Por que privatizar a Eletrobras?


Por Arnaldo Mourthé
30/08/2017

O Governo Federal prepara um novo golpe contra nossa soberania de Nação, a privatização da Eletrobras. Essa ação não chega a ser uma surpresa, pois já analisamos o que vem a ser esse governo, que chamamos de Governo das Trevas. Ele não passa de um governo que foi colocado no poder por manobras legislativas e jurídicas para recolonizar o Brasil. Nem governo é. É uma quadrilha de impostores que estão destruindo tudo que a sociedade brasileira construiu ao longo de cinco séculos, a duras penas. Ele visa, principalmente, destruir as conquistas da Revolução de 30, que instituiu uma República possível dentro do sistema econômico em que vivemos, com vistas a uma Nação soberana voltada para seu desenvolvimento com justiça social. Mas essa República foi liquidada pelo golpe militar de 1964. Depois disso começou o processo que desemboca na mais escandalosa corrupção que a história mundial conhece, e atinge seu ápice no Governo das Trevas, que quer fazer do Brasil uma colônia do capital financeiro internacional.

O governo pretende privatizar a Eletrobras com a desculpa de que necessita de recursos para equilibrar o orçamento. A arrecadação prevista para esse ato, de irresponsabilidade, é de R$ 20 bilhões, por coincidência o rombo do seu Orçamento. Mas não ficará só nisso. Quer vender nossos aeroportos, estradas e muitas outras coisas. Não devemos esquecer que a Petrobrás vem sendo fatiada e vendida aos pedaços. Até para exploração de petróleo sobre o coral da Amazônia, com prejuízo ambiental de repercussão mundial e jamais visto ou imaginado. Estamos vivendo o caos.
Mas nós seremos tão pobres a ponto de termos que vender nossos patrimônios para sobrevivermos? Pelo contrário, nós somos o país que tem a maior riqueza natural do Planeta.

O governo não vende nosso patrimônio porque somos pobres. Ele está agindo sabendo o que está fazendo: destruir a Nação brasileira. Esse é o plano da Besta do Apocalipse, o capital financeiro internacional, com sede na Wall Street, em Nova Iorque. Algum leitor, que não conheça minhas publicações anteriores, poderá pensar que isso é exagero. Porque na mídia dizem “que o Brasil está em crise porque houve governos irresponsáveis, especialmente do PT, que construíram esse caos que nos sufoca”, como num labirinto.

Mas, essa versão da história foi construída para imobilizar os brasileiros, enquanto a tropa de ocupação do capital financeiro toma o Brasil, com sua quinta coluna, o governo Temer e seus deputados corruptos. Houve, sim, governos irresponsáveis. Eles o foram, porque nos ocultaram a verdadeira situação da infiltração do capital estrangeiro em nossos assuntos e negócios internos, para concretizar seu projeto macabro indicado acima. Ao invés de contrariar o projeto, de FHC, de redução do Estado e privatizar as empresas estatais e serviços públicos, Lula e Dilma mantiveram a linha da capitulação e acabaram de encalacrar o Brasil.

Voltemos à questão da Eletrobrás, que não é uma empresa qualquer. Ela tem 37 hidrelétricas, 114 termoelétricas, duas usinas nucleares, 69 eólicas e uma solar próprias ou em sociedade. Isso representa 31% da geração de energia elétrica do Brasil. Sua privatização pode nos esclarecer sobre os desmandos e a traição do governo. E é preciso fazê-lo, porque o tempo corre contra nós enquanto esse governo age de forma desavergonhada contra o Brasil e seu povo. Comecemos pelos valores financeiros em jogo. A venda da Eletrobrás produziria uma arrecadação de R$ 20 bilhões. Comparemos esse valor com o que os governos brasileiros gastaram nos últimos anos em despesas questionáveis.
A Copa do Mundo, em 2014, custou R$ 26 bilhões aos cofres públicos. A Olimpíada, de 2016, custou ao todo R$ 38,26 bilhões, dos quais R$ 14 bilhões públicos. Em 2013 houve subsídios do governo federal à indústria automobilística de R$ 19,31 bilhões, o dobro do que foi investido no transporte público. Nem vamos falar nas vendas de licenças de exploração de petróleo, que todos conhecem, nem do fatiamento da Petrobras, para enfraquecê-la e depois privatizá-la totalmente.

Mas, o mais grave não é nada disso, São os juros da dívida pública, que faliu a União e destrói os serviços públicos, saúde, educação, segurança, transportes, proteção ambiental, etc. Seus números são estarrecedores. Vamos a eles.
A União pagou de juros em 2016 R$ 407 bilhões. No orçamento da União para 2017 cabe aos juros R$ 339,1 bilhões. O governo solicitou ao Congresso um crédito suplementar de R$ 20 bilhões, o que eleva a previsão de juros para R$ 359,1 bilhões. 50% do orçamento da União é gasto com os juros da dívida pública. É por essa razão que não há dinheiro para o mínimo de serviços necessários à população. Mem para pagar funcionários. Os gastos com os juros aumentam os problemas sociais. Faltam escolas o que condena jovens ao analfabetismo. As pessoas morrem por falta de assistência à saúde. Abre-se espaço para o crime organizado. Aumenta o tempo de viagem do cidadão nas cidades.

Nosso povo empobrece e a miséria cresce. A fome retorna aos lares dos mais pobres. A economia é freada por falta de investimentos. O dinheiro, que poderíamos investir no nosso desenvolvimento, é desviado para os juros que se transformam em dólares e são transferidas do país. Para esses dólares, exportamos bens que nos faltam aqui, sobretudo alimentos. O dinheiro dos juros serve também para comprar nosso patrimônio público. O dinheiro que entra da privatização, volta ao comprador através dos juros. É uma brincadeira de mágico ou de prestidigitador. Aumenta nosso empobrecimento, e toda a Nação é atingida Não há mais Ordem, nem Progresso. O governo gera a desordem e no lugar do progresso temos a recessão e o desemprego.

Mas não é só isso. Estamos perdendo nossa soberania e nossa dignidade. Os mineiros reagiram para defender parte de seu território, ocupado pelas usinas que seriam privatizadas, e de seus rios, que passariam para o controle de operadores estrangeiros. O caso da Samarco que poluiu o Rio Doce, mostrou-nos o descaso do capital estrangeiro em relação ao meio ambiente. Vivemos uma regressão histórica. Tudo isso faz lembrar-me dos Inconfidentes Mineiros que buscaram nossa independência do Reino português. Eles lutaram contra “o quinto do ouro”, do qual resultou a expressão “o quinto dos infernos”. Essa condição retorna com os 50% do Orçamento para pagar juros.

Os Inconfidentes devem ser nossa inspiração para resistirmos contra a traição de um grupo de aventureiros a serviço do capital financeiro, através da corrupção mais deslavada. Será possível que nós, brasileiros, fiquemos apenas assistindo a tantos desmandos e traições à Pátria? Se assim for não teremos futuro. Seremos simplesmente fracassados. Que dirão de nós nossos descendentes?