Morre Fausto Wolff, jornalista e brizolista

Morre Fausto Wolff, um oásis na imprensa diária

Mário Augusto Jakobskind, do Rio de Janeiro

Ao som da Internacional, de Carinhoso e de Cidade Maravilhosa, o hino do Rio de Janeiro, executados por dois integrantes da Banda de Ipanema, os amigos se despediram do escritor e jornalista Fausto Wolff, que morreu na sexta-feira à noite vítima de disfunção múltipla dos órgãos. Seu corpo foi cremado no cemitério do Caju, no Rio de Janeiro. Aos 68 anos, Fausto era considerado um oásis na imprensa diária brasileira, com a sua coluna no Jornal do Brasil, onde por mais de dois anos conseguiu romper com a mesmice, o senso comum e o pensamento único. 

Não poucas vezes, segundo o jornalista Sergio Caldieri, o Jornal do Brasil foi pressionado para demitir Fausto Wolff, sobretudo por entidades da colônia judaica, em função do seu posicionamento favorável à causa palestina. O empresário,  Nelson Tanure, proprietário do Jornal do Brasil, presente ao velório, confirmou o que disse Caldieri, representamte do Comitê Palestina-Viva Intifada.  

Irreverente e defensor incondicional do ideário socialista, Fausto começou cedo no jornalismo. Aos 14 anos, em Porto Alegre, já circulava nas redações de jornais e em pouquíssimo tempo tornou-se repórter policial, dos mais brilhantes, por sinal, segundo testemunhas da época.

De família pobre, Faustin Von Wolffenbüttel, - o verdadeiro nome de Fausto - filho de imigrante alemão, deixou Santo Ângelo, cidade onde nasceu, indo trabalhar na capital gaúcha. A sua opção pelo socialismo, segundo o próprio Fausto, ocorreu já naquela época, quando constatou na própria pele como os pobres eram discriminados pela elite bem nascida.

Aos 18 anos foi para o Rio de Janeiro passando a trabalhar em vários jornais e canais de televisão. Depois do golpe de 64 circulou pela Europa, onde tornou-se professor de literatura brasileira, em Nápoles, na Itália, e em Copenahgue,  capital da Dinamarca. Fausto esteve em Saigon, então capital do Vietnã do Sul, cobrindo a guerra do Vietnã para uma agência de notícias. Em depoimento no Youtube, Fausto com toda a irreverência que lhe caracterizava, assinala que circulava pela noite de Saigon com uma plaqueta que o identificava como jornalista brasileiro, para que “não pairasse nenhuma dúvida”.

Ao retornar ao Brasil participou ativamente em O Pasquim, tornando-se um dos seus editores juntamente com Jaguar e Ziraldo. Ricky Gooddwin, secretário de redação da publicação recorda uma passagem pouco divulgada de Fausto Wolff pelo jornal. “Fausto tinha 15% das ações de O Pasquim. Ele se empenhou diante da diretoria no sentido de que ações fossem dadas também aos anônimos que lá trabalhavam, desde o próprio secretário de redação, ao offsyce-boy, passando pela faxineira e copeira. Como os diretores não estavam a favor da proposta, Fausto decidiu dividir os seus 15% entre todos os anônimos que trabalhavam no jornal”, lembra Ricky.  “No final das contas ninguém teve lucro, o jornal acabou nos anos 80, mas o Fausto deu prova concreta de sua generosidade”.

Autor de mais de 20 livros, entre os quais O Ogre e o Passarinho, da série Sinal Aberto, Olympia, premiado em concurso promovido pela Brasil Telecom, A Milésima Segunda Noite, e o Prêmio Jabuti com o romance À mão esquerda.

Irreverente e de humor refinado, Fausto Wolff muitas vezes surpreendia, como aconteceu numa festa de fim de ano promovida pela Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira do Rio de Janeiro (ACIE), quando ele foi um dos indicados para personalidade do jornalismo em 2006. Fausto pegou o microfone e cantou integralmente a letra da Internacional.

Junto ao caixão de Fausto Wolff podiam ser vistas uma camisa da Banda de Ipanema, onde ele chegou a ser um dos padrinhos, uma bandeira do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do PDT, partido pelo qual Fausto Wolff concorreu duas vezes a deputado federal.

Morre Fausto Wolff, um oásis na imprensa diária

Mário Augusto Jakobskind, do Rio de Janeiro

Ao som da Internacional, de Carinhoso e de Cidade Maravilhosa, o hino do Rio de Janeiro, executados por dois integrantes da Banda de Ipanema, os amigos se despediram do escritor e jornalista Fausto Wolff, que morreu na sexta-feira à noite vítima de disfunção múltipla dos órgãos. Seu corpo foi cremado no cemitério do Caju, no Rio de Janeiro. Aos 68 anos, Fausto era considerado um oásis na imprensa diária brasileira, com a sua coluna no Jornal do Brasil, onde por mais de dois anos conseguiu romper com a mesmice, o senso comum e o pensamento único. 

Não poucas vezes, segundo o jornalista Sergio Caldieri, o Jornal do Brasil foi pressionado para demitir Fausto Wolff, sobretudo por entidades da colônia judaica, em função do seu posicionamento favorável à causa palestina. O empresário,  Nelson Tanure, proprietário do Jornal do Brasil, presente ao velório, confirmou o que disse Caldieri, representamte do Comitê Palestina-Viva Intifada.  

Irreverente e defensor incondicional do ideário socialista, Fausto começou cedo no jornalismo. Aos 14 anos, em Porto Alegre, já circulava nas redações de jornais e em pouquíssimo tempo tornou-se repórter policial, dos mais brilhantes, por sinal, segundo testemunhas da época.

De família pobre, Faustin Von Wolffenbüttel, – o verdadeiro nome de Fausto – filho de imigrante alemão, deixou Santo Ângelo, cidade onde nasceu, indo trabalhar na capital gaúcha. A sua opção pelo socialismo, segundo o próprio Fausto, ocorreu já naquela época, quando constatou na própria pele como os pobres eram discriminados pela elite bem nascida.

Aos 18 anos foi para o Rio de Janeiro passando a trabalhar em vários jornais e canais de televisão. Depois do golpe de 64 circulou pela Europa, onde tornou-se professor de literatura brasileira, em Nápoles, na Itália, e em Copenahgue,  capital da Dinamarca. Fausto esteve em Saigon, então capital do Vietnã do Sul, cobrindo a guerra do Vietnã para uma agência de notícias. Em depoimento no Youtube, Fausto com toda a irreverência que lhe caracterizava, assinala que circulava pela noite de Saigon com uma plaqueta que o identificava como jornalista brasileiro, para que “não pairasse nenhuma dúvida”.

Ao retornar ao Brasil participou ativamente em O Pasquim, tornando-se um dos seus editores juntamente com Jaguar e Ziraldo. Ricky Gooddwin, secretário de redação da publicação recorda uma passagem pouco divulgada de Fausto Wolff pelo jornal. “Fausto tinha 15% das ações de O Pasquim. Ele se empenhou diante da diretoria no sentido de que ações fossem dadas também aos anônimos que lá trabalhavam, desde o próprio secretário de redação, ao offsyce-boy, passando pela faxineira e copeira. Como os diretores não estavam a favor da proposta, Fausto decidiu dividir os seus 15% entre todos os anônimos que trabalhavam no jornal”, lembra Ricky.  “No final das contas ninguém teve lucro, o jornal acabou nos anos 80, mas o Fausto deu prova concreta de sua generosidade”.

Autor de mais de 20 livros, entre os quais O Ogre e o Passarinho, da série Sinal Aberto, Olympia, premiado em concurso promovido pela Brasil Telecom, A Milésima Segunda Noite, e o Prêmio Jabuti com o romance À mão esquerda.

Irreverente e de humor refinado, Fausto Wolff muitas vezes surpreendia, como aconteceu numa festa de fim de ano promovida pela Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira do Rio de Janeiro (ACIE), quando ele foi um dos indicados para personalidade do jornalismo em 2006. Fausto pegou o microfone e cantou integralmente a letra da Internacional.

Junto ao caixão de Fausto Wolff podiam ser vistas uma camisa da Banda de Ipanema, onde ele chegou a ser um dos padrinhos, uma bandeira do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do PDT, partido pelo qual Fausto Wolff concorreu duas vezes a deputado federal.