5° Congresso: íntegra dos discursos de Lupi e Manoel Dias

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, ao discursar, de improviso, na abertura do 5° Congresso Nacional, defendeu candidaturas próprias em todos os níveis; a necessidade do PDT romper com a prática política de trocar cargos por apoio; o respeito ao que população quis dizer com as manifestações de rua e a necessidade do partido fazer autocrítica, repassando sua história e procurando estar à altura do povo brasileiro, entre outros pontos.

O secretário nacional do partido, Manoel Dias, também ministro do Trabalho, também falando na abertura do 5° Congresso, enumerou os próximos passos que o PDT, na sua opinião, deve dar para ficar ainda mais próximo do que Vargas, Jango e Brizola pregaram ao longo de suas vidas. Transcrevemos, aqui, por sua importância para todos os pedetistas, as íntegras dos discursos de Lupi e de Manoel Dias na abertura do Congresso. (OM/AG)

O vídeo que empolgoou o Congresso: Carta Testamento 

Conclusão do V Congresso e Manifesgo Trabalhista do Século XXI

A prioridade do partido é candidatura própria!

Discurso de Carlos Lupi, na abertura do 5° Congresso Nacional do PDT

“Estamos aqui para continuar esta luta que Getúlio começou – e que nos une até hoje –, com o seu amor à pátria brasileira, com seu desprendimento, com a sua visão estratégica de Nação.

“O nosso Partido, o PDT, herdeiro legítimo das causas que Getúlio proclamou durante sua vida inteira – causas libertárias, causas de um Partido que não tem dono, causas de um Partido que tem que servir ao povo, causas de um Partido que tem cumprido o seu destino.

“Nós temos que romper com um processo político que está muito em voga hoje, que é troca de cargo por apoio. O nosso Partido não nasceu para isso. Nossa história não é essa. Nós temos que propor o que queremos para a sociedade brasileira. Não desmereçamos o que a população nos disse nas ruas.

“Agora, a gente vê alguns aparelhos querendo teorizar, alguns querendo fazer partidarismo deste processo. Mas o mais importante já aconteceu. Todos nós temos que fazer uma autocrítica, avaliar os nossos erros, e estar à altura do povo brasileiro. Isto é uma grande lição para cada um de nós. E eu sou o primeiro a me penitenciar e a querer aprendê-la.

“Ou nós sobrevivemos como um partido que tem esta visão estratégica de projeto de nação, que tem a visão estratégica de opção pelos pobres, pelos fracos, pelos oprimidos; ou não nos dizemos herdeiros. Por que Getúlio proclamou isto na década de 30! Ou seremos um Partido que tem a visão social como a sua principal causa de existência, ou nós vamos ser uma das 30 siglas a sobreviver no arranjamento eleitoral.

“Então, eu quero pedir aos companheiros, solicitar aos companheiros que a gente faça deste encontro o encontro do acontecer, o encontro das nossas propostas, do afunilamento delas; e o encontro para a gente ter sintonia com o povo brasileiro.

“O que povo disse nas ruas é de que está cansado de todos nós. Alguns mais; outros menos. Quanto maior o poder, maior a responsabilidade; maior também o desencanto. Como nós não temos, ainda, uma grande estrutura de partido no poder, fomos afetados; mas não tanto quanto outros. Mas fomos afetados também. Tem-se que ter consciência disto. Sacudir essa poeira para poder levantar e seguir em frente.

“Então, nós temos que ter muita humildade para aprender com o povo brasileiro. Muita humildade.

“Eu não suporto ver mais análises de intelectuais chatos que querem dizer ‘foi assim… o povo disse isso, o povo disse aquilo… O povo não precisa de intérpretes para suas ações. Ele faz. E quando ele vai para a rua, ninguém o segura. Ninguém segura.

“Eu tenho uma grande responsabilidade; e, provavelmente, não estou à altura dela. Eu procuro superar as minhas limitações com trabalho, com esforço, com amor a esta causa, porque este Partido é parte da minha vida – é um pedaço de mim. Procuro compensar as minhas falhas, os meus defeitos com trabalho.

“Eu quero pedir a cada companheiro. Nós temos que fazer um paralelo. Temos que ter a visão de eleição; temos que fazer esforço para eleger deputados estaduais, deputados federais. Mas estou cansado de ver trânsfugas nesta sigla; estou cansado de ver gente usar a nossa bandeira, usar nossa causa, se eleger e virar as costas no primeiro dia.

“A gente tem que fazer esforço para que a estrutura partidária crie um elo tão forte com a população que eles tenham medo até de vir, se vierem com o pensamento de trair a causa. Não é a causa individual de ninguém que está em jogo; não é a causa da sobrevida de ninguém – é a causa do povo brasileiro; e nós somos uma espécie de depositários fiéis desta causa.

“Então, eu quero pedir, humildemente: vamos participar, aqui, efetivamente; não vamos perder nosso precioso tempo sem dar opinião, sem dar o que a gente acredita que seja o melhor; sem opinar.

“Quero pedir a cada presidente estadual: nós vamos ter que repetir encontros como este que estamos fazendo aqui em Brasília em cada Estado. Em qualquer aliança que existir, que o Partido fizer, tem que ser em cima de teses que sejam abraçadas por quem possamos ou não apoiar.

“A prioridade do partido são as candidaturas próprias!

“Quem quiser vender o Partido não perde por esperar.

“Eu quero aqui fazer, publicamente, o que já fiz em vários momentos; e repito: o meu agradecimento à minha – à nossa – bancada federal. Os nossos deputados e os nossos senadores têm sido de uma honradez, que dá orgulho ao Partido. Quero representar isto, através do meu companheiro André Figueiredo: baita líder! Baita líder! Nós temos um bom time, e ele simboliza o bom time que nós temos. Nós temos 26 que valem por 100 deles.

“Agora, por causa deste cidadão que está aqui, o deputado líder André Figueiredo (e a bancada, porque sem a bancada nós não poderíamos existir; a bancada é que vota), conseguimos aprovar – por convencimento dele, junto à Presidenta da República – esta questão dos royalties, em que o rendimento do Fundo, que era pequenino, passou a ser o dinheiro total do Fundo… para a Educação! Que é a nossa bandeira; as nossas ideias.

“E ao companheiro Miro Teixeira, eu quero falar publicamente a ele, aqui: a tese que o companheiro defende, há anos – o plebiscito – é uma causa do PDT. Nós temos que ouvir o povo. Quem não quer ouvir o povo que diga que não quer ouvi-lo. Quem quer fazer, do Congresso, trapaça ou reforma feita com eleitoralismo, que diga ao povo. Nós queremos ouvir o povo, e não temos medo de ouvi-lo; porque somos iguais. Continuamos defendendo o plebiscito, continuamos defendendo a Educação de tempo integral; e queremos mais.

“Dessa população nas ruas, vocês não viram faixas dizendo: ‘Fora! Queremos menos educação’, ‘Chega de saúde!’, ‘Chega de Estado!’. Não! O que provou essa manifestação na rua, em minha modesta visão, é que o que está falido é sistema capitalista voraz, que quer agir em cima de dinheiro; que não respeita a cidadania; que não respeita o direito social. Essa população não quer mais ser só ouvida; ela quer ter direito a voz. E o PDT tem que ser o partido que tenha ouvidos; e que dê voz e voto ao povo brasileiro.

“Nós temos que ter esta consciência. Nós temos que ter a consciência de que o Estado que queremos é o Estado eficiente; o Estado das carreiras; o Estado exclusivamente como função pública.

“Eu defendo que Educação seja uma carreira de estado exclusiva. Se o professor é público, em minha modesta opinião (isto nós não discutimos ainda, no Partido), tem que ser exclusivamente – e bem pago – para servir publicamente a nossa população. Não fiquem com raiva de mim, mas o povo brasileiro é maior do que qualquer corporação.

“O povo brasileiro está clamando, está cansado de ser induzido ao plano de saúde privada, porque ele dificulta para poder conseguir atendimento. O mesmo acontece com a Educação.

“Então, a gente tem que ter coragem de ousar.

“O Judiciário não é uma função de Estado? Juiz não pode acumular. Se for auditor fiscal não pode acumular. Por que professor e médico? Professor e médico têm que ser bem pagos. Muito bem pagos! Eles merecem a dedicação exclusiva de Estado, porque, senão, vamos continuar fingindo que atendemos, fingindo que estão educamos para favorecer a educação privada e para favorecer a saúde privada.

“Vamos discutir, vamos debater, vamos aprofundar. Estou dando minha modesta contribuição. Mas é para alertar. Nós temos que ter coragem e ousadia.

“Eu não quero discutir – acho que não devemos discutir – 2014, nestas reuniões. Se alguém quiser falar, claro que tem o direito.

“Mas nós estamos cansados de sermos usados nesse processo. E eles têm que entender que qualquer um que queira o nosso apoio tem que ter um documento público dizendo: por isto, isto, isto, isto… Não por a gente está lento; ou por arrumação de alguém que, porventura, esteja ocupando alguma posição, até dentro da estrutura partidária. Ninguém tem esse direito. Ninguém.

“Um partido só existe, só sobrevive com dignidade quando põe a sua cara. E para botar sua cara tem que ter candidato. Sem candidato é complicado.

“É claro que tenho que entender que em alguns locais não tem chance, não tem organização; mas eu digo sempre: só não tem chance quem não disputa, quem não aparece, quem não se manifesta. Como vai ter voto se ninguém o conhece? É como diz o ditado popular: time que não entra em campo não tem torcida.

“E para terminar esta minha fala, o nosso projeto é jamais estar à direita do governo; nós temos que estar à esquerda do governo. Nós temos que estar ali: política consciente, forte para exigir mais benefício social, para mais benefício para o povo.

“Estou farto de ouvir discurso sobre a falência da Previdência. Todo mundo reclama como se fosse dinheiro público para a Previdência. Mas, na hora que bota bilhões de reais nas empresas privadas para salvá-la de uma crise, ninguém fala nada: ‘Ah, é o Estado exercendo seu poder para honrar a empresa nacional’.

“Nós temos que construir. Qualquer que seja o projeto que a gente tenha, não podemos trair os princípios que aquele que aquele velhinho que está ali [Getúlio Vargas] falou para a gente (ele fez isso há 60 anos); e , passados 60 anos, continua atual a luta pela soberania nacional, a luta pela libertação do nosso povo, e a luta da Educação – Educação libertária, como falavam o professor Darcy Ribeiro e o único homem que teve a coragem de fazer na prática, que se chamava Leonel de Moura Brizola”.

 

 

Íntegra da fala de Manoel Dias

“Somos o único Partido que, no poder, mudará, de fato, o modelo econômico” 

“Companheiras do PDT do Brasil inteiro, aqui representadas pela sua presidenta nacional, Miguelina Vecchio. A todos os nossos companheiros – militantes do Brasil inteiro, dirigentes partidários, presidentes de movimentos, presidentes de núcleos de base –, queria saudar todos vocês, especialmente.

“Porque vocês têm resistido, nestes anos todos, a todas as tentativas que foram feitas no sentido de diminuir, de tentar apagar da história brasileira esta vertente política que é, impressionavelmente, a que tem mais compromisso histórico com as revoluções que foram realizadas; com as revoluções que tenham que ser feitas, no futuro, através do processo do conhecimento, da Educação e da inovação.

“Vocês, que foram sempre parceiros de Vargas, de João Goulart, de Leonel Brizola; e que sustentaram, lá nos mais distantes rincões do Brasil, a ação violenta da grande mídia nacional, do grande capital; porque eles sabem – sem demérito para nenhuma das organizações políticas que hoje aí estão organizadas – que nós somos o único Partido que, no poder, terá vontade e decisão de mudar, de fato, o modelo econômico, fazer as reformas de base. Este é o PDT.

“O nosso próprio congresso, hoje, que tem uma bandeira: a Reforma de Base.

“Em 1963, o Presidente João Goulart enviou ao Congresso Nacional a mensagem de final de ano, em que propunha as Reformas de Base – as reformas de base que foram discutidas, debatidas em todo território nacional, através do PTB, através dos grupos jovens, através do movimento sindical; e que formularam, através do formulado por Celso Furtado, este projeto que iria salvar o país. E que iria, através de um processo democrático, promover reformas profundas, começando pela reforma agrária, pela reforma da educação, pela reforma bancária; enfim, pela reforma do modelo econômico para estabelecer um Estado forte, capaz de atender as demandas, historicamente, que, por 500 anos, foram negadas pela elite egoísta que comandou o país.

“Então, hoje, companheiros, quando o povo vai para a rua… e a rua é o nosso lugar: nós fomos construídos nas ruas. O povo vai para as ruas, e não é contra nós. O nosso princípio é: a rua é do povo.

Juntos, vamos restabelecer a grande discussão: a formação de uma consciência política que, organicamente, se condicione, se prepare, se estruture, para guarnecer a nação brasileira; porque nós voltamos ao regime democrático.

“Quando o PDT se organizou, declarou que era para respeitar o regime democrático. Mas nós queremos fazer, através da democracia, as mudanças que já foram preconizadas tantas vezes, e que, infelizmente, na hora de fazê-las, nós não temos maioria no Congresso Nacional.

“Então eu acho que o momento – como o Lupi disse, agora: “um momento histórico para nós”. Nós somos um Partido, hoje, embora numericamente não seja o maior, mas nós temos consciência; nós sabemos que a única maneira de fazer mudanças é organizando o povo. Porque o povo é que tem que fazer as mudanças. Mas o povo não fará as mudanças, na medida em que não ele tiver consciência política e ideológica.

“Só que na falta da consciência política e ideológica, certamente não se organizará.

“Uma organização é fundamental, porque é um instrumento, uma ferramenta que um povo tem, num regime democrático, organizado, debatendo, definindo e no dia da eleição votar corretamente. E não como, historicamente, a gente tem assistido: o nosso Partido se expõe, briga, coloca a defesa dos interesses dos trabalhadores; mas, como não se tem ainda uma sociedade organizada, política e ideologicamente, chega nas eleições, nós somos derrotados.

“A queda de Vargas, a queda de Jango representou a ausência dessa organização. Se nós tivéssemos um partido organizado, uma sociedade organizada, um povo politizado, consciente de que ele, sendo maioria, ele é o dono do poder, ele teria resistido e impedido tanto que Getúlio desse um tiro no coração, quanto João Goulart tivesse que ir para o exílio, com alguns companheiros; e tantos outros que ficaram aqui, que deram suas vidas, ao lutar pela liberdade e democracia.

“Por isto, companheiros, acho que este congresso é fundamental.

Nós esclarecemos aí que temos ferramentas indispensáveis. Nenhum partido, hoje, no Brasil, é tão moderno quanto o nosso. E a bandeira mais moderna que existe é a Educação, não é? Qual é mais moderna que a Educação?

“Então, temos, hoje, uma universidade; nós temos, hoje, uma rádio. E se pode, como hoje, alcançar a nossa base, lá a nossa ponte, lá no mais distante rincão do nosso país, através da organização dessa gente, no núcleo de base. Porque ao organizar o núcleo de base, você cria um logos aonde você vai fazer o debate. Você vai discutir os por quês: por que o povo não tem liberdade; por que o povo não tem comida; por que o povo não tem educação; por que o povo não tem saúde.

“No momento em que nós conseguirmos convencer, e mostrar ao povo que o fato de ele não ter os seus direitos ainda respeitados é porque ele ainda não exerceu, com toda força, o seu poder de eleger um Congresso Nacional comprometido com ele.

“Então, neste nosso congresso nós vamos fazer um grande debate; vamos assumir, aqui, um compromisso.

“Eu agora, como ministro de Estado, estou visitando os estados. Mas eu estou visitando os estados: durante o dia, eu tenho que fazer a parte administrativa. Mas, fora do horário administrativo, tenho reunido com grupos.

“Eu vou a Porto Alegre, vamos fazer reunião à noite, vamos fazer ao meio-dia para discutir, com os núcleos de base, já para as próximas eleições, um mínimo de planejamento que fidelize a campanha dos nossos companheiros; e que escolham candidatos comprometidos com esta causa, para ajudar na formatação de uma legenda ainda maior para que aquilo que o Lupi defende, que está lutando e construindo pelo Brasil afora, que é uma meta.

“Um projeto de eleger uns 40 candidatos federais é factível, é possível, desde que cada um assuma a sua responsabilidade. Mas para que a gente possa – ao não ter os recursos que nós não temos, e não vamos ter (não vamos nos iludir) –, nós temos o maior poder, que é o poder da conscientização; é o poder da conversão desses brasileiros, ainda. Muitos ainda não foram resgatados. E precisam ser resgatados.

“Parabéns aos companheiros da organização do nosso evento; parabéns, Lupi.

“Eu quero, para encerrar, dizer aos companheiros: estou lá no Ministério do Trabalho, representando, momentaneamente, o nosso Partido. Não estou lá por meus méritos. O poder me daria condições de pleitear um mandato. Estou lá representando o Partido. Estou lá, o Lupi me defendeu; a bancada defendeu meu nome, indicou meu nome. E isto aumenta muito mais a minha responsabilidade. Porque eu devo explicações ao Partido. Eu tenho que ser o ministro comprometido com as nossas causas.

“Quando eu disse que a esquerda não teve competência, ainda, de recuperar a sua organização, a sua unidade para – não questionar a Presidenta; mas dando a ela sustentação, indicando a ela caminhos que possam fazer enfrentamento deste governo que é plural, deste governo que também tem representação, porque maioria se posicionou desta maneira.

“Mas que nós possamos… O PDT – como líder deste grupo, como vanguarda deste grupo – possa sair deste congresso com uma plataforma; e esta plataforma possamos levar aos demais partidos de esquerda, e, com eles, discutir uma ação concreta para que a gente possa sustentar o governo, a Presidenta na tomada de posições na vanguarda, de esquerda, de avanços sociais, de avanços econômicos. E ela terá que fazer as cobranças com apoio dos partidos; e, pela esquerda, construir um Brasil diferente.

“Então, bola para frente; vamos lutar. Parabéns a todos vocês.

“E eu peço ajuda a todos vocês. Vocês sabem que torcer a favor, ajuda. Por enquanto estou ainda só na fase inicial. Não começou a comer pau ainda. Daqui a pouco vem… Você cria uma expectativa. Na medida em que você não responde a expectativa, o pau come. É mais um… E a gente tem uma responsabilidade: ser melhor que o Lupi…

“Acho que até faltou uma homenagem ao Lupi, aqui. Porque o Lupi sofreu uma campanha tão grande quanto sofreu Vargas, proporcionalmente. O Jango, que queria fazer uma reforma, foi deposto. E o Lupi, que avançou no Ministério do Trabalho, foi agora.

“Eu recebo todo dia, lá, um batalhão de gente. E eu constatei: olha, nós tivemos alguns ministros do Trabalho. Todos sindicatos e federações – tanto de empregados, como patronais – têm dito: “Olha, o Lupi foi um ministro com quem não tivemos problemas”.

“O Lupi deu visibilidade ao Partido.

“Desconfiem de mim, se eles não vierem para cima de mim (‘deve ter feito algum acerto… deve ter feito alguma acomodação…’). Porque todos aqueles que lutarem pela causa que defendemos vão sofrer: vão sofrer perseguição. Querem nos constranger, querem nos colocar contra a população, querem nos desmerecer.

“Está aí o Lupi, hoje, mais forte do que antes; mais respeitado do que era: Presidente do nosso Partido. O nosso Partido tem defeitos; defeitos todos nós temos; deficiência, mais ainda.

“É raro termos uma pessoa que tenha amor àquela causa como ele, que tenha dignidade e que saiba honrar o que tenha recebido. Ele não recebeu o Partido de qualquer um: ele recebeu o Partido do nosso maior líder, que foi o companheiro Leonel Brizola.

“Eu sou testemunha (eu pensei que Brizola ia dizer que era eu…). Brizola sabia que ia morrer, não é Lupi?. Ele sabia que ia morrer. Nos últimos três meses foi totalmente diferente na sua ação, no seu relacionamento conosco. E, durante este período, ele dizia “Maneca, precisamos preparar o Lupi para assumir o comando do Partido”. E o Lupi tem sabido honrar esta missão. E ele está fazendo o que devia fazer.

“Por isto, companheiros, me honra tudo isto. Me honra os nossos antepassados. Vamos respeitá-los, vamos glorificá-los.

“Como?

“Sendo verdadeiros militantes; escravos do Partido, da causa; e lutar juntos para que… não sei quando, mas, um dia nosso ideal triunfará – se for vontade da maioria do nosso povo construir um país igual, justo e solidário”.

OM – Apio Gomes/foto Vinicius Macedo