Ciro propõe criar um novo regime de Previdência


Por Silmara Cossolino
04/09/2018

O candidato do PDT à presidência da República, Ciro Gomes, participou na manhã desta terça-feira (4), em São Paulo, da sabatina promovida pelo Estadão-FAAP. No evento, o pedetista falou de suas propostas de governo e respondeu a questionamentos de jornalistas e da platéia.

A reforma da Previdência foi um dos temas posto em pauta. O presidenciável disse que o atual sistema do País – o regime de repartição, onde a geração jovem, ocupada, trabalha para pagar a aposentadoria da geração que passou da idade – não é reformável.

Disse que a premissa desse sistema, para ele funcionar, supõe uma demografia muito jovem, trabalhando por muito tempo, para financiar uma aposentadoria de um cidadão que se aposenta, além de uma brutal formalização do mercado de trabalho.

“O camarada tem que ter uma carteira assinada para contribuir”, disse sobre o sistema. “Hoje, o Brasil tem 32 milhões de pessoas na informalidade e 13,7 milhões desempregados. Estou propondo, como solução desse problema, criar um novo regime, que é em linha com as melhores práticas internacionais e que se chama de capitalização”, disse.

Ele explicou que a lógica desse regime é que cada trabalhador poupa para si mesmo. “Parte dessa poupança é compulsória, ditada pelas leis, e parte complementar, acima de um teto, que nós pactuaremos, é voluntária”, disse.

Ciro também voltou a dizer que irá tributar lucros e dividendos como forma de melhorar a situação das contas públicas e que pretende criar imposto sobre herança acima de R$ 2 milhões.

No decorrer do encontro, o presidenciável esclareceu dúvidas sobre o programa “Nome Limpo” e a importância de retomar o consumo das famílias para a economia. “Se o comércio não vender, a indústria não produz e não há emprego nem salário”, disse, chamando atenção novamente para os 13,7 milhões de desempregados

“No Brasil, a dívida média das 63 milhões de pessoas que estão com o nome negativado no SPC é de R$ 4.200,00. Vou propor ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal (CEF), e também aos bancos privados que quiserem aderir ao programa, financiar esse saldo médio”, disse.

Ciro também reiterou sua proposta de reunir os interesses de quem produz com os interesses de quem trabalha, além de destacar o agronegócio ao afirmar que o setor “carrega” o Brasil nas costas.

“O agronegócio tem um superávit de R$ 100 bilhões. Ele tem um papel estratégico e quero verticalizar para a agroindústria”, disse.

Ciro encerrou a sabatina respondendo a perguntas de corrupção. Disse que é um problema muito grave, mas elencou que o tema mais candente para a sociedade é saúde pública. O segundo, violência; o terceiro é o desemprego e quarto, corrupção.

“Ela (corrupção) é um câncer na sociedade. Esse discurso que relativiza a corrupção, não vai resolver o problema”, disse. “Quando o país permite que 63 milhões tenham o nome negativado, isso é corrupção. Agora, receber caixa dois em campanha é corrupção muito grave. Penso que isso se resolve com exemplo – que vem de cima para baixo – e uma permanente renovação institucional”, ressaltou.