Ciro Gomes apresenta dados que demonstram a estagnação da economia brasileira


PDT POA/JC/UOL
12/07/2019

O vice-presidente Nacional do PDT Ciro Gomes apresentou, nesta quinta-feira (11), em Porto Alegre, um balanço dos seis primeiros meses do governo Bolsonaro que demonstram a estagnação da economia brasileira. O encontro aconteceu no Plenário Ana Terra, na Câmara Municipal da Capital gaúcha, sob a coordenação do presidente do Diretório Metropolitano, vereador Mauro Zacher, com a presença do presidente regional e deputado federal Pompeo de Mattos e outras lideranças pedetistas. militantes e simpatizantes do trabalhismo.

Os dados apresentados por Ciro compõem o levantamento feito pelo Observatório Trabalhista, ferramenta participativa criada para acompanhar os principais indicadores econômicos, da evolução da dívida pública, investimentos em saúde, educação etc. Durante suas explicações, buscou se posicionar fora da polarização entre petistas e bolsonaristas. “Não podemos deixar as paixões separarem o Brasil entre petralhas e bolsominions”.

“Para o petralha, o que os outros fizeram não presta e os erros que cometeram não interessam. Para o bolsominion, o presidente pode dizer o que quiser, fazer as maiores aberrações, abrir mão do status de nação em desenvolvimento sem consultar ninguém, mesmo que destrua as possibilidades de o Brasil administrar uma política de desenvolvimento econômico”, disse Ciro.

Para Ciro Gomes, o Brasil termina a sua pior década em matéria de desenvolvimento econômico, dos últimos 120 anos. Para uma plateia lotada e atenta, ele mostrou o esforço de arrecadação do Governo, mas ressaltou que, de acordo com os números, a receita líquida – a soma da receita total menos a dívida, os juros – apresenta uma paralisação, em comparação com o mesmo período de 2018, “o que é um sintoma de que economia está parada, porque não há evolução”, observou.

Nas despesas do Governo central, segundo Ciro, é onde se anuncia a tragédia. A área de investimento é a menor, desde o período da 2ª guerra mundial.

“O Brasil está deprimindo investimento sem precedentes”, lamentou Ciro. O pedetista mostrou, por exemplo, a questão da infraestrutura, com 24 mil obras paradas em todo o País, e a área da educação, cuja queda nos investimentos começou e cair em 2014, e continua a se agravar. Um dos poucos indicadores positivos apresentados por Ciro foi o da queda de mortes violentas, que, segundo ele, especialistas ainda avaliam quais seriam as razões efetivas para a queda dos números. Os dados completos podem ser acessados no link a seguir: http://bit.ly/2LhIszx

Previdência

Ciro disse ter ficado mal com a decisão, mesmo que tenha sido legitimada pelo voto de 347 deputados, de aprovação da Reforma da Previdência.

“Tive vontade de cancelar minha agenda e me recolher para pensar sobre tudo isso, mas diante da oportunidade de falar, principalmente para os jovens, que é algo que me revigora, aqui estou, disse logo após ter sido elogiado por uma militante acompanhada da filha de 14 anos, fã do ex-governador. Ciro disse que logo “a ressaca virá, porque quando a Reforma passar em segundo turno, no Senado, e for sancionada, os brasileiros que estão caindo na onda da grande mídia, que defende os interesses dos bancos e de grandes investidores internacionais, vão verificar que nada acontecerá”, disse.

Ao responder perguntas de jornalistas e do público presente falou, também, sobre a indisciplina dos oito deputados federais que votaram pela aprovação da Reforma, contrariando decisão do Diretório Nacional, que havia fechado questão contra o projeto. Afirmou estar particularmente “decepcionado” com a posição da deputada Tabata Amaral (PDT-SP).

“Para mim, neste momento, ainda estou com aquele sofrimento que no verso de Djavan fala em ‘desgosto de filha’ e esse sentimento não é bom conselheiro para providências que devemos tomar”, disse Ciro, que participou de diversos atos de campanha ao lado de Tabata durante a eleição do ano passado.

“Eles deveriam sair do partido porque esse não é um “pecadilho desculpável”. O ex-governador cearense reconhece que a deputada tem 25 anos, “uma idade em que as pessoas podem errar”, mas ressaltou que nesse caso o erro vai contra a melhor tradição do trabalhismo brasileiro e contra o povo mais pobre. “Nós somos do partido de Getúlio Vargas, que criou o sistema de previdência no Brasil. É um erro que não pode passar impune”, afirmou.

Ciro destacou que agora a situação será examinada pelo Diretório Nacional, dentro dos ritos estatutários do partido, a partir de procedimentos já apresentados à Comissão de Ética.

“A Executiva do PDT Nacional deve se reunir na próxima quarta para examinar as representações contra os oito dissidentes e, a partir daí os deputados serão notificados para que tenham prazo de defesa e será a Comissão de Ética que votará um parecer final, que pode indicar a suspensão, advertência oral, escrita e até mesmo a expulsão do partido”, explicou.

Vaza Jato

Questionado sobre os vazamentos de áudios entre o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e procuradores que integram a Lava Jato, em especial Deltan Dallagnol, divulgados pelo site The Intercept, Ciro Gomes fez diversas críticas ao ex-juiz federal.

“O Sergio Moro nunca foi um magistrado, ele é um politiqueiro com um comportamento acanalhado e que fez a sua ambição pessoal de poder acima de qualquer juramento da Lei Processual do Código de Ética da magistratura. O ex-presidente Lula realmente chafurdou na corrupção com seus colegas, isso eu não tenho a menor dúvida, porém até o pior bandido tem direito a um julgamento severo, dentro das leis, e o que o juiz Sérgio Moro fez? Plantou nulidades”, declarou Ciro.

Para Ciro, “Sérgio Moro nunca foi um magistrado, sempre foi um politiqueiro, com um comportamento acanalhado que pôs sua ambição pessoal acima da lei processual ou do Código de Ética da Magistratura”, disparou, ao lembrar que foi professor de Direito Constitucional. Para ele, em uma situação normal, os processos julgados por Moro – que hoje é ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PSL) – vão acabar por ser anulados. “Diz a lei que é suspeito o juiz que aconselhar uma das partes. É evidente que o juiz Moro não só estava aconselhando, como estava liderando o ministério público. Com isso, cai no caso de suspeição.

Se a suspeição for declarada, como acredito que será, todos os atos que ele presidiu serão nulos. Não importa que o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) aqui de Porto Alegre tenha confirmado a sentença, porque o ato não é anulável; é nulo desde a origem”, analisou. E lamentou: “Se tem um brasileiro que sabe que o (ex-presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva, PT) é culpado, sou eu. Mas o mais grave não vai ser a soltura do Lula. Vai ser a do Geddel Vieira Lima (MDB), apanhado com R$ 51 milhões em malas no seu apartamento em Salvador; do Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados; e do Palocci, réu confesso de roubar R$ 100 milhões do povo brasileiro, como ministro do Lula. Enfim, são 120 pessoas apenadas. Então, veja que tragédia é um juiz não se comportar”.

Eleição 2022

Durante o evento Ciro disse que segue sua peregrinação pelo país para demonstrar ao maior número de pessoas que é pela política o caminho para as mudanças que o Brasil precisa. Disse que é um soldado do partido pronto para as missões que lhe forem determinadas. Na presença de diversas lideranças pedetistas, entre elas o ex-presidente regional e ex-prefeito de Osório, Romildo Bolzan Jr., e estimulado por manifestações da plenária em defesa do nome do atual presidente do Grêmio para a sucessão estadual em 2022, Ciro disse que vem ao Rio Grande do Sul para distribuir panfletos se ele for candidato ao Piratini. O ex-governador do Ceará elogiou a habilidade de gestão de Bolzan à frente do clube e concluiu: “O que quero dizer é que é um excelente gestor”.