Ministro Lupi defende que mínimo vá para R$ 560 em 2011

(Extraído da Folha On Line)

Confirmado pela presidente eleita, Dilma Rousseff, para permanecer no cargo, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, defendeu o salário mínimo em R$ 560 em 2011, acima dos R$ 540 pregados pela equipe econômica de Dilma.

Folha – Há conflito com outros ministérios?
Carlos Lupi – Nunca tive briga. A opinião de um ministro é essa, a de outro é aquela, e quem decide é o Lula. Toda vez que tem conflito, o Lula entra para o lado do trabalhador. Em toda discussão de salário mínimo de que participamos, vencemos o Planejamento e a Fazenda.
Como é que o Lula poderia ser favorável a flexibilizar a legislação [trabalhista]? Como é que ele não ia fazer uma política regionalizada?

Como lidar com a necessidade de expansão dos empregos no Nordeste e os fluxos migratórios?
Está começando a mudar. As usinas de cana de açúcar de Pernambuco e Alagoas já estão pegando os trabalhadores de São Paulo. A geração de emprego e o ganho real de salário é que fizeram a diferença. É o ciclo virtuoso da economia. E por isso sou defensor de que o aumento do salário mínimo tem de ser de R$ 560, porque R$ 580, nesse momento, é uma puxada que não dá para suportar. Mas R$ 540 é muito pouco.

Confirmado no Ministério

A presidente eleita Dilma Rousseff anunciou esta noite a confirmação do presidente nacional do PDT, ex-deputado federal Carlos Lupi (RJ), para continuar à frente do Ministério do Trabalho, cargo que vem exercendo desde abril de 2007. Em nota oficial, que também anunciou a permanência dos ministros Fernando Haddad, da Educação, e Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, a presidenta afirmou que “”considera esses brasileiros têm dado e continuarão a dar importante contribuição para o desenvolvimento do país”.

(Veja perfil de Carlos Lupi e videoentrevista concedida antes da eleição)

2,5 mi empregos – No mesmo dia em que era confirmado, Lupi anunciava novo recorde na geração de emprego: Dois milhões, quinhentos e quarenta e quatro mil, quatrocentos e cinqüenta e sete. O expressivo número é o registro de trabalhadores que conquistaram empregos com carteira assinada somente este ano no Brasil. Em novembro foram gerados 138.247 novos empregos, crescimento de 0,39% do número de trabalhadores celetistas no Brasil, que chega a 35.545.476. A marca anual alcançada em novembro é inédita para toda a série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), superando em 21% o recorde anterior para o mesmo período, ocorrido em 2008, quando foram registrados 2.107.150 novos postos de trabalho.

“O resultado é recorde histórico absoluto e marca o alcance da meta traçada no início do ano pelo ministro do trabalho, Carlos Lupi. “O Brasil é o maior gerador de empregos formais em 2010 entre os países do G-20; e um dos dois países do mundo onde o salário médio cresceu acima da média. O ano de 2011 será positivo, com previsão de geração de 3 milhões de novos empregos no Brasil. Os setores de Comércio, Serviços e Construção Civil seguirão fortes, por conta dos projetos de crescimento do país desenvolvidos pelo governo, como o PAC e o Minha Casa, Minha Vida; e ainda com todos os preparativos para os grandes eventos que acontecerão nos próximos anos, entre eles a Copa do Mundo e as Olimpíadas”, comentou Lupi.
Setor – Os números da empregabilidade no Brasil em 2010 são resultado da expansão generalizada de empregos nos 25 subsetores de atividade econômica, com 17 deles apresentando saldos recordes e cinco o segundo melhor desempenho da história. O resultado beneficiou também todas as regiões do país, com quatro delas revelando aumentos recordes de empregos e uma registrando a segunda maior geração de postos de trabalho no ano.
Os dados por setor para  o mês de novembro mostram que três dos oito setores evidenciaram saldos recordes e um deles o segundo lugar para o mês. Os destaques em termos absolutos ficam com Comércio (131.336) e Serviços (79.173). Segundo análise técnica, o vigor do Comércio em novembro está associado à elevação do consumo do fim de ano, que se refletiu no bom comportamento do emprego no Comércio Varejista (119.810), resultado recorde na série do Caged, e no Comércio Atacadista (11.526), segundo melhor desempenho para todos os meses do Caged, menor apenas que o verificado em novembro de 2009 (11.867).


Quem é o Ministro Carlos Lupi

O PDT tem como seu presidente e líder nacional o atual Ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Carlos Roberto Lupi (nasceu em 1957), que sucedeu Leonel Brizola, quando nosso líder histórico faleceu, repentinamente, em 21 de junho de 2004. Lupi chegou ao ministério em 2 de abril de 2007, e logo se lançou num esforço para resgatar o papel do trabalhador na pasta, que chegou a seu auge com João Goulart, em 1953.

Jango foi o ministro de Getúlio Vargas que deu 100 por cento de aumento do salário-mínimo. Os tempos são outros, mas Lupi projetou sua gestão com uma política marcada pela maior geração de empregos dos últimos tempos e imprimiu uma nova estrutura que fez do MTE um dos ministérios mais modernos e democráticos da República.

Antes de ser ministro, Carlos Lupi, administrador e professor, já foi secretário da prefeitura, secretário de estado, e deputado federal-constituinte (1986-1990). Militante do PDT desde a juventude, quando foi receber Brizola, que chegava ao país, depois de 15 anos de exílio, por São Borja (RS), terra de Getúlio, Jango e Neusa Goulart Brizola, no 7 de setembro de 1979.

De origem humilde, Carlos Lupi foi jornaleiro e dirigia uma banca em frente ao hotel em que se hospedara Brizola, no Rio de Janeiro, logo depois de seu retorno. Brizola foi procurar jornais do Rio Grande na banca de Lupi. Daí em diante os dois desenvolveram uma grande amizade e entendimento, que resultou, com o tempo, no preparo do então jovem militante para sucedê-lo na direção nacional do PDT. (Continua)