Eleito, Barbosa fala em paz e retomada

‘TERCEIRO TURNO’ -
Após a apuração dos votos, Barbosa participou de um culto religioso, se reuniu a correligionários em uma chácara, e participou de uma carreata
Aos 42 anos e em sua terceira tentativa, o deputado federal Barbos a Neto (PDT) alcançou ontem o ’’sonho’’ de se tornar prefeito de Londrina. Com a derrapada da Justiça Eleitoral, que negou o registro da candidatura do deputado estadual Antonio Belinati (PP) após ele ter ganho o segundo turno das eleições em outubro passado, o pedetista chegou à Prefeitura com 54,12% dos votos válidos, derrotando neste ’’terceiro turno’’ o também deputado federal, Luiz Carlos Hauly (PMDB).
Sem euforia, o prefeito eleito só concedeu entrevista depois de consolidada a apuração. Ele admitiu que sua administração pode ser atrapalhada pela instalibidade política e pelas dificuldades de caixa da Prefeitura. Afirmou que entrega o cargo à Belinati, se este conseguir reverter no Supremo Tribunal Federal (STF) a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O pepista, assim como o deputado federal Ricardo Barros (PP), apoiou Barbosa no terceiro turno. A aliança, heterogênea, contou também com adesão do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT). 

Mas ontem, pelo menos, o vitorioso minimizou a influência destes grupos em sua administração e comentou que seu secretariado não está definido. Pregou a pacificação para que Londrina reencontre a autoestima e retome a trajetória de crescimento. Após a apuração dos votos, Barbosa participou de um culto religioso, se reuniu a correligionários em uma chácara, e participou de uma carreata pela cidade. 

FOLHA - O que fez o senhor vencer estas eleições?
Barbosa Neto - Quem ganhou a eleição foi o povo de Londrina. Agradeço imensamente a todos que confiaram no trabalho. Recebo o resultado com muita humildade e peço para a população esquecer a disputa.(...) Peço a Deus que me dê sabeboria para reconstruir Londrina para que a população tenha novamente orgulho de ser londrinense. 

Quais serão seus primeiros passos como prefeito?
Já estou trabalhando. Falar em Roma com o ministro do Trabalho, Carlos Luppi, na Colômbia com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, com o senador Osmar Dias, com o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, com o deputado Ricardo Barros. Vamos trabalhar porque precisamos trazer recursos. Teremos um período difícil. A capacidade de investimento é reduzida e vamos precisar da Câmara Municipal, da sociedade organizada, das entidades. Vamos precisar do povo para conseguirmos a esperança para construir uma cidade melhor. Londrina precisa de alguém que faça essa pacificação. 

O senhor já definiu algum nome do secretariado?
Vamos discutir com a sociedade. Assumi o compromisso durante a campanha e reafirmo que vou realizar auditoria para racionalizar a administração, eliminando gastos desnecessários, duplicidade de funções e, principalmente, reduzindo cargos comissionados. Vou governar com 50 cargos em comissão na estrutura direta. 

O senhor já elegeu uma prioridade entre os problemas da cidade?
Londrina é insegura mas podemos diminuir isso cuidando melhor das nossas crianças, criando a Guarda Municipal. Mas o mais importante é resgatar a autoestima do londrinense. Serei o embaixador de Londrina e o primeiro a pegar no cabo da enxada, quero estar nos bairros, na Prefeitura e montar uma equipe competente, com as melhores cabeças, para reconstruir a autoestima do londrinense que hoje está abalada. Não vim na vida a passeio mas para trabalhar. 

Que relação quer ter com a Câmara? Como fará a maioria? 
Isso vem de acordo com o posicionamento. Faltou diálogo com a Câmara por parte da administração passada e não terei nenhum receio em atravessar a praça para ir conversar com o Legislativo. Não sou adepto de rolo compressor e quero que os vereadores participem e fiscalizem porque é papel deles, mas que também dêem suas cotas de contribuição. A maioria tem que ser em beneficío da cidade. Se forem projetos bons os vereadores vão votar. 

Como o senhor avalia o recurso que Belinati deve ingressar no Supremo Tribunal Federal?
Com total tranquilidade. O legítimo vencedor da eleição foi o Belinati. Ganhou nas urnas e se o Supremo vir a dar uma decisão favorável, sem nenhum apego ou vaidade, vou me retirar do cargo. Cumpri uma decisão da Justiça para disputar essa eleição mas o Belinati é o legítimo vencedor. (...) Agradeço ao Belinati por ter me apoiado de forma totalmente despretensiosa. 

Mas não houve nenhum tipo de compromisso com ele?
Não havia. O Belinati é deputado estadual, creio que o maior líder popular que essa cidade já produziu, e espero que nos ajude na Assembleia Legislativa.
Esta instabilidade política pode atrapalhar seu governo?
Agora é um novo momento. Vou pedir a todos que compreendam nossa disposição para trabalhar. Perdemos quatro meses e vamos começar em um momento de dificuldade de caixa. Já temos que pensar no pagamento do 13º salário dos servidores. É uma preocupação e temos que encontrar recursos até para dar contrapartidas para as emendas que vêm para cá. Tenho R$ 7 milhões só com emendas minhas que virão para Londrina e vou precisar da colaboração dos deputados. 

O senhor já fez uma avaliação da atual situação da Prefeitura?
Não é das mais confortáveis. Tive responsabilidade de não fazer nenhuma promessa que não teria como cumprir. Sabemos que o caixa está numa situação complicada e vamos ver como o prefeito interino irá fazer o fechamento. Não sei exatamente como estão as contas mas sei que da fonte ’’MIL’’, que são recursos de livre provimento, Londrina tem apenas R$ 12 milhões por ano. É muito pouco e vamos precisar da parceria e da compreensão dos servidores para que nos auxiliem numa forma de aumentar a arrecadação. 

No ano passado, o senhor ficou no primeiro turno e agora é eleito prefeito. Como o senhor vê essa reviravolta?
Londrina nunca tinha passado por um processo tão traumático e desgastante. A cidade perdeu tempo porque teve que ter um prefeito interino. (...) Mas do passado, como dizia o poeta, é bom guardar o que há de bom. 

O senhor vai conversar com o governador Roberto Requião (que apoiou Luiz Carlos Hauly)?
Falei que, passada à eleição, iria marcar uma audiência com o governador porque não tenho nenhuma dificuldade de relacionamento com ele. Fomos adversários mas agora passou. Londrina é a primeira cidade do interior, merece tratamento digno e tenho certeza que o governador não vai se furtar.

‘TERCEIRO TURNO’ –
Após a apuração dos votos, Barbosa participou de um culto religioso, se reuniu a correligionários em uma chácara, e participou de uma carreata
Aos 42 anos e em sua terceira tentativa, o deputado federal Barbos a Neto (PDT) alcançou ontem o ’’sonho’’ de se tornar prefeito de Londrina. Com a derrapada da Justiça Eleitoral, que negou o registro da candidatura do deputado estadual Antonio Belinati (PP) após ele ter ganho o segundo turno das eleições em outubro passado, o pedetista chegou à Prefeitura com 54,12% dos votos válidos, derrotando neste ’’terceiro turno’’ o também deputado federal, Luiz Carlos Hauly (PMDB).
Sem euforia, o prefeito eleito só concedeu entrevista depois de consolidada a apuração. Ele admitiu que sua administração pode ser atrapalhada pela instalibidade política e pelas dificuldades de caixa da Prefeitura. Afirmou que entrega o cargo à Belinati, se este conseguir reverter no Supremo Tribunal Federal (STF) a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O pepista, assim como o deputado federal Ricardo Barros (PP), apoiou Barbosa no terceiro turno. A aliança, heterogênea, contou também com adesão do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT). 

Mas ontem, pelo menos, o vitorioso minimizou a influência destes grupos em sua administração e comentou que seu secretariado não está definido. Pregou a pacificação para que Londrina reencontre a autoestima e retome a trajetória de crescimento. Após a apuração dos votos, Barbosa participou de um culto religioso, se reuniu a correligionários em uma chácara, e participou de uma carreata pela cidade. 

FOLHA – O que fez o senhor vencer estas eleições?
Barbosa Neto – Quem ganhou a eleição foi o povo de Londrina. Agradeço imensamente a todos que confiaram no trabalho. Recebo o resultado com muita humildade e peço para a população esquecer a disputa.(…) Peço a Deus que me dê sabeboria para reconstruir Londrina para que a população tenha novamente orgulho de ser londrinense. 

Quais serão seus primeiros passos como prefeito?
Já estou trabalhando. Falar em Roma com o ministro do Trabalho, Carlos Luppi, na Colômbia com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, com o senador Osmar Dias, com o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, com o deputado Ricardo Barros. Vamos trabalhar porque precisamos trazer recursos. Teremos um período difícil. A capacidade de investimento é reduzida e vamos precisar da Câmara Municipal, da sociedade organizada, das entidades. Vamos precisar do povo para conseguirmos a esperança para construir uma cidade melhor. Londrina precisa de alguém que faça essa pacificação. 

O senhor já definiu algum nome do secretariado?
Vamos discutir com a sociedade. Assumi o compromisso durante a campanha e reafirmo que vou realizar auditoria para racionalizar a administração, eliminando gastos desnecessários, duplicidade de funções e, principalmente, reduzindo cargos comissionados. Vou governar com 50 cargos em comissão na estrutura direta. 

O senhor já elegeu uma prioridade entre os problemas da cidade?
Londrina é insegura mas podemos diminuir isso cuidando melhor das nossas crianças, criando a Guarda Municipal. Mas o mais importante é resgatar a autoestima do londrinense. Serei o embaixador de Londrina e o primeiro a pegar no cabo da enxada, quero estar nos bairros, na Prefeitura e montar uma equipe competente, com as melhores cabeças, para reconstruir a autoestima do londrinense que hoje está abalada. Não vim na vida a passeio mas para trabalhar. 

Que relação quer ter com a Câmara? Como fará a maioria? 
Isso vem de acordo com o posicionamento. Faltou diálogo com a Câmara por parte da administração passada e não terei nenhum receio em atravessar a praça para ir conversar com o Legislativo. Não sou adepto de rolo compressor e quero que os vereadores participem e fiscalizem porque é papel deles, mas que também dêem suas cotas de contribuição. A maioria tem que ser em beneficío da cidade. Se forem projetos bons os vereadores vão votar. 

Como o senhor avalia o recurso que Belinati deve ingressar no Supremo Tribunal Federal?
Com total tranquilidade. O legítimo vencedor da eleição foi o Belinati. Ganhou nas urnas e se o Supremo vir a dar uma decisão favorável, sem nenhum apego ou vaidade, vou me retirar do cargo. Cumpri uma decisão da Justiça para disputar essa eleição mas o Belinati é o legítimo vencedor. (…) Agradeço ao Belinati por ter me apoiado de forma totalmente despretensiosa. 

Mas não houve nenhum tipo de compromisso com ele?
Não havia. O Belinati é deputado estadual, creio que o maior líder popular que essa cidade já produziu, e espero que nos ajude na Assembleia Legislativa.
Esta instabilidade política pode atrapalhar seu governo?
Agora é um novo momento. Vou pedir a todos que compreendam nossa disposição para trabalhar. Perdemos quatro meses e vamos começar em um momento de dificuldade de caixa. Já temos que pensar no pagamento do 13º salário dos servidores. É uma preocupação e temos que encontrar recursos até para dar contrapartidas para as emendas que vêm para cá. Tenho R$ 7 milhões só com emendas minhas que virão para Londrina e vou precisar da colaboração dos deputados. 

O senhor já fez uma avaliação da atual situação da Prefeitura?
Não é das mais confortáveis. Tive responsabilidade de não fazer nenhuma promessa que não teria como cumprir. Sabemos que o caixa está numa situação complicada e vamos ver como o prefeito interino irá fazer o fechamento. Não sei exatamente como estão as contas mas sei que da fonte ’’MIL’’, que são recursos de livre provimento, Londrina tem apenas R$ 12 milhões por ano. É muito pouco e vamos precisar da parceria e da compreensão dos servidores para que nos auxiliem numa forma de aumentar a arrecadação. 

No ano passado, o senhor ficou no primeiro turno e agora é eleito prefeito. Como o senhor vê essa reviravolta?
Londrina nunca tinha passado por um processo tão traumático e desgastante. A cidade perdeu tempo porque teve que ter um prefeito interino. (…) Mas do passado, como dizia o poeta, é bom guardar o que há de bom. 

O senhor vai conversar com o governador Roberto Requião (que apoiou Luiz Carlos Hauly)?
Falei que, passada à eleição, iria marcar uma audiência com o governador porque não tenho nenhuma dificuldade de relacionamento com ele. Fomos adversários mas agora passou. Londrina é a primeira cidade do interior, merece tratamento digno e tenho certeza que o governador não vai se furtar.