O jogo sujo das bolsas

"O PT é o partido que tira de quem trabalha para distribuir para quem não trabalha"

(Frase de uma taxista de Porto Alegre - enviada por Norton Seng)

 

Na noite do dia 18 de junho de 1815, enquanto Napoleão travava encarniçadas batalhas na região belga do monte Saint Jean, Nathan, cabeça do ramo inglês da poderosa família Rothschild, controlando os precários meios de comunicação, espalhou em Londres que os franceses haviam derrotado as tropas anglo-prusssianas do general Arthur Wellesley, o Duque de Wellington. A bolsa despencou 98% ao abrir no dia 19. Nesse momento, o banqueiro comprou todos os papéis da Inglaterra a preço de banana. Só no cair da tarde do dia 19 os britânicos souberam do resultado da última batalha, travada nas proximidades da aldeia de Waterloo: às 9 da noite do dia 18, graças ao reforço das tropas alemães comandadas pelo marechal Bücher, Wellington virara a guerra, impondo derrota definitiva a Napoleão. A Bolsa de Londres disparou com quase todos os seus papéis nas mãos da família Rothschild. A Inglaterra assumia de vez a condição de grande potência européia, mas uma única família auferia os lucros especulativos de sua vitória.

 

Síndrome da esperteza - Desde aqueles idos, as bolsas de valores são manipuladas por grandes especuladores, que ganham fortunas da noite para o dia, aproveitando-se do despreparo dos investidores e, muitas vezes, de informações privilegiadas. Essa crise que já desvalorizou mais da metade dos papéis no Brasil não é diferente daquela, que mudou a face da economia britânica após a batalha de Waterloo, que não aconteceu nessa aldeia e ganhou esse nome por capricho de Wellington: foi lá que ele dormiu antes da sua vitória. Pelo menos aqui, no Brasil, não há notícias de quebradeira no sistema financeiro. Antes, muito pelo contrário: os bancos são os titulares dos maiores lucros já anunciados nos últimos anos.

 

Só o Bradesco lucrou R$ 4 bilhões e 700 milhões no primeiro semestre. A carteira de crédito total atingiu o montante de R$ 181,602 bilhões, apresentando evolução de 38,8% em relação a igual período do ano anterior. O Bradesco terminou o trimestre com patrimônio líquido de R$ 33,711 bilhões, expansão de 22,5% sobre intervalo semelhante de 2007. Já o valor de mercado do banco permaneceu praticamente estável em relação ao primeiro trimestre de 2007, atingindo a marca de R$ 95,6 bilhões.

 

Já o Unibanco teve lucro líquido de R$ 741 milhões no primeiro trimestre de 2008, alta de 27,5% sobre o lucro de R$ 581 milhões no mesmo intervalo do ano passado. Esses números não contabilizam itens extraordinários. O retorno anualizado sobre patrimônio líquido médio, importante indicador da rentabilidade de um banco, foi de 27% no primeiro trimestre de 2008, ante 25,1% um ano antes. O banco encerrou março com ativos totais de R$ 156,211 bilhões, uma evolução de 35,6% em 12 meses. No primeiro trimestre de 2008, O Banco do Brasil teve um lucro de R$ 3,99 bilhões, 61% a mais do que no mesmo período em 2007. No segundo trimestre, o ganho de R$ 1,644 bilhão foi 53,9% superior, ante o mesmo período do ano passado. No segundo trimestre, o ganho líquido foi de R$ 1,644 bilhão, um incremento de 53,9% em relação ao segundo trimestre de 2007.

 

Cito esses três bancos, mas poderia relacionar outros. Todos estão exibindo balanços de fazer inveja à Petrobras, Vale do Rio Doce, siderúrgicas e outras atividades produtivas.

 

Dependência global - Se nossa economia ia bem, com recorde até no aumento do PIB, por que importou a crise dos "grandes mercados"? Como Lula não entende bulufas de economia e sua equipe econômica é medíocre e deslumbrada, o verdadeiro rei do pedaço é o banqueiro Henrique Meirelles, uma das figuras mais sinistras em tempos de crise. Seu prontuário não é nada tranqüilizador. Foi o grande vilão na crise argentina de 2001 e sempre atuou com grande desenvoltura em causa própria. Logo nos primeiros meses à frente do Banco Central, o BankBoston, que presidiu, bateu todos os recordes em lucratividade no Brasil: R$ 162 milhões - um crescimento de 410% em relação ao mesmo período no ano anterior. Foi ele o primeiro a envolver o Brasil numa crise que estaria restrita à bolsa, devido à sua anexação ao jogo especulativo internacional, hipertrofiada, paradoxalmente, a partir da ascensão do Partido dos Trabalhadores.

 

Quando Lula assumiu, 12 mil pontos já eram considerados números de alta. O volume de negócios raramente chegava a R$ 1 bilhão. A partir das garantias políticas oferecidas, tendo como fiador o ex-presidente do BankBoston, a Bovespa alcançou mais de 70 mil pontos, índices jamais imaginados, como volumes de negócios superiores a R$ 5 bilhões por dia. A bolsa passou a ser a grande referência de uma economia atrelada a uma gangorra internacional. Nem no tempo de Collor, nem na era FHC a vitalidade econômica foi tão globalizada, no que isso representa de dependência e risco. Nesse ambiente de nervosismo, Meirelles arrancou de Lula a Medida Provisória 442, que lhe dá poderes excepcionais para prestar socorro a bancos eventualmente em dificuldade. Não se sabe quem vai mal das pernas, mas a mão amiga do governo petista não vai faltar.

 

Isso é a própria repetição do PROER, aquele programa de FHC que injetou dinheiro público nas instituições financeiras, bancando a transferência de carteiras e clientes. Como é que o PT, que esperneou contra o PROER, vai se explicar agora, nessa medida que revela outra vez, com mais saliência, o seu estelionato político? E os chamados partidos da base aliada, vão ficar dizendo sim, senhor, por conta de algumas sinecuras e das delícias desses podres poderes? Lembra quando a Varig estava precisando de uma injeção do governo, do qual é credora? Do alto de sua arrogância, dona Dilma foi logo proclamando: esse é um problema do mercado, não há como usar dinheiro público num empréstimo a uma companhia octogenária, com mais de 15 mil empregados e dependentes do seu fundo de pensão.

 

Insisto que toda essa queda na bolsa é manipulada mais uma vez, nessa gangorra perversa em que perdem os poupadores ingênuos e ganham os especuladores espertos. Se você tem dúvida sobre isso, dê um tempo. Em breve, estará sendo processada mais uma expropriação do dinheiro e da esperança de quem acreditou nesse cassino.

“O PT é o partido que tira de quem trabalha para distribuir para quem não trabalha”

(Frase de uma taxista de Porto Alegre – enviada por Norton Seng)

 

Na noite do dia 18 de junho de 1815, enquanto Napoleão travava encarniçadas batalhas na região belga do monte Saint Jean, Nathan, cabeça do ramo inglês da poderosa família Rothschild, controlando os precários meios de comunicação, espalhou em Londres que os franceses haviam derrotado as tropas anglo-prusssianas do general Arthur Wellesley, o Duque de Wellington. A bolsa despencou 98% ao abrir no dia 19. Nesse momento, o banqueiro comprou todos os papéis da Inglaterra a preço de banana. Só no cair da tarde do dia 19 os britânicos souberam do resultado da última batalha, travada nas proximidades da aldeia de Waterloo: às 9 da noite do dia 18, graças ao reforço das tropas alemães comandadas pelo marechal Bücher, Wellington virara a guerra, impondo derrota definitiva a Napoleão. A Bolsa de Londres disparou com quase todos os seus papéis nas mãos da família Rothschild. A Inglaterra assumia de vez a condição de grande potência européia, mas uma única família auferia os lucros especulativos de sua vitória.

 

Síndrome da esperteza – Desde aqueles idos, as bolsas de valores são manipuladas por grandes especuladores, que ganham fortunas da noite para o dia, aproveitando-se do despreparo dos investidores e, muitas vezes, de informações privilegiadas. Essa crise que já desvalorizou mais da metade dos papéis no Brasil não é diferente daquela, que mudou a face da economia britânica após a batalha de Waterloo, que não aconteceu nessa aldeia e ganhou esse nome por capricho de Wellington: foi lá que ele dormiu antes da sua vitória. Pelo menos aqui, no Brasil, não há notícias de quebradeira no sistema financeiro. Antes, muito pelo contrário: os bancos são os titulares dos maiores lucros já anunciados nos últimos anos.

 

Só o Bradesco lucrou R$ 4 bilhões e 700 milhões no primeiro semestre. A carteira de crédito total atingiu o montante de R$ 181,602 bilhões, apresentando evolução de 38,8% em relação a igual período do ano anterior. O Bradesco terminou o trimestre com patrimônio líquido de R$ 33,711 bilhões, expansão de 22,5% sobre intervalo semelhante de 2007. Já o valor de mercado do banco permaneceu praticamente estável em relação ao primeiro trimestre de 2007, atingindo a marca de R$ 95,6 bilhões.

 

Já o Unibanco teve lucro líquido de R$ 741 milhões no primeiro trimestre de 2008, alta de 27,5% sobre o lucro de R$ 581 milhões no mesmo intervalo do ano passado. Esses números não contabilizam itens extraordinários. O retorno anualizado sobre patrimônio líquido médio, importante indicador da rentabilidade de um banco, foi de 27% no primeiro trimestre de 2008, ante 25,1% um ano antes. O banco encerrou março com ativos totais de R$ 156,211 bilhões, uma evolução de 35,6% em 12 meses. No primeiro trimestre de 2008, O Banco do Brasil teve um lucro de R$ 3,99 bilhões, 61% a mais do que no mesmo período em 2007. No segundo trimestre, o ganho de R$ 1,644 bilhão foi 53,9% superior, ante o mesmo período do ano passado. No segundo trimestre, o ganho líquido foi de R$ 1,644 bilhão, um incremento de 53,9% em relação ao segundo trimestre de 2007.

 

Cito esses três bancos, mas poderia relacionar outros. Todos estão exibindo balanços de fazer inveja à Petrobras, Vale do Rio Doce, siderúrgicas e outras atividades produtivas.

 

Dependência global – Se nossa economia ia bem, com recorde até no aumento do PIB, por que importou a crise dos “grandes mercados”? Como Lula não entende bulufas de economia e sua equipe econômica é medíocre e deslumbrada, o verdadeiro rei do pedaço é o banqueiro Henrique Meirelles, uma das figuras mais sinistras em tempos de crise. Seu prontuário não é nada tranqüilizador. Foi o grande vilão na crise argentina de 2001 e sempre atuou com grande desenvoltura em causa própria. Logo nos primeiros meses à frente do Banco Central, o BankBoston, que presidiu, bateu todos os recordes em lucratividade no Brasil: R$ 162 milhões – um crescimento de 410% em relação ao mesmo período no ano anterior. Foi ele o primeiro a envolver o Brasil numa crise que estaria restrita à bolsa, devido à sua anexação ao jogo especulativo internacional, hipertrofiada, paradoxalmente, a partir da ascensão do Partido dos Trabalhadores.

 

Quando Lula assumiu, 12 mil pontos já eram considerados números de alta. O volume de negócios raramente chegava a R$ 1 bilhão. A partir das garantias políticas oferecidas, tendo como fiador o ex-presidente do BankBoston, a Bovespa alcançou mais de 70 mil pontos, índices jamais imaginados, como volumes de negócios superiores a R$ 5 bilhões por dia. A bolsa passou a ser a grande referência de uma economia atrelada a uma gangorra internacional. Nem no tempo de Collor, nem na era FHC a vitalidade econômica foi tão globalizada, no que isso representa de dependência e risco. Nesse ambiente de nervosismo, Meirelles arrancou de Lula a Medida Provisória 442, que lhe dá poderes excepcionais para prestar socorro a bancos eventualmente em dificuldade. Não se sabe quem vai mal das pernas, mas a mão amiga do governo petista não vai faltar.

 

Isso é a própria repetição do PROER, aquele programa de FHC que injetou dinheiro público nas instituições financeiras, bancando a transferência de carteiras e clientes. Como é que o PT, que esperneou contra o PROER, vai se explicar agora, nessa medida que revela outra vez, com mais saliência, o seu estelionato político? E os chamados partidos da base aliada, vão ficar dizendo sim, senhor, por conta de algumas sinecuras e das delícias desses podres poderes? Lembra quando a Varig estava precisando de uma injeção do governo, do qual é credora? Do alto de sua arrogância, dona Dilma foi logo proclamando: esse é um problema do mercado, não há como usar dinheiro público num empréstimo a uma companhia octogenária, com mais de 15 mil empregados e dependentes do seu fundo de pensão.

 

Insisto que toda essa queda na bolsa é manipulada mais uma vez, nessa gangorra perversa em que perdem os poupadores ingênuos e ganham os especuladores espertos. Se você tem dúvida sobre isso, dê um tempo. Em breve, estará sendo processada mais uma expropriação do dinheiro e da esperança de quem acreditou nesse cassino.