Lupi: “Vamos fazer o PDT existir para valer em São Paulo”

“Vamos fazer o PDT existir para valer em São Paulo – uniformizando e regionalizando as campanhas eleitorais de nossos candidatos na televisão; fazendo política ideológica; dando oportunidade à militância de atuar com liberdade; e organizar, no PDT-SP, movimentos, como o sindical, o das mulheres, o dos negros e o da juventude”, garantiu nesta segunda-feira (23/9) o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, em reunião na Capital que lotou o auditório Franco Montoro, da Assembleia Legislativa de São Paulo, e que também foi conduzida pelo Major Olímpio, deputado estadual, que é o pré-candidato do PDT ao governo estadual.

No pronunciamento, Lupi criticou mais uma vez o deputado Paulo Pereira da Silva: “Nos últimos dez anos demos ao ex-companheiro Paulinho poder total para organizar o PDT em São Paulo da forma que quis: nomeando comissões provisórias, organizando nominatas etc.; e, ao longo desses anos, muita coisa chegou aos nossos ouvidos. Mas não demos atenção, até porque há muita fofoca na política. Só que, agora, Paulinho está organizando um partido; e quando a gente cobra isto dele, cara a cara, ele nega e não nos encara nos olhos. Acontece que os olhos são o espelho da alma”, comentou Lupi.

Lupi disse não ter dúvidas de que Paulinho está criando um partido e, por isso, a melhor coisa que o PDT tem a fazer é cuidar de sua reorganização.

“Sabemos que só o Ministério Público tem mais de 2 mil ações contra a criação do Solidariedade por falsificação de assinaturas, inclusive de chefes de cartório. Mas isto não é problema nosso, porque temos o PDT legalizado e organizado há 33 anos, vamos tocar a nossa vida”.

Acrescentou que providências precisam ser tomadas; e uma das primeiras que tomou foi lançar o nome do Major Olímpio para o governo estadual. Outra: iniciou e já está trabalhando com afinco na construção de boas nominatas de candidatos a deputado federal e a deputado estadual. Destacou, também, que o PDT está absolutamente aberto a candidaturas; e que ninguém precisa pagar para ser candidato do Partido ou aparecer na televisão, como fizeram em passado recente, pelo que soube agora.

Explicou que afirma isto com tranquilidade, pelo fato de comandar um Partido que já existe há décadas, está registrado e não depende de prazos nem de decisões da Justiça Eleitoral para o seu funcionamento. Acrescentou que, depois do dia 5 de outubro – prazo fatal para novos filiados que pretendem se candidatar – vai anunciar as datas para a realização de cursos preparatórios de quadros, através da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini, para que os novos filiados ao Partido tomem conhecimento das principais bandeiras de luta do PDT, da história do Trabalhismo, além das lutas políticas de Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola, principais ícones do Trabalhismo.

A candidatura do Major Olímpio ao Governo do Estado, destacou, é importante para o Partido, porque Olímpio vai defender as bandeiras históricas do PDT, especialmente a da Educação, ao longo de sua campanha eleitoral. E, quando chegar março ou abril do ano que vem, pretende encomendar uma pesquisa para sondar as perspectivas eleitorais. Se a candidatura de Olímpio “tiver decolado”, alcançado índices em torno de 8 ou 10%, ela prossegue.

Para isto será fundamental a realização de encontros regionais, reunindo a militância do Partido no interior e na capital – já programadas. Estão marcados encontros do PDT na Capital, Campinas, Sorocaba, Baixada Santista etc. Estão, também, programados 15 encontros regionais espalhados pelo Estado; reuniões que servirão também para consolidar a campanha do Major Olímpio ao governo estadual.

“Temos que defender o nosso patrimônio, que é a biografia de nossos líderes, o nome limpo deles, as suas lutas. Não podemos ser barriga de aluguel de político nenhum; temos que trabalhar com seriedade pela nossa organização”, destacou Lupi anunciando ainda que no próximo dia 19 de outubro será realizada uma grande reunião – em espaço com mais de 400 lugares ainda a ser definido – para reestruturar o Movimento Sindical do PDT-SP.

Segundo o presidente nacional, o movimento sindical do Partido em São Paulo será plural, aberto a todas as centrais sindicais, e será um dos primeiros a ser estruturado no Estado, juntamente com os demais movimentos, posteriormente.

“Até lá, já terá passado o prazo para novas filiações, vamos ver também quem ficou no Partido. Vamos jogar limpo, vamos conversar. Ninguém será mais supremo donatário do PDT, porque agora seremos um Partido aberto e plural em São Paulo”.

MAJOR OLÍMPIO

O deputado Major Olímpio manifestou sua satisfação com a presença de todos, procedentes dos mais diversos municípios do Estado, empenhados na reconstrução do Partido e no apoio a sua candidatura ao governo estadual. “Hoje, somos uma alternativa real para o Governo de São Paulo; e isto nos fortalece”, assinalou.

O apoio que tem recebido da direção nacional do PDT tem sido fundamental, destacou, citando como exemplo o uso do espaço de rádio e televisão para divulgação de inserções. “Tivemos cinco dias para fazer a gravação, a edição e a distribuição pelas 69 geradoras de tevê e mais de 750 rádios espalhadas pelo Estado de São Paulo da nossa mensagem partidária, o que foi um grande sucesso”, observou Olímpio, acrescentando que acredita no crescimento do PDT e da sua candidatura; e isto vem acontecendo a cada dia que passa.

“Os que continuam no PDT querem o crescimento de nossa sigla e não tenho dúvidas de que seremos grandes se colocarmos o coração e a alma a disposição do Partido. Nós estamos no rumo certo; não temos o que temer; não vamos nos esfacelar. Os companheiros que continuarão no Partido se sentirão revigorados e, daqui a alguns anos, teremos condições de dizer que vivemos um período histórico. O PDT vai se fortalecer, lutar e vencer”, garantiu.

Outro orador, Luiz Antônio Medeiros – sindicalista, ex-deputado federal, fundador da Força Sindical e atual Superintendente Regional do Trabalho de São Paulo – disse que tem conversado com muitos sindicalistas ligados à Força, e muitos deles tem dito que não deixarão o PDT.

“O PDT não é um partido sindical e, por isto mesmo, não se desligará do movimento popular, porque tem história, tem passado, tem o legado político de Brizola”, relatou.

Medeiros elogiou também a gestão de Lupi no Ministério do Trabalho, especialmente pela criação do ponto eletrônico “que acabou com o roubo de horas extras dos trabalhadores”. Acrescentou que viu muitos empresários, banqueiros e donos de indústrias tentarem pressionar Lupi para que o ponto eletrônico não entrasse em vigor; mas ele foi firme, “não se dobrou aos grandes interesses e acabou com a fraude nessa área”.

Medeiros citou também o fim da terceirização dentro do Ministério do Trabalho como uma das marcas de Lupi, no período que comandou o Ministério do Trabalho, que serviu de exemplo para os demais ministérios em Brasília . “Lupi foi um grande ministro; e todas as centrais sindicais estão aí, fortalecidas, graças à sua gestão no Ministério. Por conta disto tudo, concluiu, acredita que o PDT de São Paulo vai crescer e eleger uma grande bancada.

Carlos Apolinário, ex-candidato a governador pelo PDT de São Paulo, brizolista histórico, por sua vez, disse que é preciso que os pedetistas de São Paulo estejam preparados para enfrentar os adversários do Trabalhismo. “Li a entrevista de nosso presidente Lupi ao “Estado de São Paulo”, e quero dizer que o senhor pode contar conosco. Fiz cópias desta entrevista e as estou distribuindo. Quero dizer que, comparando com o que tem saído nos jornais, vejo que há um trabalho de tentar desmoralizá-lo. As fraudes na Previdência Social, por exemplo, são cometidas por assessores; e ninguém acusa o ministro Garibaldi Alves. A Ideli Salvati demitiu dois assessores, mas não foi responsabilidade pelas fraudes na sua área. Por que só o que acontece no Ministério do Trabalho é culpa de Carlos Lupi? “.

Apolinário também elogiou Manoel Dias, que seria vítima, como Lupi, da mídia. “Manoel Dias é um dos grandes quadros de nosso Partido. Em nossa opinião, não há problema algum em Lupi estar à frente do PDT, porque é pessoa de nossa total confiança”, destacou Apolinário.

A vereadora Érica, de Taboão da Serra, pediu a palavra para dizer que tinha a certeza de que estava no Partido certo “um Partido que é de verdade; não é legenda de aluguel” e que, por isto, é pré-candidata a deputada federal. Já a Vereadora Flávia, de Ubatuba, disse que a melhor forma de fortalecer o Partido, em sua opinião, seria trazer mais mulheres para a militarem no Partido e ajudarem na campanha do major Olímpio.

André Gaetta, outro pedetista histórico, disse que os militantes presentes não eram melhores do que ninguém, mas tinham a verdade histórica ao seu lado. “A História do Trabalhismo é a defesa dos trabalhadores, de suas conquistas; e ninguém melhor do que o PDT – sucessor do PTB histórico – para defender estas conquistas’. Gaetta frisou que a vida política do país tomou outro rumo depois do período da ditadura, mas que os pedetistas são parte de uma mesma luta; luta histórica.

Complementando a fala de Gaetta, Henrique Mathiesen, ex-presidente da JS PDT afirmou que o futuro do PDT em São Paulo será diferente, porque ele “não será mais um partido de cúpula, de gabinete, mas um Partido de verdade –- o PDT que queremos”.

Acrescentou:

 “O PDT vai renascer. Não será um partido sem movimentos organizados, um partido de cúpula, de gabinete. Ele vai ser chacoalhado de verdade e vai ressurgir organizado por regiões do Estado, mais plural, descentralizado, democrático. Somos réus confessos de lutar para eleger Brizola, réus confessos de construir Cieps, réus confessos de defender o povo brasileiro. Queremos manifestar nosso apoio ao Ministro Manoel Dias e dizer a ele que nos orgulhamos do seu trabalho, razão de estar sendo atacado em sua honra, apedrejado em praça pública”.

Henrique – que ainda falou sobre Reformas de Base e governo João Goulart – alertou para o do fato de que o escândalo do metrô de São Paulo, o metrô mais caro do mundo, ter sumido do noticiário. Terminou sua fala exaltando a candidatura do Major Olímpio a governador, porque “o PDT vai parar de fazer negócios para crescer como instituição, porque o Trabalhismo tem que passar por São Paulo”.

Tão logo terminou a reunião na Assembléia Legislativa, Lupi se deslocou para Barueri, na Grande São Paulo, para uma reunião com a direção do PDT local para discutir, na Câmara Municipal, a reestruturação partidária. A reunião – da qual participaram parlamentares, militantes e pré-candidatos – foi organizada pelo presidente do PDT de Barueri, José de Sousa Lima, e pelo vice-presidente do Partido, vereador Miguel de Lima. Também estiveram na reunião o Secretário Municipal de Saúde, Antonio Carlos Marques, e o vereador Celso Callegari; além de Zeza Zerada, candidata a vereadora mais votada na última eleição.

De lá Lupi seguiu para Santo André, também na Grande São Paulo, para o ato político pelos 80 anos de fundação do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, na sede da entidade, na Rua Gertrudes de Lima, 202 – Centro. Lupi – que foi um dos oradores do ato; juntamente com o Prefeito local e vários sindicalistas – no final da solenidade recebeu uma réplica do “Monumento ao Trabalhador”, inaugurado naquele dia, obra da artista plástica Tomie Ohtake, no Paço Municipal de Santo André.

Os compromissos de Lupi em São Paulo terminaram no dia seguinte, terça (24/9), com uma reunião seguida de café da manhã com a direção do Sindicato da Alimentação de São Paulo, na sede da entidade, em São Paulo capital.

 

 

OM/AG – Osvaldo Maneschy