Agronegócio precisa de taxa de juros subsidiada, afirma Ciro Gomes


Silmara Cossolino
21/03/2018

Em entrevista concedida ao Canal Rural, na última segunda-feira (19), o pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, criticou a taxa de juros praticada no campo.

Ciro argumentou que o País é extremamente dependente de importações e que quem paga a conta é o povo do campo. Segundo ele, é necessária a elaboração de uma agenda de financiamento de acordo com o perfil do agronegócio e também da agricultura familiar. Enfático, disse que o setor precisa de uma taxa de juros subsidiada.

“Ou o Brasil subsidia o juro, ou o agronegócio quebra em 48 meses”, apontou, reiterando que a taxa de juros brasileira é a mais criminosa do mundo.

O presidenciável disse que o menor volume de investimento no país acaba impactando o agronegócio e que é preciso repensar a logística para escoar a produção. Criticou a falta de acesso correto aos portos e o custo do frete rodoviário, quando o que recomenda a logística brasileira é um complexo ferroviário que precisa ser estendido.

“Eu estou estudando muito isso porque você dá margem para o agronegócio crescer e sobreviver, que é o que nós precisamos fazer. E temos feito graças ao arrojo do nosso produtor rural que está produzindo cada vez mais sem expandir propriamente a área”, disse. “E isso significa que nós temos que desenhar um quadro fiscal, ou seja, sanear as contas do governo porque hoje elas estão no pior momento da sua história, com o pior investimento”, completou.

A segurança no campo foi outro tema abordado durante o programa. Ao ser questionado sobre qual medida tomaria para derrubar a insegurança no campo e se o Estatuto do Desarmamento seria uma possibilidade, disse que nenhuma sociedade se sustenta ao alimentar a ilusão de que a paz nas famílias se garante pelo exercício individual.

“O crime tem um efeito surpresa. Se nós equiparmos, por exemplo, o trabalhador rural com fuzil, com arma pesada, imediatamente o narcotráfico e o contrabando de armas vão mudar de destino. O Brasil teve 62.400 homicídios nos últimos doze meses e só oito por foram investigados. Isso exige uma nova plataforma de segurança pública para o Brasil, para o campo e para a cidade”, pontuou.

Ao final do programa, Ciro mencionou seus 38 anos de vida pública e afirmou que pretende associar os interesses da classe trabalhadora – a qual devota a maior importância, “porque o mundo inteiro tem que dar valor ao trabalho”, aos da produção.

“Essa é a chave e o nosso inimigo é a especulação. Mais da metade do nosso orçamento, executado no ano passado, foi entregue para a especulação financeira. E é ai que está o grande conflito, que temos que interferir. Para isso, precisamos unir os interesse de quem produz com os interesses de quem trabalha”, ressaltou.