, TN e Deputado Federal (PDT-CE); Luiz Gonzaga Belluzzo, Doutor em Economia e Professor na Unicamp e Nelson Marconi, Doutor em Economia , professor na FGV/SP e vice-presidente da FLB-AP/SP.

Confira o seminário na íntegra: